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Entre 36 bairros de Goiânia listados em 2011, 18 ainda estão sem asfalto

Diomício Gomes/O Popular

Entre os 36 bairros listados pela Prefeitura de Goiânia ainda em 2011 como os únicos sem asfalto, apenas 8 receberam o benefício, e todos eles entre 2018 e este ano. Outros três setores (Sítio de Recreio Caraíbas, Residencial Santa Efigênia e Jardim Novo Petrópolis) entraram na lista e outro foi desmembrado, formando o Shangri-lá I e Shangri-lá II. Em 14, as obras estão em andamento. Assim, dez anos depois da listagem, a capital conta hoje com pelo menos 18 bairros regulares e sem a pavimentação asfáltica, um dos requisitos básicos para a vida nas cidades.

Proprietário de uma ferragista na Rua SH-03 no Residencial Shangri-lá I, João Ribeiro Cardoso é morador do bairro há 7 anos e em todos eles, segundo conta, escuta a promessa de que o asfalto chegará ao setor. “Sempre falam, em ano de eleições aparecem mais prometendo, tanto candidatos a vereador quanto a deputado e prefeito”, relata. Neste período, Cardoso viu o Paço Municipal asfaltar dois setores próximos: o Condomínio Shangri-lá e o Residencial Paraíso. “Quando fizeram o asfalto no vizinho, fizeram o serviço de drenagem daqui, mas ficou só nisso, e passando as máquinas fazendo poeira aqui.”

Quando a gestão Iris Rezende (MDB) deixou a administração com o seu então vice-prefeito, Paulo Garcia (PT), em 2010, o compromisso era de que todas as ruas de Goiânia estivessem asfaltadas, o que não ocorreu. O petista ainda finalizou as obras que estavam em andamento e a partir de 2011 restaram os 36 setores, que tinham sido criados ainda antes da obrigação que se tem hoje para que os loteadores entreguem os bairros já com os serviços de drenagem e pavimentação realizados. No entanto, locais de extensão dos setores já antigos ou regularizados pela Prefeitura o serviço deve ser feito com recursos públicos.

Com a volta de Iris em 2017, a administração voltou a prometer que todos os bairros que restavam na lista seriam pavimentados. Em 2020, no entanto, a promessa era entregar a gestão para o sucessor com 16 setores que constavam na lista com o asfalto, mas o serviço foi realizado em oito, além de finalizar outro bairro que não estava entre os que ficaram sem o benefício, o Jardim Colorado, que restavam poucas ruas sem a pavimentação. Assim mesmo, a conclusão em alguns bairros ocorreu já em 2021, na gestão Rogério Cruz (Republicanos).

O empresário morador do Shangri-lá I, na Região Norte de Goiânia, conta que morar em um bairro sem asfalto é ter problema o ano inteiro. “Na época das chuvas é muita lama, fica muito carro atolado. Neste ano tive que ajudar a desatolar dois caminhões. Já na época da seca, é muita poeira. É lavar o carro e já sujar de novo, limpa o comércio e já suja de novo. Temos sempre que ficar limpando, embalando os produtos para não deixar pegar poeira”, afirma Cardoso. Outro problema que ele relata é também relacionado ao serviço público, já que nas ruas sem pavimentação não há a movimentação de ônibus do transporte coletivo metropolitano.

Em Goiânia, os bairros sem asfalto são todos nas periferias da cidade, especialmente nas regiões Norte e Noroeste. Apenas um se encontra na Região Sudoeste, o Residencial Privê das Oliveiras, localizado na saída para Abadia de Goiás. Nas mesmas regiões estão localizados os bairros asfaltados nos últimos três anos e aqueles que estão com obras em andamento. Ao todo, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) considera que 16 bairros estão com obras em andamento. No entanto, estão na lista as obras de pavimentação nos Residenciais Antônio Barbosa e Shangri-lá I e II.

A reportagem do POPULAR, porém, citou os três bairros acima entre os setores ainda sem asfalto, isso porque as licitações para contratações das empresas responsáveis foram efetivadas, mas as obras ainda não foram iniciadas. No caso do Shangri-lá I, as obras devem começar neste mês, mas é possível que as mesmas não sejam concluídas antes das chuvas deste ano.

Cerca de 9 mil pessoas em Goiânia prejudicadas por situação das vias

Cerca de 3 mil residências estão nos bairros de Goiânia que não possuem asfalto, em lista elaborada desde 2011 e que apenas parte teve o benefício, todos nos últimos 3 anos. No entanto, a estimativa é que a situação prejudique cerca de 9 mil pessoas por conviverem com a poeira ou a lama e muitas vezes com a falta de rede de drenagem e de esgoto. 

estimativa foi feita pela reportagem com base nos imóveis cadastrados da Secretaria Municipal de Finanças (Sefin) para fins de cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e considerou apenas os setores da capital que não tiveram obras de pavimentação finalizadas. 

Há bairros na capital, no entanto, em que as obras ainda estão em andamento ou que possuem o asfalto em apenas parte das ruas, como é a situação atual dos setores Orlando de Moraes e Antônio Carlos Pires, ambos na Região Norte, o que elevaria ainda mais o número de moradias em Goiânia que não possuem asfaltamento e calçadas.

Paço pretende finalizar lista

O titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra), Fausto Sarmento, garante que a gestão da Prefeitura de Goiânia pretende asfaltar todos os bairros da capital que ainda não possuem o benefício. “Nosso objetivo é asfaltar todos esses bairros, até pelo esgotamento, já que temos cada vez mais áreas não pavimentadas e esses locais têm um custo alto, não só de manutenção, que é grande, mas também político”, garante.
Sarmento afirma que a ideia da gestão é ir pavimentando os bairros aos poucos, mas primeiro é necessário finalizar o que já está em andamento.

“Vamos terminar primeiro as obras que foram deixadas pela gestão anterior, essa é a prioridade no momento. Ainda estamos com essa política. Algumas já estão andamento, outras já foram finalizadas e outras estão finalizando, umas já possuem licitação, então vamos fazendo”, conta o secretário, que ressalta o fato de alguns serviços terem de ser paralisados com o começo do período chuvoso.

Ele lembra que as obras de pavimentação devem ser precedidas de outras que, muitas vezes, são mais dispendiosas e trabalhosas, como a construção das galerias pluviais e da rede de esgoto. “A gente só faz as obras depois das galerias, porque se não vai ter que pavimentar e depois cortar o asfalto para fazer o esgoto e a drenagem, não dá para fazer isso. Muitas vezes demora porque tem que fazer esse serviço antes.” 

Ruas inabitadas ficam de fora

O secretário da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra), Fausto Sarmento, afirma que as ruas que não possuem quaisquer imóveis edificados não receberão o serviço de pavimentação asfáltica, mesmo sendo parte dos bairros que terão o trabalho realizado. “É um acordo que temos com o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) até para não gastar dinheiro à toa e nem mesmo fomentar a especulação. Tem muita gente que comprou o lote e está esperando o asfalto para construir ou para vender depois que valorizar, mas não faz sentido a gente gastar dinheiro para fazer o asfalto e ninguém usar, é desperdício”, diz.

Segundo Sarmento, há vários bairros da lista da Seinfra que possuem algumas vias sem nenhuma casa. “A maior parte são aquelas mais distantes, já na ponta do bairro.” O secretário afirma que as licitações para as pavimentações dos bairros que não tiveram o serviço iniciado devem ocorrer em breve, mas sem precisar uma data. “Estamos acertando quais bairros junto ao prefeito.”

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