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Contágio da Covid-19 em Goiânia apresenta queda nos últimos dias de março

Dois indicadores - a taxa de contaminação e a de positividade dos testes - têm queda e animam técnicos da Prefeitura, que acreditam na redução da ocupação dos leitos de UTI

Modificado em 21/09/2024, 01:14

Contágio da Covid-19 em Goiânia apresenta queda nos últimos dias de março

Dois fatores levaram a Prefeitura de Goiânia a considerar o cenário epidemiológico da Covid-19 favorável para que fosse permitida a retomada das atividades econômicas não-essenciais, conforme decreto municipal 1.897, que estabeleceu a partir de 13 de março o revezamento 14x14 na capital.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirma que houve queda tanto na taxa de contágio (Re) como na de positividade dos testes para detectar a contaminação pelo coronavírus.

A taxa de contágio teria caído de 1,05 para 0,94 em uma semana, sendo que o resultado mais recente é de sexta-feira (26). Quando está abaixo de 1, a epidemia é considerada sob controle.

A queda confirma tendência percebida no mapa de calor de risco da Covid-19 desenvolvido pela Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), que desde 12 de março apresenta também redução na área onde Goiânia está inserida. A região Central -- que envolve a capital e outras 24 cidades - caiu de 1,40 no dia 12 de março para 1,28 no dia 19 e depois para 1,06 no dia 26.

Outro indicador usado para permitir a abertura dos estabelecimentos comerciais não-essenciais pelos próximos 14 dias a partir de quarta-feira (31) é a proporção de notificações positivas (positividade) em um determinado tempo.

De acordo com a SMS, esse índice caiu de 40% no dia 17 para 24% no dia 27. Ainda é alto, pois para a Organização Mundial de Saúde (OMS) a taxa deveria estar abaixo de 5% para se poder dizer que a epidemia está sob controle.

O superintendente de Vigilância em Saúde da SMS, Yves Mauro Ternes, vê como positivos esses indicadores. "É uma sinalização de queda na curva de transmissão", afirmou. Mas ele ressalta que a redução não ocorreu como esperado porque houve muitas pessoas que desrespeitaram as regras de restrições impostas pelos decretos municipais desde o início do mês.

Para Ternes, é possível que com estas duas taxas em queda a de ocupação dos leitos de UTI (que passou o mês acima de 95%) possa ficar abaixo de 80% nas próximas semanas, o que permitiria um maior controle sobre a epidemia e a manutenção do decreto municipal nos termos atuais.

Além da taxa de ocupação de leitos de UTI, outros dados não sinalizaram queda. Ternes diz que são indicadores mais demorados para reagir em relação ao momento em que as medidas restritivas são adotadas. O número de mortes, por exemplo, só deve começar a cair em abril.

O número de casos ativos, considerando os boletins epidemiológicos municipais, conforme levantamento feito pelo POPULAR, segue em alta. São pessoas que tiveram a contaminação verificada em testes e que estão dentro do intervalo de tempo considerado de risco para contágios. A média de casos subiu de 1.241 na primeira semana de março para 1.875 na terceira e se manteve praticamente estável na seguinte.

Mês mais fatal

Março já é também o mês com mais mortes pela Covid-19 em Goiás, sendo que os números ainda devem ser atualizados conforme o registro dos óbitos são consolidados e colocados no sistema. Geralmente isso demora até 15 dias para ocorrer. Mesmo assim, já foram notificadas 692 vidas perdidas neste mês contra 598 em agosto e 493 em julho, até então os meses mais violentos da pandemia.

Dos 10 dias com mais mortes durante a epidemia em Goiânia, 9 já são em março deste ano, sendo que o dia 15 foi o que registrou mais óbitos, 40. O dia 22 já registra 32 após apenas 7 dias de atualizações no sistema.

O número de pacientes internados em estado grave na rede municipal também segue crescendo. Passou de 220 em média na primeira semana de março para 272 na quarta, a mais alta desde o início da pandemia. O número de leitos disponibilizados no período aumentou 21%.

