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Cavalcante quer abrir após 400 dias fechada

André Costa / O Popular
Cavalcante, no norte goiano, é conhecida pela comunidade kalunga no local e pelas belezas naturais

Em Cavalcante, município ao norte do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, no Nordeste de Goiás, o trade turístico lançou na última semana o movimento Juntos Somos + Fortes, com o objetivo de pressionar a administração para reabrir as atividades que movem a economia local, suspensas em razão do avanço da Covid-19. Em carta entregue ao prefeito Vilmar Kalunga, mais de 300 pessoas vinculadas ao turismo disseram que após 400 dias de paralisação, a situação de vulnerabilidade alimentar está insustentável.

Na sexta-feira (23), o prefeito recebeu líderes do movimento numa reunião que foi transmitida ao vivo pelas redes sociais. No encontro, Vilmar Kalunga prometeu reabrir todas atividades em 10 de maio, uma segunda-feira após o Dia das Mães. “Um fim de semana faz muita diferença para uma cidade turística. Muitas empresas já fecharam. A situação está insustentável”, diz Miriam Braga, proprietária de um hostel na cidade.

A empresária explica que o movimento, que reúne donos de bares, restaurantes, hotéis, guias, entre outros, está mobilizado tentando alterar a data de retomada das atividades para o dia 7, sexta-feira antes do Dia das Mães. “Muita gente tinha feito pacote. Estamos fazendo reembolso. Nosso receio é que o prefeito jogue essa data de reabertura ainda mais para a frente, mas já decidimos que vamos retomar de qualquer maneira no dia 10, independentemente do que definir a prefeitura.”

Cavalcante, que compõe a regional de Saúde Nordeste 1, está em situação de calamidade segundo o mapa de risco da Secretaria Estadual de Saúde. Os números deste domingo mostram que o município de cerca de 10 mil habitantes, está com 22 casos de Covid-19 ativos e outros 70 sob suspeita. Seis pessoas morreram em consequência da doença no município.

Secretária de Saúde de Cavalcante, Gessélia Batista Dias Fernandes diz que entende as reclamações, mas que sua obrigação é apresentar dados epidemiológicos. “As pessoas estão revoltadas e com razão porque as atividades estão paradas há mais de um ano. É preciso articular um planejamento para a retomada dos negócios, mas isso depende muito da conscientização dos comerciantes. Todos têm de fazer sua parte. Criamos a Patrulha Covid, que fiscaliza normas e orienta a população, e as denúncias não param de chegar.”

Sem estrutura para atender doentes graves – a cidade conta com apenas um leito de enfermaria -, Cavalcante precisa enviar para Hospitais de Campanha para Enfrentamento do Coronavírus (Hcamp) de Formosa e de Goiânia as pessoas acometidas com Covid-19. Uma realidade que contrasta com o arranjo turístico que anualmente recebe milhares de pessoas em busca dos atrativos naturais da região, em especial cachoeiras, parte delas no Sitio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga.

Na carta-manifesto, o trade turístico enfatiza que há mais de um ano desenvolve um plano de retomada. “Foram feitos investimentos para adequação aos protocolos, acreditando numa volta gradual que nunca chega. Muitos já faliram, muitos já entregaram seus pontos comerciais, muitos já mudaram da cidade, muitos não tem condições de pagar despesas básicas de água, luz e aluguel”, diz o documento. A vacinação com segunda dose da comunidade quilombola kalunga em Cavalcante foi concluída na sexta-feira (23). Um dos motivos alegados para a retomada das atividades. A cachoeira Santa Bárbara, que fica em território kalunga, é o principal atrativo da cidade.

Negócios abertos em Alto Paraíso

A 70 km de Cavalcante, Alto Paraíso de Goiás, o portal de entrada da Chapada dos Veadeiros, os negócios de turismo foram retomados com restrições. Bares e restaurantes podem funcionar até às 22 horas com capacidade limitada em 50%, mesmo percentual permitido para acessar os atrativos turísticos. Em hotéis e pousadas a ocupação está autorizada em 65%, conforme o secretário de Saúde e vice-prefeito, Fernando Couto.

Neste domingo, como informou o secretário, ninguém em Alto Paraíso de Goiás, que tem menos de 7 mil habitantes, estava internado para tratamento de Covid-19 e havia seis casos ativos e outros 11 suspeitos sob monitoramento da pasta da Saúde. Desde o início da pandemia 504 pessoas contraíram a doença. Dos seis óbitos registrados, quatro foram confirmados para Covid-19 e os outros dois ainda permanecem sob investigação. Fernando Couto disse que o Hospital Municipal está atendendo casos de Covid com bons resultados. A unidade conta com kit intubação. 

No município, toda a população acima de 60 anos já foi vacinada. O índice local de imunização, 18%, é um dos mais altos de Goiás e está acima da média do próprio estado. Alto Paraíso, um dos municípios que integra a regional de saúde Entorno Norte, também aparece em vermelho, o que significa calamidade, no mapa de risco para Covid-19. Mas o secretário acredita que a situação não seja tão ruim assim. “No distrito de São Jorge testamos toda a população e a maioria estava bem. Lá não teve morte.” 

Alok doa equipamento para refrigerar vacina a 2 municípios

Alto Paraíso de Goiás e Cavalcante são dois dos quatro municípios brasileiros que serão “apadrinhados” pelo DJ Alok dentro do movimento Unidos pela Vacina liderado pela empresária Luiza Helena Trajano. Na quinta-feira(22) o goiano, que já morou em Alto Paraíso, anunciou que vai doar equipamentos de refrigeração de vacinas para as duas localidades, além da cidade de Goiás e Ituberá (BA). Além de câmaras refrigeradas, o presente de Alok inclui termômetros digitais com mira a laser e via cabo, caixas térmicas e bobinas reutilizáveis. 

O movimento Unidos pela Vacina reúne empresários de todo o país num esforço para acelerar o plano nacional de imunização coordenado pelo governo federal. O objetivo é vacinar todos os brasileiros acima de 18 anos até setembro deste ano. Para isso o empresariado está atuando no cenário internacional com o objetivo de garantir a importação do imunizante e dotando os municípios de condições para a estocagem. 

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