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Comunicação afeta acesso a mamografia em Goiânia

Fábio Lima
Ilma Costa, de 58 anos, espera para fazer mamografia: ela tentou exame antes, mas aparelho estava quebrado

Das 33,3 mil mamografias de rastreamento agendadas pela rede pública de Saúde de Goiânia, em 2022, 4,1 mil (12,53%) não foram realizadas por conta da falta de comparecimento das mulheres. Elas são avisadas que o exame foi marcado por mensagens de texto, que às vezes passam despercebidas.

Superintendente de Gestão de Redes de Atenção à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Cynara Costa afirma que a pasta já trabalha para melhorar a comunicação. “Já estamos trabalhando no desenvolvimento de outras estratégias”, diz Cynara.

No caso de pessoas que têm dificuldade de acesso à tecnologia ou não possuem celular, o telefone da unidade de saúde onde ela se consultou ou de uma pessoa próxima é usado para avisar sobre o agendamento. “Nas áreas de cobertura da Saúde da Família, temos os agentes comunitários que vão até a casa dessas mulheres e informam sobre a data, local e horário do exame”, aponta a superintendente.

A SMS avalia a adesão de 87,47% do público como positiva, já que em 2018 somente 54% compareceu. No ano passado, a capital realizou 29,1 mil mamografias. Em Goiás, foram 101,3 mil.

Ligação gratuita

As usuárias da rede municipal de Saúde podem marcar consultas ligando no telefone 0800 646 156 ou mandando uma mensagem de WhatsApp para o número (62) 3524-6305. De acordo com a Prefeitura, as consultas são agendadas respeitando graus de prioridade. Nas áreas cobertas pelas equipes de Saúde da Família, as pessoas podem marcar as consultas nas próprias unidades de saúde.

Caso a mulher tenha o perfil adequado (idade superior a 50 anos), a solicitação do exame pode ser feita no sistema da Prefeitura após uma consulta com um médico ou enfermeiro. “Leva no máximo uma semana para conseguir o exame”.

Há dois anos, a dona de casa Ilma Maria da Costa, de 58 anos, se consultou na rede municipal de Saúde e recebeu um encaminhamento para o exame, mas conta que ele nunca foi marcado. Neste ano, ela conseguiu se consultar de novo e teve a mamografia agendada. Entretanto, quando chegou no local indicado para fazer o exame, o mamógrafo estava avariado. “Me pediram para retornar depois de cinco dias. Quando voltei lá, o aparelho ainda estava estragado”, relata.

Dias depois, Ilma ligou na unidade de saúde e foi informada que já havia passado o prazo de 30 dias desde o agendamento do exame e que ela teria de consultar novamente para acessar o serviço. “Então, desisti. Já estava me organizando para fazê-lo de forma particular”, conta. Ilma realizou a mamografia nesta quinta-feira (4), na Carreta da Prevenção, serviço da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO), no Hospital de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo) (leia mais abaixo).

Em Goiânia, 30% da população é atendida por planos de saúde. De acordo com a SMS, a capital possui 168 mil mulheres com mais de 50 anos que usam a rede pública de saúde.

 Exames da carreta ficam prontos em 10 dias úteis

O resultados das mamografias de rastreamento e exames citopatológicos que foram feitos na Carreta da Prevenção, serviço da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO), no Hospital de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo), devem ficar prontos em até 10 dias úteis. O atendimento será encerrado nesta sexta-feira (5) e acontece em três períodos, com a distribuição de 17 senhas por turno. 

A policlínica que realizou os exames por meio da carreta será responsável pela emissão dos laudos e encaminhamento das pacientes. Em caso de resultados dentro da normalidade, a orientação será para a mulher manter a rotina de prevenção na Atenção Primária e repetir os exames nos prazos adequados. Em caso de resultados com suspeita de alteração ou alterados, a policlínica fará a busca ativa e agendará consulta com especialista. Caso a mulher não queira realizar a consulta, ela terá de assinar um termo de recusa e se comprometerá a ir a um especialista de sua preferência.

A iniciativa, que começou em 24 de abril, sofreu com um tumulto na última semana. Ele foi gerado pela disseminação de uma notícia falsa sobre a baixa procura do serviço. Mesmo após a correção da informação, a demanda pelos exames no local continuou grande.

A SES-GO explicou que a procura não significa, necessariamente, uma deficiência na oferta dos serviços. “Historicamente há uma cultura de dificuldade no acesso à mamografia. Então, a mulher pode ter dificuldade para procurar uma unidade de saúde para ser direcionada ao exame. Quando ela é alcançada por uma ação de repercussão midiática, há maior adesão pela facilidade no acesso”, diz trecho de nota da SES-GO.

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