Já a média de pessoas internadas em leitos de enfermaria passou de 156 na primeira semana para 197 na terceira e caiu um pouco, para 193, na seguinte. Nesta segunda-feira (29) havia 197 novamente, segundo relatório divulgado ao meio-dia.

A superintendente de Regulação da SMS, Valéria Ghannam, diz que houve uma queda na demanda de leitos de UTI a partir do dia 24 e que também houve um acréscimo nos últimos dias de mais 10 leitos de UTI no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (UFG) no dia 26. "Esses fatores contribuíram para redução da demanda, conforme disponibilizado no site do Ministério Público e da SMS", disse.

Fiscalização

O coordenador da Central de Fiscalização contra a Covid-19 e diretor da Vigilância Sanitária de Goiânia, Jadson Tavares de Oliveira, diz que o decreto do revezamento teve uma resistência por parte dos comerciantes na primeira semana, o que exigiu maior atenção dos fiscais, mas que com o tempo foram diminuindo os flagrantes.

Mesmo assim, Jadson diz que ainda é possível encontrar comerciantes trabalhando com a porta "meio-fechada". "Eles deixam um recado na porta, o cliente vai, o trabalhador pega o ônibus para ir na loja trabalhar, e tem a aglomeração do mesmo jeito", lamentou.

Entretanto, na lista dos principais problemas encontrados pelos fiscais, segundo Jadson, estão as feiras livres e as distribuidoras de bebidas. Os feirantes estavam proibidos de trabalhar na segunda quinzena de março, mas tentavam burlar o decreto. "Como são várias feiras em um mesmo dia ficava difícil montar guarda em todos os locais. E a população ia, circulava, aglomerava", comentou.

Independentemente do decreto que esteja valendo, as festas clandestinas são a maior dor de cabeça para os fiscais, segundo o coordenador da Central de Fiscalização. Houve uma migração das chácaras para residências urbanas, mas o volume em que ocorrem é o mesmo durante todo o mês.

"Disparado é o que deu mais trabalho. Seja festa residencial ou em casas de evento. Muitas pessoas reunidas, agressivas, sem máscaras, resistem às abordagens", afirmou Jadson. É também o principal foco dos denunciantes.

O trabalho de fiscalização contra as festas clandestinas conta com o apoio da Polícia Militar. Jadson explica que em muitas delas os policiais encontram a presença de tráfico de drogas e que se suspeita que traficantes estejam se aproveitando da realização deste tipo de evento ilegal para facilitar o comércio de entorpecentes. "Eles alugam casas e promovem as festas. É quase todos os dias."

No fim de semana, ao anunciar que o período de suspensão das atividades seria prorrogado por mais dois dias, até quarta, para se adequar ao decreto estadual, o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) disse que havia "tendência de estabilidade de casos de Covid-19". A informação foi corroborada pelo titular da SMS, Durval Pedroso, que acrescentou que os indicadores permitem que "as pessoas possam trabalhar com segurança".

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Em Goiás, 845 mil ainda não tomaram nenhuma dose da vacina contra Covid-19

Quase três anos e meio após início da vacinação, SES-GO ainda trabalha para aumentar cobertura vacinal. Neste mês, Estado recebeu cerca de 86,4 mil doses do imunizante atualizado contra a doença

Modificado em 17/09/2024, 16:14

Início da aplicação da nova vacina contra a Covid-19 (monovalente XBB) no Central Municipal de Vacinação, no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia Na foto, geral da Central Municipal de Vacinação, no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia.

Início da aplicação da nova vacina contra a Covid-19 (monovalente XBB) no Central Municipal de Vacinação, no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia Na foto, geral da Central Municipal de Vacinação, no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia.
 (Wesley Costa)

Quase três anos e meio após o início da vacinação contra a Covid-19, Goiás ainda possui 845,8 mil pessoas que não tomaram nenhuma dose do imunizante contra a doença. Neste mês, o governo estadual recebeu cerca de 86,4 mil doses da nova vacina atualizada contra a Covid-19, a monovalente XBB, da farmacêutica americana Moderna, que protege contra as principais cepas em circulação hoje. Mesmo assim, a Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) ainda enfrenta desafios para aumentar a cobertura vacinal de alguns grupos, especialmente crianças.

