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Cobertura vacinal tem crescimento tímido em Goiás

Fábio Lima
Embora o crescimento da cobertura vacinal em Goiás ainda seja pequeno, Secretaria Estadual da Saúde (SES) diz que há motivo para comemoração

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, comemorou na semana passada os “resultados vitoriosos” do Movimento Nacional pela Vacina, lançado em fevereiro com o objetivo de reverter a trajetória de queda das coberturas vacinais no Brasil registrada desde 2016. Dados preliminares, coletados até outubro, apontam que em nível nacional houve crescimento de aplicação de oito imunizantes do calendário infantil, mas em Goiás o aumento foi tímido até esta quinta-feira (21). A Secretaria Estadual da Saúde (SES) acredita que haverá um avanço maior à medida em que os municípios inserirem os dados na Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) e com a exigência da apresentação do certificado de vacinação no ato da matrícula para estudantes de 0 a 18 anos.

Para a gerente de Imunização da SES, Joice Kellen Dorneles, embora o crescimento da cobertura vacinal em Goiás ainda seja pequeno, há motivo para comemoração. “É um grande benefício porque há anos não tínhamos essa representatividade. Além das ações, houve uma mudança de comportamento da população em relação à vacinação.” Ela lembra que ainda existe uma adesão grande de pais e responsáveis de menores de dois anos ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), que possuem o hábito de levar as crianças aos postos de vacinação, entretanto, o mesmo não ocorre com os adolescentes. “Após a fase infantil, os pais deixam de levar os filhos para vacinar”.

A estratégia de ações regionalizadas definida pelo Movimento Nacional pela Vacina levou à melhora dos índices vacinais nos quatro cantos do País, segundo o MS. Todas as unidades da federação melhoraram os índices para a DTP (difteria, tétano e coqueluche) e em 26 estados aumentou a cobertura contra a poliomielite e da primeira dose da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola). Goiás, que está entre eles, elevou a cobertura desse imunizante em 2023 de 82,35% para 83,42%, em comparação a 2022. A vacinação contra febre amarela aumentou de 63,68% para 64,66%. Em ambos os casos, a meta do MS é de cobertura de 95%. Por outro lado, chama atenção a queda da cobertura da BCG em Goiás, de 79,64% para 63,83%.

Até 2022, os registros de vacinas de rotina eram inseridos em sistemas próprios de estados, municípios e do Distrito Federal e depois compilados para entrar no sistema do MS. Desde o início do ano, as informações estão sendo direcionadas para a RNDS, com doses aplicadas atreladas ao número do Cadastro de Pessoa Física (CPF), tornando a carteira digital de vacinação uma realidade. Quando todos os dados estiverem migrados, o cidadão poderá consultar a sua situação vacinal pelo ConecteSUS, como já ocorre com a vacina da Covid-19. A reestruturação impactou, em especial, o registro de doses de BCG e hepatite B, normalmente aplicadas em maternidades. Grande parte das milhares de doses de ambos os imunizantes ainda não foi contabilizada no cálculo da cobertura vacinal, o que explica a queda na cobertura vacinal de BCG em Goiás.

Joice acena que os números estão dentro do esperado e devem melhorar quando todos os dados dos municípios forem incluídos na RNDS. “Foi criada uma ferramenta para identificar as crianças e adolescentes em idade vacinal e ela já está implantada em 220 municípios. Essa ferramenta facilita a busca por parte dos agentes comunitários de saúde. Com ela identificamos os nomes, o endereço, o nome dos responsáveis e telefone. A gerente de Imunização lembra que também começam a ser colhidos os resultados das ações de microplanejamento nos municípios, financiadas pelo MS. Goiás recebeu mais de R$ 1 milhão.

Desde o lançamento do Movimento Nacional pela Vacinação, equipes do PNI percorreram o Brasil realizando oficinas junto às secretarias municipais de saúde buscando soluções para a realidade de cada local. Imunização extramuros, ampliação do horário das salas de vacinação e a busca ativa por não vacinados estão entre as ações. Para Joice, a ideia tem sido eficaz porque as equipes têm chegado a locais de difícil acesso. “O próprio Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Cosems) elogiou muito essa forma de trabalhar em parceria com o MS. Também estamos atuando em ações de vigilância em saúde nos municípios, co-financiadas pelo Estado. Acreditamos que vamos aumentar as coberturas vacinais.”

Impacto das matrículas na rede pública

Outro aspecto que deverá refletir positivamente no PNI, conforme Joice, é a extensão para 18 anos da obrigatoriedade de apresentação do cartão de vacinação no ato da matrícula em escolas públicas e privadas. Sancionada em agosto deste ano pelo governador Ronaldo Caiado, a Lei 22.243 alterou a norma anterior - Lei 19.519/2016 - que previa a exigência só para alunos da educação infantil e da primeira etapa do ensino fundamental. Os dados da SES-GO ainda não contemplam o período de matrículas porque estão sendo inseridos de forma gradativa na RNDS.

Em 2024, vacina contra Covid-19 estará no PNI

Até o dia 31 de dezembro a vacina contra Covid-19 fica disponível nos postos de saúde de todo o estado para as pessoas que não completaram o esquema indicado pelo MS. Segundo a SES, além da vacina bivalente, foram distribuídas para todo o território goiano 40 mil doses do imunizante monovalente. Maiores de 18 anos que receberam duas doses da vacina, devem procurar os postos para uma dose de reforço da bivalente. Joice lembra que sub variantes do vírus que provoca a Covid-19 estão circulando no Brasil e fazendo vítimas. A cobertura vacinal para o imunizante bivalente está hoje em 12% em Goiás.

Em 2024, por definição do MS, a vacina contra Covid-19 deixa de ser alvo de campanhas para se tornar parte do PNI, do calendário fixo de vacinação em todo o País para crianças de seis meses a 5 anos e grupos prioritários, como idosos, imunocomprometidos, gestantes, puérperas e trabalhadores em saúde. “É bem semelhante à vacina contra a Influenza”, explica a gerente de Imunização. O esquema vacinal ainda será definido pelo MS.

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