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Empresário Tatico e filho são presos em operação que apura fraude para posse de fazendas

Divulgação/Polícia Civil do Distrito Federal
Grupo é suspeito de, entre 2014 e 2020, falsificar e usar documentos falsos junto a cartórios no Distrito Federal, com o objetivo de se tornar proprietário de grandes fazendas em Goiás

Atualizada às 11h31

O empresário José Fuscaldi Cesilio, o José Tatico, de 81 anos, foi preso temporariamente na Operação Looping 2, deflagrada pela Polícia Federal do Distrito Federal (PC-DF). Um filho do ex-deputado, Alessandro José Cesílio, também estava entre os detidos na investigação que apura organização criminosa que fraudava documentos públicos para tomar posse de fazendas. José Tatico foi preso em Santo Antônio do Descoberto, onde tem uma propriedade. 

Advogado de pai e filho, Frederico Sardinha detalha que os dois, presos no início da manhã desta terça, foram soltos pouco após as 11 horas da manhã. Ele informa que, após o depoimento de José Tatico, "foi constatado que eles também são vítimas, posto que adquirentes de boa fé". O advogado acrescenta que, diante disso, foram liberados. Nesse caso, segundo explica, foi utilizado o instituto da prisão temporária para averiguação dos fatos.

Atuação do grupo

O delegado Wisllei Salomão detalha que o grupo investigado, além de empresários, tem um advogado e um antigo tabelião do cartório de notas e registro civil de Limeira (MG). Eles são apontados como falsificadores de documentos, entre eles uma certidão para validar a invasão de uma expressiva área pública, dada como garantia de um empréstimo.

De acordo com o delegado, esse antigo tabelião foi afastado do cartório que atuava por irregularidades em 2015. Na época a suspeita era semelhante à praticada atualmente, quando ele produziu outra procuração falsa, usada em 2016, em cartório do Distrito Federal, para transferir uma segunda fazenda, localizada em Mimoso/GO, pertencente a um espólio e avaliada em aproximadamente R$ 10 milhões.

Outras fraudes

As investigações, em seguida, apontaram que o mesmo grupo lavrou outra procuração, com uso de documentos falsos, em Dom Bosco (MG), para a lavratura de escritura de compra e venda falsa de uma terceira fazenda, também localizada em Mimoso (GO), avaliada em R$ 15 milhões, aproveitando-se do fato de os verdadeiros proprietários serem idosos e em grave estado de saúde.

Crimes

O delegado Wisllei Salomão informou que os investigados, dentre eles empresários, um ceo de um escritório de advocacia, um antigo tabelião do cartório de Limeira (MG) e um tabelião titular do cartório de notas e registro de imóveis de Mimoso (GO), que acumula ilegalmente o cargo de servidor público federal no Distrito Federal, responderão pelos crimes de falsidade ideológica, falsificação de documentos, uso de documentos falsos, esbulho possessório e associação criminosa.

Looping 2

A PC-DF informou que as investigações desta segunda fase tiveram início em janeiro deste ano, logo após a realização da primeira fase da Operação Looping, deflagrada pela delegacia especializada. Na época, apurou-se que um grupo criminoso vinha fraudando os documentos.

Nesta segunda fase, deflagrada nesta terça (21), foram cumpridos sete mandados de prisão temporária e 11 mandados de busca e apreensão expedidos pelos juízes criminais de Taguatinga, Gama, Lago Sul, Vicente Pires, Águas Claras, SIG e Guará, e cidades do estado de Goiás: Goiânia, Padre Bernardo, Mimoso e Águas Lindas

Defesa

O advogado de defesa do empresário José Tatico e de seu filho, Frederico Sardinha afirma que os dois são vítimas da quadrilha que realizou as fraudes e que a fazenda de Tatico foi adquirida de maneira legal, sendo paga e transferida de maneira autêntica.

Confira a íntegra da nota:

No tocante à denúncia veiculada na imprensa na data de hoje (21/06/22), cumpre esclarecer que não se trata da realidade, tendo em vista que o empresário (também idoso) e seu filho também foram vítimas da quadrilha que gerou essa operação.

Esclarecemos que a fazenda mencionada, foi adquirida legalmente de boa-fé, tendo sido pagas dentro do cartório, e transferidas e registrada no ato; sendo que esses documentos gozam de presunção de autenticidade, e, portanto, não foi possível verificar a fraude praticada pelos reais responsáveis pela prática irregular.

Ressalta-se que a presente operação busca apenas a prestação de esclarecimentos sobre a investigação, e que estão a disposição para contribuir com as autoridades competentes e demonstrar a realidade dos fatos.

Cumpre mencionar quanto aos fatos, não há nenhuma ligação com o exercício de suas atividades empresárias.

Sem mais para o momento, atenciosamente.

Frederico Sardinha - advogado

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