A nova vacina está incluída no Calendário Nacional de Vacinação (para crianças de 6 meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias), além de ser indicada para grupos prioritários e pessoas que ainda não tomaram nenhuma dose do imunizante. Atualmente, a recomendação é de que pessoas que nunca se vacinaram contra a doença recebam apenas uma dose da vacina contra a Covid-19, sendo ela a monovalente XBB.

A superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim, acredita que notícias falsas relacionadas à vacinação, especialmente de crianças, ajudam a explicar o cenário de pessoas ainda desprotegidas. "Para superar esses obstáculos, nosso trabalho tem sido o de repassar a informação correta", esclarece.

Em Goiás, 6,3 milhões de pessoas acima de 5 anos tomaram pelo menos uma dose da vacina contra a Covid-19 até o primeiro trimestre de 2023. O dado é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os grupos que mais aderiram foram as mulheres e os idosos.

Flúvia chama atenção para o fato de que uma parte considerável dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), especialmente os que culminam em internações, ainda são causados por Covid-19. Neste ano, dos 3,2 mil casos de SRAG em Goiás, 15,5% são por Covid-19, enquanto a influenza é responsável por 9,5% até agora. "Não é uma doença do passado, é uma doença do presente", pondera.

Durante o lançamento da campanha Vacina Brasil, ocorrida nesta terça-feira (29), a imunologista e diretora médica de Vacinas da América Latina da Adium/Moderna, Glaucia Vespa, compartilhou do mesmo ponto de vista de Flúvia. "A emergência em saúde pública acabou, mas o vírus continua presente", avaliou. Glaucia também chamou atenção para a tecnologia da vacina, que é baseada no mRNA mensageiro. "Destaque pela eficácia e segurança", disse.

O infectologista e diretor científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alexandre Naime, pontua que a vacinação contra a Covid-19 não é benéfica só para prevenir quadros graves e mortes, mas também para evitar casos de Covid longa. "É quando o indivíduo permanece inflamado após o episódio agudo (da doença)", explica. Alguns dos principais sintomas são a fadiga e a confusão mental. Mulheres, idosos e portadores de comorbidades fazem parte do grupo de risco. "Como não estamos mais em emergência, é preciso entender que a fisiopatologia da doença está mudando. A melhor forma de se proteger é pela vacina."

Vacina

Na visão da superintendente de Vigilância em Saúde de Goiás, ter uma vacina como a monovalente XBB disponível representa um ganho para a população em termos de proteção. "É a que está mais atualizada no que diz respeito às cepas em circulação." O imunizante é conhecido como monovalente XBB por oferecer proteção contra a subvariante ômicron XBB 1.5, que circulou de forma intensa em Goiás em 2023. "Foi a que mais identificamos nos sequenciamento que fizemos", aponta Flúvia.

De acordo com a SES-GO, as mais de 80 mil doses de monovalente XBB recebidas do Ministério da Saúde já estão nos postos de saúde, que estão abastecidos e orientados sobre a aplicação do imunizante. "Temos a expertise. A forma de armazenamento é a mesma da Pfizer, de ultracongelamento", detalha Flúvia.

Idosos

Os idosos representam 65,1% das 28,5 mil mortes por Covid-19 ocorridas em Goiás até agora. Apesar de a cobertura vacinal do grupo ser mais satisfatória, Flúvia reforça que é importante que as pessoas com mais de 60 anos não se esqueçam de tomar o reforço de seis em seis meses. "Nunca deixou de ser um grupo de atenção da doença. Eles têm maior chance de agravamento e morte", avalia Flúvia.

A geriatra e presidente do Comitê de Imunização da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Maisa Kairalla, lembra que mesmo com boa saúde, os idosos sofrem com a imunossenescência, um processo de deterioração gradual do sistema imunológico que ocorre com o envelhecimento natural do organismo. Nesse contexto, ainda existem os idosos que possuem quadros agravados por condições crônicas ou uso de medicamentos. "Para envelhecer com saúde, um dos pilares fundamentais é a vacinação", comenta.

