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Córrego Vaca Brava recebe obra para conter processo erosivo em Goiânia

Wildes Barbosa
Pedras são usadas em serviço da Prefeitura

GABRIELLA BRAGA

A Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) realiza obras para contenção de erosão no Córrego Vaca Brava, entre as avenidas T-9 e T-7, no Setor Bueno, na região Central de Goiânia. A intervenção teve início na última semana, no trecho localizado atrás da Igreja Videira, na T-7, com a colocação de pedras às margens do curso d’água. Agora, segue rumo à T-9, no perímetro localizado dentro do Clube Oásis. A expectativa é que dure mais 30 dias.

Conforme a pasta, o trabalho, que teve início no último dia 16, é para recuperação da erosão causada às margens do manancial, especialmente pelo forte fluxo de água durante as chuvas, “para evitar a degradação do córrego”. O serviço, chamado de enrocamento de pedras, consiste na colocação do material ao longo do curso d’água, que nasce no Parque Vaca Brava e desce até desaguar no Córrego Cascavel, no Setor Sol Nascente, a cerca de 3,5 quilômetros (km) de distância.

A intervenção, no entanto, será apenas no trecho entre as avenidas T-7 e T-9, de aproximadamente 1,2 km. Ao menos inicialmente. A assessoria da Seinfra aponta que teve vistoria no Cascavel e, portanto, deve haver obras “em breve” no local, também para recuperação de erosão. O POPULAR esteve na região onde a colocação de pedras está sendo feita, e constatou que em parte dos pontos já havia muros de gabião. A estrutura é utilizada para contenção das encostas de pedregulhos.

Na altura do Clube Oásis, a exemplo, um desses muros ameaçava desmoronar. No local, três tratores da Prefeitura estavam estacionados na tarde desta terça-feira (21). A reportagem não localizou funcionários no momento da visita. O presidente da entidade, Ramires Monteiro, explica que os servidores têm ido frequentemente. Conforme ele, a obra será responsável por conter a água, que descia rapidamente e chegava a inundar o espaço. “Não é obra específica do clube, é em todo o trecho. A água desce tudo aqui e vai parar na T-7”, explica.

Monteiro pontua ainda que, na forte chuva ocorrida no final da tarde desta terça-feira (21), a água invadiu a área do clube e inundou as quadras de beach tennis (tênis de praia), em um espaço alugado por uma escola do esporte, ao lado da T-9. “(A enxurrada) arrebentou o portão e inundou tudo. Vou ter de colocar meus funcionários para ajudar lá, e contratar outros também. Se não fosse a obra, seria pior”, comenta.

O homem explica ainda que, nos 60 anos de funcionamento do espaço, as gestões têm cobrado uma atuação da Prefeitura para solucionar o problema. O atendimento à demanda, conta, foi um envolvimento do clube e de várias empresas e moradores que convivem com os transtornos causados após as chuvas. Conforme ele, um condomínio logo abaixo da área, o Residencial Jardim Dei Fiori, também estava sofrendo com as inundações. “A água descia tão forte que fez um poço fundo ali”, conta, ao apontar para um ponto logo atrás do residencial.

Neste ponto específico, foram colocadas rochas grandes para barrar o escoamento rápido da água. Para ele, o objetivo é evitar que a água caia fortemente no local onde havia um buraco. “Com a obra não vai dar problema”, relata. A ideia após ser finalizada a intervenção é fazer o plantio de cerca de 300 mudas. “Vamos ganhar de empresários e da Prefeitura. E o que não der, vamos comprar”, diz.

A reportagem questionou à Seinfra o custo que está sendo gasto com as obras, mas não teve retorno até o fechamento desta matéria. A pasta diz apenas que é um trabalho “rotineiro”. O presidente do Clube Oásis disse, em vídeo publicado nas redes sociais, que, caso a obra fosse feita pela entidade, seria custaria cerca de R$ 1 milhão.

À reportagem, mencionou que não há recurso em caixa para a intervenção. Em outro momento, também pontuou que, mesmo que houvesse, não seria possível fazer interferência no local por ser uma área pública. Vale destacar que cursos d’água, mesmo que em propriedades privadas, são públicos.

Cimentado

O curso d’água onde estão sendo feitas obras é tomado por construções civis que, inclusive, impedem o livre trânsito dos transeuntes ao córrego. O manancial corta o clube ao meio. No local, para facilitar a travessia e interligar as áreas, foram feitas duas pontes sobre o leito.

No trecho da Igreja Videira, a reportagem só conseguiu acesso por meio de um lote vazio, onde os caminhões da Prefeitura faziam a retirada da terra e a colocação das pedras. A reporagem entrou em contato com a instituição religiosa para saber como foram as tratativas junto ao Paço, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria.

Em nota, a Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) municipal diz que “se manifestou favorável à realização de obra emergencial para correção do gabião do córrego Vaca Brava, entre as Avenidas T-7 e T-9, após inclusive relatório de vistoria da Defesa Civil”. Relata ainda que “foi necessária a retirada de vegetação para as obras, porém se tratando de área particular, a recomposição da vegetação será de responsabilidade do empreendimento.”

“A obra se faz necessária, tendo em vista a presença de erosão às margens do Córrego Vaca Brava que está avançando para dentro do terreno; trincas, rachaduras ou afundamentos de solo/piso, pois podem ser sinais de instabilidade do terreno e abalo de estrutura”, finaliza a nota da Amma.

Conforme o geógrafo e ambientalista Márcio Manoel Ferreira, o ideal seria uma mata ciliar de, no mínimo, 30 metros ao longo do curso d’água. “Aí não precisava fazer canalização, que é colocar concreto no fundo do leito do rio e nas margens. Tinham que ser naturais. Quando se coloca concreto, faz o solo ser impermeável. O ideal é ser permeável, a água penetra e vai para o lençol freático. Ao passo que se colocar concreto, os rios transbordam, pois a água não infiltra”, explica.

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