Mesmo com metade da extensão do BRT Norte-Sul em Goiânia e com estruturas menos complexas, as obras do Corredor T-7 na capital já são as mais atrasadas dentre os projetos para a mobilidade urbana. Já são 6 anos e 2 meses desde que elas foram iniciadas, cerca de 30 dias antes do BRT, e a previsão é que o corredor preferencial seja entregue cerca de 6 meses depois do exclusivo. Isso porque a gestão atual do Paço Municipal estima que a finalização do Corredor T-7, que tem 10,4 quilômetros de extensão, só seja entregue em meados de 2022. Para o BRT, que começou em março de 2015, a previsão atual é de entrega no final deste ano.A promessa inicial era que o projeto fosse implantado até o final de 2016. No entanto, hoje em dia o Corredor T-7 está com um total de 60% das obras estruturais prontas, o que inclui serviços de drenagem, pavimentação no lado direito das pistas, revitalização de calçadas e abrigos nos pontos de embarque e desembarque. Para se ter uma ideia, estão instalados atualmente 30 dos 57 abrigos ao longo do corredor. As novas estruturas são semelhantes às que existem no Corredor Universitário (Rua 10) e chegaram a ser inauguradas pelo ex-prefeito Iris Rezende (MDB) em dezembro do ano passado, com o mesmo quantitativo de abrigos que se tem hoje em dia.Um dos problemas alegado pelos técnicos da Prefeitura no ano passado pela demora na entrega da obra é por ela ser em ambiente urbano e conter a revitalização de calçadas o que, por muitas vezes, gera embate com os moradores. Isso porque o calçamento deve ser adequado à Lei de Calçadas acessíveis, feita em 2015, que obriga nivelamento e instalação de piso tátil. Até o final de 2020, a gestão municipal anterior informava que já estavam implantados, ao longo do Corredor T-7, 20.587 metros de calçadas com 447 rampas de acesso a cadeirantes e ainda 19.686,12 metros de piso tátil.Na última semana, um grupo de secretários municipais e os representantes da empresa responsável pela obra (Jofege Pavimentação e Construção Ltda) estiveram reunidos para destravar os problemas que impedem a finalização do corredor. O principal ponto, no entanto, não é a estrutura da obra, mas a tecnologia a ser utilizada na semaforização do trecho. De acordo com a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), no Corredor T-7 “está sendo feita uma reprogramação tecnológica porque a tecnologia projetada foi superada”.Até o fim de 2020, no entanto, os técnicos apontavam o projeto de “onda verde” pensado para o corredor como inovador para a cidade. Chegou-se a até mesmo a finalizar a instalação dos dutos para a implantação dos cabos de fibra óptica, que farão a conexão do sistema de monitoramento e semáforos inteligentes. A aquisição da tecnologia e dos equipamentos seriam em uma licitação a parte, até então de responsabilidade da Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade (SMT), hoje renomeada para Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM).Em geral, câmeras e sensores instalados 200 metros antes dos 37 pontos semaforizados detectariam o fluxo de veículos e de pedestres, por meio de contagem, e os dados seriam enviados para um controlador, que os repassaria para a central de semáforos. Esta seria capaz de liberar o sinal verde no ponto em que o fluxo estivesse maior, possibilitando uma maior trafegabilidade na região.O entendimento do Paço Municipal é que atualmente existe tecnologia capaz de orientar os semáforos automaticamente, sem precisar do repasse de dados e sem controladores, como é a proposta da gestão para o programa Cidade Inteligente.Pela Prefeitura, estiveram reunidos os secretários Fausto Sarmento (Infraestrutura), Arthur Bernardes de Miranda (Governo), Geraldo Lourenço (Finanças), Michel Afif Magul (Planejamento Urbano e Habitação), Aline Espírito Santo Ribeiro (Controladoria-Geral do Município) e Domingos Sávio Afonso (Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos).Não foi divulgada uma data para a solução do problema da tecnologia semafórica e nem qual seria a mudança no projeto do Corredor T-7.No programa Cidade Inteligente, o Paço avaliava a implantação de câmeras e semáforos capazes de orientar o fluxo do tráfego em toda uma região. Porém, no início da semana passada, o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) anunciou que a primeira “Rua Inteligente” na capital deve ser na Avenida 24 de Outubro, no Setor Campinas.Outros projetos ainda não saíram do papelLançados ainda pela gestão Paulo Garcia (PT) em 2014, os projetos de implantação dos corredores preferenciais de transporte coletivo seguem demanda do Plano Diretor de 2007. Na época, a gestão municipal anunciou obras para as avenidas 85, T-63, T-7, T-9, Independência e 24 de Outubro, que seguiriam as premissas do Corredor Universitário, implantado como projeto piloto em 2012. Foram feitas licitações para todos os projetos, mas só foi dada ordem de serviço para a implantação do Corredor T-7., sob o argumento de que não havia garantia de recebimento dos recursos federais para os demais corredores, que tinham projetos básicos já realizados.O processo licitatório do Corredor T-7 foi feito a parte, enquanto os demais estavam dento do Regime Diferenciado de Contratação Integrada (RDC). Os corredores 85 e T-63, por iniciativa da gestão, tiveram a demarcação das faixas preferenciais nas vias pelo lado direito e a proibição de estacionamento ao longo dos meio-fios, além da instalação de radares em alguns pontos das avenidas que também fiscalizariam o cumprimento das normas de uso do espaço para os ônibus. Ainda assim, as faixas não foram pavimentadas com pavimento rígido, que é melhor para os ônibus, nem foi feita a revitalização de calçadas, mobiliário urbano (abrigos dos pontos de embarque) e sinalização final do corredor. A ciclovia foi feita apenas na T-63, também em projeto próprio da gestão.No entanto, em 2017, já na gestão Iris Rezende (MDB), a Advocacia Geral da União (AGU) considerou os processos dos demais corredores como irregulares, tendo a licitação cancelada. Os projetos tiveram de ser todos refeitos e uma nova licitação para este fim foi lançada em 2019, excluindo a Avenida T-9 do projeto. Foram licitados a realização dos projetos dos corredores 85, T-63, Independência e 24 de Outubro, e posteriormente seriam feitos novos editais para a execução das obras. Em agosto de 2020, por outro lado, os processos licitatórios foram revogados pela gestão. A empresa Oficina – Engenheiros Consultores havia vencido os quatro processos, somando R$ 2,1 bilhões, e as demais concorrentes entraram com processos administrativos contra o resultado, levando à gestão a decidir pelo cancelamento de todas as licitações.-Imagem (1.2239588)