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Desobediência e agressividade nem sempre são sinais de criança mimada

A criança não obedece aos pais, não interage com adultos, tem comportamento hostil e ainda apresenta agressividade. Pode até parecer comportamento de alguém ‘mimado’, mas segundo a psicóloga Renata de Moura Guedes estes comportamentos de ‘má criação’ podem estar ligados ao Transtorno Desafiador de Oposição (TDO).

Ainda pouco conhecido o TDO gera angústia e dificuldade no gerenciamento da rotina diária e das crianças e de seus próprios sentimentos. Segundo Guedes, é normal a criança ter algum tipo de comportamento irregular durante a infância, mas exageros devem ser monitorados.

Gudes afirma que os pais de pacientes com o transtorno tendem a ser cobrados para que eduquem direito seus filhos. “Isso acaba fazendo com que os pais briguem muito com as crianças e esqueçam que além de impor regras e limites, as crianças também precisam de atenção positiva”, ressalta.

Os primeiros sinais do transtorno surgem, por volta, dos quatro anos e se não tratado devidamente pode trazer danos para toda vida.  

A psicóloga preparou um guia para os leitores do ‘Meu Daqui’ sobre a doença.

Confira:

Como identificar se a criança tem Transtorno Desafiador de Oposição (TDO)?

Os pais devem ficar atentos aos comportamentos de seus filhos. As características mais comuns são:

  • Perde a calma com frequência
  • Sente-se incomodado frequentemente
  • Questiona frequentemente Figuras de Autoridade (pais, professores, avós)
  • Desafia ou se recusa a obedecer regras ou pedidos de Figuras de Autoridade
  • Frequentemente incomoda outras pessoas
  • Culpa outras pessoas por seus erros ou mau comportamento
  • É malvado ou vingativo

Para desconfiar que a criança tem o diagnóstico e que não é só uma fase ou birra, os pais devem identificar os filhos em pelo menos quatro dos itens citados acima, esses sintomas devem persistir por pelo menos seis meses.

Em qual idade o transtorno pode aparecer?

Os primeiros sintomas surgem durante os anos de pré-escola (4 ou 5 anos), raramente aparecem após o início da adolescência.

Caso não seja identificado ou o tratamento iniciado, quais são as consequências para a criança?

Se não diagnosticado e tratado, o Transtorno Desafiador de Oposição pode evoluir para Transtorno de Conduta (TC). Adolescentes diagnosticados com TC frequentemente agridem pessoas e animais, envolvem-se em brigas, em destruição de propriedade alheia, furtos, fogem de casa e não comparecem à aula.

Como pode ser a fase adulta?

Geralmente, crianças com TDO se tornam adultos que não ficam muito tempo no mesmo trabalho pela dificuldade em aceitar ordens ou seguir normas e nos relacionamentos interpessoais, não conseguem expressar sentimentos adequadamente, não assumem responsabilidade pelos fracassos ou comportamentos inadequados, o que torna o relacionamento desgastante e conflituoso.

Quais são os meios de tratamento?

O tratamento deve ser multidisciplinar, ou seja, o paciente deve ser acompanhado por uma equipe que envolve acompanhamento médico sistemático (neuropediatra ou psiquiatra da infância e adolescência), psicoterapia (deve ser feita por psicólogos especializados) e atividade física, preferencialmente coletiva, dessa forma tem-se um bom prognóstico.

O treinamento de pais também é fundamental para o tratamento porque promove mudanças dentro do ambiente doméstico e visa melhorar também as habilidades de comunicação e as interações familiares.

Como os pais podem lidar com esse comportamento sem obstruir a liberdade dos filhos?

Os pais devem:

  • Estabelecer uma rotina diária (horário para acordar, tomar café, almoçar, fazer as atividades da escola, estudar, brincar, tomar banho, dormir) para os filhos, a rotina é o primeiro contato da criança com regras. 
  • Estabelecer normas claras, ser coerente e firme em relação às mesmas (isso evita que a criança fique sem saber como agir, ou ainda sem saber exatamente o que está sendo exigido dela).
  • Adotar e seguir as mesmas regras, não adianta a mãe dizer “não” e o pai permitir logo em seguida.
  • Reforçar positivamente (parabenizar, elogiar, abraçar) os comportamentos adequados das crianças.
  • Evitar um estilo de educação muito permissivo (impor limites e regras e cumpri-los). A explicação e regras adotadas devem ser fornecidas sempre antes do evento.
  • Procurar ajuda profissional para obter orientação adequada quando tiverem dúvidas em relação a como agir com os filhos.
Reprodução / Youtube
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