O BRT Norte-Sul, um corredor exclusivo de transporte coletivo que vai operar em Goiânia e Aparecida de Goiânia, deverá receber seus primeiros veículos no primeiro semestre de 2024 e será operada com ônibus elétricos, tal qual é o projeto para o Eixo Anhanguera. A Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC) decidiu nesta sexta-feira (27) que será implantado um consórcio específico operacional para gerir os dois corredores exclusivos da região metropolitana de Goiânia. O entendimento é que nos dois locais o serviço é semelhante, do tipo Bus Rapid Transit, e por isso devem ter o mesmo padrão de atendimento, orientações, frequências e qualidade.A Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), braço executor das deliberações do sistema coletivo, garantiu que, em reunião com a Prefeitura de Goiânia e consórcio responsável pelas obras do BRT Norte-Sul, o trecho entre os terminais Recanto do Bosque e Isidória vai ser entregue em dezembro deste ano e, em janeiro, serão iniciados os trâmites para dar início à operação. Os primeiros seis ônibus elétricos para operar no Eixo Anhanguera estão previstos para janeiro e outros cerca de 80 chegarão até junho do próximo ano.O presidente da CDTC, Adriano da Rocha Lima, também secretário Geral de Governo do Estado de Goiás, afirma que neste mesmo prazo serão comprados os veículos para o BRT Norte-Sul. As compras são feitas pelas concessionárias do sistema. Apesar da operação conjunta, a frota do BRT Norte-Sul não será de veículos articulados, como é no Eixão, mas sim de ônibus do tipo Padron (de 14 metros), mas com o sistema elétrico, que funciona com baterias alimentadas em subestações construídas em pontos estratégicos, com ar-condicionado e portas em ambos os lados para os usuários. O presidente da CMTC, Tarcísio Abreu, diz que mesmo com as diferenças entre os corredores, é positivo ter uma operação conjunta. “A filosofia será a mesma, são as grandes artérias do sistema, é importante ter essa dedicação”, avalia.Além disso, toda a frota do sistema deverá ser trocada por ônibus novos, mas nem todos elétricos, até julho de 2026. A reunião da CDTC desta sexta-feira (27) consolidou as determinações da Lei Complementar 187/2023, que autorizou a reorganização do sistema metropolitano. Desta forma, ficou confirmada a cisão do contrato de concessão em dois, em que um deles será para a operação do sistema e o outro, através de uma sociedade específica formada pelas concessionárias, para os investimentos. Isso ocorre porque a ideia do que vem sendo chamado de Nova RMTC é que as concessionárias também sejam responsáveis pela infraestrutura, que até então era por ações do poder público. Rocha Lima explica que, como a fonte de renda é apenas a tarifação do sistema, a divisão entre os contratos se dá a partir dos custos de operação e, o que sobrar, vai para o investimento.Neste novo contrato, o consórcio das concessionárias vai ser responsável também pelas obras de reforma dos cinco terminais e das 19 estações do Eixo Anhanguera. Havia uma previsão inicial de que os serviços fossem iniciados em outubro, mas a confirmação é de que as obras serão feitas a partir de dezembro deste ano e com estimativa para serem totalmente finalizadas em dezembro de 2024. No entanto, haverá uma evolução gradual, ou seja, os espaços vão sendo entregues assim que ficarem prontos. A expectativa é começar pelas três plataformas do Centro de Goiânia, entre a Alameda do Contorno e a Alameda dos Buritis, que é o espaço determinado pelo Projeto Centraliza, da Prefeitura de Goiânia. Haverá também prioridade para os terminais da Praça A, Praça da Bíblia e Dergo, que são os mais degradados do Eixão.Também passará a ficar a cargo do consórcio formado pelas concessionárias as reformas, substituições, construções e manutenções dos abrigos nos pontos de embarque e desembarque de toda a região metropolitana. A partir de janeiro, a RMTC deverá receber o material feito pela Oficina Consultores, empresa contratada para diagnosticar a demanda e oferta do sistema e também a situação dos abrigos dos pontos de ônibus. A previsão é que a renovação de todos os equipamentos demore cerca de 2 anos. Há atualmente 3.049 locais que serão substituídos ou reformados e 3.891 que precisam de implantação dos abrigos.A mudança na lógica do sistema, com maior rol de atribuições às concessionárias, terá um acréscimo estimado em 4% no valor do subsídio que é pago pelo poder público, dividido em 41,2% para o Estado, 41,2% para Goiânia, 9,4% para Aparecida de Goiânia e 8,2% para Senador Canedo. Assim, a tarifa técnica atualmente em R$ 7,58 deverá chegar a R$ 7,88. Porém, o usuário do sistema continuará pagando R$ 4,30 pela tarifa, enquanto a diferença é de responsabilidade do poder público.Lotação máxima será entre 4 e 5 passageiros por m²A Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC), em reunião nesta sexta-feira (27), determinou mudanças no padrão de qualidade desejado para o sistema metropolitano de Goiânia. Haverá uma cobrança para que os ônibus andem com, no máximo, entre 4 e 5 passageiros por metro quadrado no veículo. A exigência hoje é de que se tenha até 8 pessoas nesse mesmo espaço. A fiscalização será feita a partir de um sistema ITS, com câmeras de monitoramento em todos os ônibus.“É um sistema que já existe em parte no consórcio das empresas, mas nós vamos ampliar e sofisticar para conseguir ver isso e também por questão de segurança do passageiro”, afirmou o presidente da CDTC, Adriano da Rocha Lima. Também haverá estudo para definir um limite máximo no tempo de espera do passageiro nos entre-picos, com a expectativa de que não ultrapasse duas horas. A definição se dará para cada tipo de linha, se periférica ou central, por exemplo. A ideia agora é conseguir estruturar o sistema e dar o básico para o usuário e, só depois, implantar novos produtos, como o CityBus 3.0.