Geral

Corredores do transporte coletivo em Goiânia registram 220 multas por dia

Wildes Barbosa
Motorista é flagrado ao trafegar em faixa dedicada aos ônibus do transporte coletivo, na Avenida Universitária, no Setor Leste Universitário

Uma média de 220 multas por dia foi aplicada em Goiânia por uso indevido das faixas preferenciais do transporte coletivo nos três corredores com fiscalização eletrônica na capital entre janeiro e outubro deste ano. Isso ocorre mesmo depois de dez anos da implantação da primeira estrutura com as regras de preferência aos ônibus na cidade, em junho de 2012, com a instalação do Corredor Universitário, um trecho de 2,5 quilômetros (km) entre a Praça Cívica, no Setor Central, e o terminal Praça da Bíblia, no Setor Leste Universitário. Esse corredor, inclusive, ainda é onde mais ocorre o uso indevido das faixas, com média diária de 143 ocorrências neste ano.

Os números deste ano já são maiores do que os registrados em 2021, quando a média diária de infrações registradas foi de 178, ou seja, 32 a menos do que neste ano por dia. No total, a quantidade de infrações aumentou em 23,9%, ao sair de 54.213 para 67.172, apenas levando em conta o uso irregular das faixas preferenciais do transporte coletivo. Também no ano passado, o Corredor Universitário foi onde mais se captou invasões de motoristas no espaço destinado aos ônibus, com um total de 32.545 multas aplicadas contra as 43.605 entre janeiro e outubro deste ano, ou seja, uma alta de 34%. Válido ressaltar, no entanto, que o trecho é também onde se tem maior fiscalização, com os 35 equipamentos eletrônicos que verificam o espaço.

Para o titular da Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM), Horácio Mello, o aumento das infrações no Corredor Universitário assusta. “Não faz muito sentido ter este tanto de infração mesmo neste corredor, que está tendo uso indevido mesmo”, afirma. Segundo ele, campanhas educativas que elucidam como os corredores devem ser utilizados sempre são bem-vindas e fundamentais. “Mesmo que já faça parte do cotidiano de Goiânia há dez anos, sempre surgem novos motoristas, pessoas de fora da cidade, então sempre precisa e não só em uma época específica”, avalia Mello.

Ele ressalta, por outro lado, que entre 2021 e 2022 houve um aumento do uso viário na capital devido ao fim das restrições de movimentação impostas como medidas sanitárias para o combate à pandemia da Covid-19. O secretário analisa ainda que deve-se levar em conta o aumento da frota a cada ano, estimado em cerca de 8% na região metropolitana de Goiânia, o que também contribui com a elevação da quantidade de infrações registradas no geral. Segundo o coordenador do Mova-Se:Fórum de Mobilidade, Miguel Ângelo Pricinote, a impressão pessoal dele é de que tem ocorrido respeito às faixas, sendo necessário fazer um levantamento de multas em um maior período de tempo.

Comparação

Para se ter uma ideia, entre janeiro e maio de 2015, três anos após a sua implantação, a média diária de infrações por uso indevido das faixas preferenciais no Corredor Universitário foi de apenas 79. Ou seja, sete anos depois, o mau uso aumentou em 81%. Nos demais corredores, onde há atualmente 19 radares ao longo do Corredor 85, que foi instalado em 2014, e outros 20 na Avenida T-63, que iniciou o funcionamento da faixa preferencial no fim de 2013, o número de infrações verificadas por mau uso do corredor neste ano estão em uma média de 41 por dia na 85 e 35 a cada 24 horas na Avenida T-63.

Observa-se um aumento de mau uso com relação à T-63, na comparação com 2021, quando se obteve 7.823 registros ante os 10.847 deste ano. Já no Corredor 85, os números de 2022 são de 12.720 multas, o que é menor do que as 13.845 do mesmo período do ano anterior. Por outro lado, com relação aos cinco primeiros meses de 2015, os números mostram uma melhoria, pois no Corredor 85 havia uma média diária de 79 multas a motoristas ocupando as faixas dos ônibus por mais de uma quadra sem realizar conversões, enquanto que no Corredor T-63 esta média era de 63 infrações verificadas à época.

Pricinote avalia que, uma década depois de implantados, resta a certeza de que os corredores preferenciais concedem maior fluidez aos ônibus, mas eles devem ser implantados dentro do Plano de Mobilidade, com os objetivos. “Na Avenida T-63 é interessante, mas é uma via que não é muito densa para o transporte coletivo, já na 85, que tem muitas linhas de ônibus, já não foi interessante”, diz ele ao lembrar da existência de dois viadutos que impedem a continuidade das faixas e também das outras vias sem corredores que chegam até a 85 e impedem a continuidade da fluidez.

O secretário Horácio Mello confirma que a administração do Paço Municipal tem a convicção de que os corredores de ônibus são fundamentais para a política de mobilidade urbana na cidade, mesmo que a implantação sempre tenha causado problemas para a gestão, especialmente com a reclamação de comerciantes por perderem vagas de estacionamento nas ruas em frente aos empreendimentos. “Em 2023, após o período de chuvas, vamos terminar de fazer o Corredor T-7 e manter a melhoria dos corredores, como na Avenida Anhanguera e o BRT Norte-Sul. Também vamos ter outros, como da Avenida Mutirão, 24 de Outubro, Independência e T-9”, reforça. Ele lembra que também serão implantados equipamentos nos corredores para verificar a velocidade dos ônibus, em busca de manter as mesmas sempre acima de 15 quilômetros por hora (km/h).

Comentários
Os comentários publicados aqui não representam a opinião do jornal e são de total responsabilidade de seus autores.
ANUNCIE AQUI