Crianças

Em Goiás, as crianças e adolescentes possuem a pior cobertura vacinal contra a Covid-19. A cobertura com duas doses entre aqueles de seis meses a quatro anos de idade é de apenas 12,7%. Apesar de as crianças não estarem entre aqueles que mais morrem, a superintendente de Vigilância em Saúde de Goiás destaca que é importante considerar que uma parcela delas tiveram pouco contato com o vírus e ainda não se vacinaram. "Principalmente aquelas que nasceram no pós-pandemia. Um aumento de casos não está descartado", esclarece Flúvia.

A pediatra e membro do departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), Flavia Almeida, corrobora as ideias de Flúvia e reforça que do ponto de vista de internação, aqueles com menos de um ano de idade ainda são um grupo importante. O cenário é preocupante, já que, em Goiás, apenas 10,3% daqueles com idade entre seis meses e dois anos tomaram duas doses da vacina contra a doença. Nesse sentido, Flavia explica que é imprescindível que o poder público continue fazendo um trabalho de comunicação e combate às notícias falsas junto aos pais e médicos. "Um trabalho de formiguinha", finaliza.

Geral

Suspeito de matar casal em oficina mecânica por acreditar que eles passaram Covid é preso

O crime ocorreu após o pai e o irmão do suspeito morrerem por complicações causadas pela doença

Modificado em 19/09/2024, 01:18

Vanderli dos Reis Santana, 27 anos, acreditava que as vítimas transmitiram Covid para seu pai e irmão, que morreram da doença no mesmo ano

Vanderli dos Reis Santana, 27 anos, acreditava que as vítimas transmitiram Covid para seu pai e irmão, que morreram da doença no mesmo ano (Polícia Civil/Divulgação)

Dois anos após o crime, a Polícia Militar (PM) prendeu, na noite de terça-feira (26), o homem indiciado pela morte de um casal e por ferir um jovem em Itumbiara, foragido desde 17 de outubro de 2021, quando ele se tornou o único suspeito do assassinato. Vanderli dos Reis Santana, de 27 anos, acreditava que as vítimas transmitiram Covid-19 para seu pai e irmão, que morreram da doença no mesmo ano. Como vingança, atirou pelo menos 19 vezes contra a família.

De acordo com o delegado do Grupo de Investigação de Homicídios (GIH), Felipe Sala, responsável pelo caso, Vanderli foi encontrado em um posto de gasolina em Uberaba, onde foi identificado, abordado e capturado pelo 4º batalhão da Polícia Militar.

"O inquérito já havia sido relatado quando ele havia sido indiciado pelos crimes de duplo homicídio qualificado e tentativa de homicídio qualificado. Então, ele já virou réu em ação penal. Já foi denunciado pelo Ministério Público", explica o delegado.

Quando o caso aconteceu, em 2021, o investigador relatou que a perícia encontrou no local do crime aproximadamente 19 cápsulas deflagradas, possivelmente de uma pistola calibre 380.

Já o carro que Vanderli dos Reis Santana utilizou no momento do crime, um GM/Corsa de cor cinza chumbo, identificado por câmeras de segurança, foi abandonado na cidade de Panamá, de acordo com o delegado Felipe Sala.

As vítimas, Flanklaber Silva e Silva, de 40 anos, e Marilia Silva e Silva, de 37, foram baleadas em uma oficina instalada em um galpão próximo do Estádio JK, em Itumbiara, onde a família trabalhava. O homem morreu no local, enquanto a mulher foi socorrida com vida, mas morreu a caminho do hospital.

O filho de Flanklaber, na ocasião com 21 anos, presenciou a cena e foi atingido na perna. O jovem passou por cirurgia no fêmur e, atualmente, está bem e voltou a morar em Itumbiara. A reportagem tentou contato, mas ele preferiu se manter anônimo por receio de represália.

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Goiás está entre os 5 estados com aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave

Médico infectologista explica que o tempo seco e baixa umidade que prevalecem no estado favorecem o aumento de problemas respiratórios

Modificado em 19/09/2024, 01:04

Médico infectologista recomenda que vacinas sejam mantidas em dia

Médico infectologista recomenda que vacinas sejam mantidas em dia
 (Fábio Lima)

Dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostram sinais de aumento nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em Goiás. Segundo a Fiocruz, a tendência para o número de casos, a longo prazo, é de crescimento.

