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Cinco cidades em Goiás já fazem rodízio de água

Fábio Lima/O Popular
Residente no Setor Morada do Morro, em Senador Canedo, Ênio Rodrigues, de 74 anos, sofre com a crise hídrica

A crise hídrica formada em razão da baixa vazão nos mananciais na região Centro-Oeste já é responsável pela dificuldade no abastecimento de água em pelo menos cinco municípios de Goiás. Desde a última segunda-feira (13), as cidades de São Luiz do Norte, Goianésia e São Luís de Montes Belos são atendidas em sistema de rodízio pela Saneago. Além delas, a partir desta quinta-feira (16) o mesmo método será utilizado em Crixás. O problema também ocorre em Caldas Novas, cujo serviço é feito por uma companhia municipal, já há três semanas.

Tanto em São Luís de Montes Belos quanto em São Luiz do Norte, a justificativa da Saneago dada no informativo sobre a realização do rodízio é que o mesmo é necessário devido ao aumento no consumo pela população, o mesmo argumento se dá para Crixás. Já em relação a Goianésia, a companhia estatal alerta para o comprometimento do nível do Ribeirão Anda Só, que é o manancial que abastece o município. O baixo nível do Ribeirão Pirapitinga é o que causa o problema em Caldas Novas.

O diretor-presidente do Departamento Municipal de Águas e Esgotos de Caldas Novas (Demae), Rafael Marra, relata que falta investimento para melhorar a situação. “Não houve investimento nos últimos 20 anos para a captação de água de Caldas Novas. Precisamos de recursos financeiros para solucionar a falta de água da cidade”, afirma. No município da Região Sul do Estado, parte da cidade é abastecida pela manhã e o restante pela tarde. Já o rodízio pela Saneago nas demais quatro cidades é feito a partir das macrozonas locais.

“Foi realizado um planejamento em relação aos dias em que determinados grupos estarão abastecidos, os dias de desabastecimento e os dias de recuperação do sistema. Tudo de forma transparente, devidamente aprovado pelos entes reguladores, dialogado com as prefeituras e comunicando os clientes. As medidas poderão ser alteradas de acordo com a variação de vazão do manancial e, caso ocorra, serão antecipadamente informadas à população”, informa a companhia. A Saneago explicou ainda que as ações são necessárias devido “ao prolongamento da estiagem, drástica diminuição da umidade, chegando a 12%, e aumento do consumo de água”.

Também há registro de problemas no atendimento da população em Abadiânia e Senador Canedo, ambas de companhias municipais. Neste último caso, os moradores do Conjunto Morada do Morro têm ficado sem água. Gessivaldo Sepulvida Oliveira, de 62 anos, enfrenta fila e sol quente para buscar água todos os dias em uma das duas torneiras da prefeitura com um carrinho de mão carregando garrafas pet, garrafa térmica e galão de água. “Eu moro com minha mãe e minha irmã. Tenho problema de coluna e só eu que posso ir buscar água. Faço de três a quatro viagens com o carrinho de mão por dia pra conseguir água”.

Também morador da região Morada do Morro há 30 anos, Ênio Rodrigues Silva, de 74 anos, enfrenta a falta de água há seis dias. “Para tomar banho é a maior dificuldade. Tenho de pegar a água da piscina com o balde todos os dias.” A Agência de Saneamento de Senador Canedo (Sanesc) informa que está na fase final das obras do lago Bonsucesso, que aumenta em 20 vezes a capacidade de armazenamento de água. “Também está sendo finalizada a construção de mais 5 quilômetros de adutora e já se iniciou a construção dos novos reservatórios do Campo Trajano”, informa. A companhia completa que o problema no abastecimento ocorre devido aumento no uso nos feriados e finais de semana.

O alto consumo também é a explicação do Serviço de Abastecimento de Água e Esgoto (Saae) de Abadiânia para a falta de água em bairros mais periféricos. Quanto às demais cidades, ainda não há previsão da Saneago em aumentar a quantidade de municípios com a limitação no serviço. O Ministério Público do Estado de Goiás pediu a relação das cidades com maior riscona crise hídrica. Mas a companhia pediu até o próximo dia 20 para responder ao pedido.

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