O médico infectologista Boaventura Braz explica que a chamada SRAG compreende várias doenças e possibilidades de diagnósticos. Segundo ele, o tempo seco e baixa umidade que prevalecem no estado favorecem o aumento de problemas respiratórios.

"Quando estamos em momento em que temos ambiente muito seco, isso, de modo geral, já leva as pessoas a terem problemas respiratórios e facilita que sejam adquiridas doenças transmissíveis. Há vários vírus que são facilitados por esse processo de irritação que é provocado nas vias respiratórias. Podemos ter tanto aumento da própria influenza quanto de outros vírus

O especialista destaca que, neste período do ano, é imprescindível que os cuidados com a saúde sejam redobrados, principalmente com relação à hidratação e à vacinação. Segundo ele, no caso de idosos, o risco de doenças como a pneumonia aumenta.

"Tanto do ponto de vista de pessoas de mais idade, é importante redobrar os cuidados do ponto de vista das vacinas, ver se não está faltando vacina da gripe, pneumonia, contra a Covid. Tanto para essa faixa etária (60+), quanto para as demais, é essencial se hidratar de forma persistente e usar máscara sempre que possível, sobretudo em ambientes fechados", afirmou.

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Justiça determina que hospital indenize em R$ 78 mil família de técnica de enfermagem que morreu

No julgamento do recurso interposto pelo Hospital Evangélico Goiano, os desembargadores da Terceira Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região entenderam que houve acidente de trabalho

Modificado em 19/09/2024, 00:51

Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região

Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (Reprodução)

O Hospital Evangélico Goiano foi condenado a pagar indenização de R$ 78 mil por danos morais ao marido da técnica de enfermagem que morreu após contrair Covid-19, em Anápolis, a 55 quilômetros de Goiânia. No julgamento do recurso interposto pelo hospital, os desembargadores da Terceira Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região entenderam que houve acidente de trabalho, uma vez que a mulher atuava no atendimento a pacientes acometidos pelo vírus SARS-CoV-2 na unidade de saúde. A decisão cabe recurso.

Após ser condenado pelo juízo da 3ª Vara do Trabalho de Anápolis, o hospital recorreu ao tribunal. No recurso, a instituição alegou ter fornecido os equipamentos de proteção individuais (EPIs) e cursos de educação continuada para prevenir a contaminação dos trabalhadores pelo vírus.

O hospital afirmou também que, durante a pandemia, "foi uma unidade de saúde referência em boas práticas e implementação de medidas que visavam a preservação da saúde, higiene e segurança do trabalho, com baixíssimos índices de contaminação de colaboradores".

Por fim, o Hospital Evangélico pediu a exclusão da condenação, afirmando ainda que a técnica mantinha "vida social agitada em seu período de descanso", recebendo regularmente parentes e amigos no sítio da família, mesmo durante o auge da pandemia.

A relatora, desembargadora Wanda Ramos, manteve a sentença com base no fato de a técnica ter tido contato com pacientes da ala de trauma e com profissionais da ala clínica (atendimento Covid) durante a jornada de trabalho. "A falta de certeza da origem do contágio, como já dito, é irrelevante, haja vista que, como já mencionado, o nexo causal é estabelecido por disposição legal", afirmou.

A desembargadora também ressaltou que o fato de existirem provas testemunhais indicando que a técnica de enfermagem tinha uma vida social ativa no período de pandemia são frágeis, uma vez que as testemunhas não presenciaram tais reuniões sociais. "Ademais, o nexo causal presumido, o fato de a de cujus ter atuado na ré como técnica em enfermagem atendendo pacientes acometidos de Covid-19 tornam irrelevante a probabilidade de contaminação fora do trabalho", concluiu a relatora.

A reportagem entrou em contato com o Hospital Evangélico Goiano por e-mail, às 13h, solicitando um posicionamento acerca da decisão, mas não houve resposta até a última atualização desta matéria.