Quem circula pelas estações do Eixo Anhanguera, em Goiânia, cruza com acessibilidade reduzida, corrimões enferrujados, estruturas bambas, além de coberturas despedaçadas e cheias de goteiras. De acordo com o RedeMob Consórcio, as estruturas não recebem intervenções há mais de 20 anos. A previsão é de que o projeto arquitetônico para revitalização dos equipamentos de transporte do Eixo seja entregue à Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC) em maio deste ano.A reportagem transitou por seis estações do Eixo ao longo da tarde desta segunda-feira (27) e reclamações sobre as más condições estruturais foram uma unanimidade. As portas de acesso de cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida estavam trancadas e, no momento em que a reportagem visitou as estações, nenhuma delas contava com funcionários do consórcio administrador.A Estação Cascavel, na Granja Santos Dumont, é uma das que estão com a estrutura bastante precária. Além de enferrujada, a cobertura está despedaçada em vários pontos. O cuidador de idosos Valter Pereira, de 37 anos, desembarca no local diariamente para estudar em uma instituição nas proximidades da estação. “Depois das 20 horas, as luzes ficam bem fracas. É um perigo. Morro de medo quando saio do meu curso, às 22 horas. Várias amigas já foram assaltadas aqui”, explica.A ambulante Rebecca Ribeiro, de 35 anos, transita pelo Eixo o dia todo. Ela aponta que em algumas estações é perigoso se apoiar nos corrimões, pois eles estão soltos. “Estão todos muito velhos e quebrados”, diz. A manicure Lucislei de Lima, de 50 anos, relata que recentemente ficou ensopada depois de procurar uma estação do Eixo para se abrigar durante uma chuva. “Foi um horror. A sensação era de que as goteiras e buracos na cobertura iam fazer ela desmoronar em cima da gente”, conta.CDTCReportagem publicada nesta segunda mostrou que o governo estadual irá rever pontos do edital cujo objeto é a locação de 114 ônibus elétricos para a operação no Eixo Anhanguera, pela concessionária Metrobus, depois que não apareceram interessados no processo licitatório aberto nesta segunda-feira (27). Ainda não há uma data prevista para a divulgação da nova licitação, mas há previsão de que isso ocorra ainda em abril para a abertura das propostas no mesmo mês ou no máximo no início de maio.Em paralelo, a previsão da CDTC é que, em maio deste ano, o consórcio administrador entregue o projeto arquitetônico, o termo de referência e o orçamento para a revitalização dos equipamentos de transporte do Eixo. Entretanto, o secretário-geral da Governadoria e presidente da CDTC, Adriano da Rocha Lima, diz que os procedimentos estão acontecendo com celeridade e que o prazo pode ser adiantado.“Devemos iniciar as obras no segundo semestre de 2023. A grande dificuldade dessa intervenção é que o Eixo não pode parar. Até o fim do ano devemos ter estações que vão conseguir operar, ao mesmo tempo, com os veículos que temos hoje e com os ônibus rebaixados. Em 2023, passado o período de transição, teremos estações e terminais novos e modernos, que contarão até com Wi-fi”, esclarece.ConsórcioEm nota, o RedeMob Consórcio comunicou que os terminais e estações do Eixo Anhanguera “necessitam de uma ampla reforma estrutural” e que “as últimas intervenções aconteceram há mais de 23 anos”. O consórcio informou ainda que “profissionais do RedeMob Consórcio realizam reparos cotidianos nestes locais de forma a minimizar os transtornos aos clientes que usam o serviço.”O consórcio também explicou que os terminais e estações são locais de uso exclusivo para atendimento aos usuários do serviço de transporte público, que “ao fim da operação, que ocorre por volta da 1 hora, as luzes destes locais são desligadas, sendo ligadas novamente por volta das 4h, que é quando inicia a operação do serviço” e que “em algum momento também pode haver queda de energia, por força de alguma intempérie.”Sobre a acessibilidade, o RedeMob Consórcio afirmou que “todas as estações ao longo do Eixo Anhanguera possuem profissionais disponíveis nos períodos de funcionamento do transporte coletivo. Eventualmente, em algum momento como, por exemplo, ida do profissional ao banheiro, podem ocorrer ausências temporárias.”Em relação a segurança, o consórcio esclareceu que desde 2014 há um convênio com a Secretaria Estado de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO), “com atuação direta das forças de segurança quando de alguma ocorrência. Desde então, mais de mil prisões já foram efetuadas no sistema de transporte público”, sendo que “em 2018 foi criado o Batalhão de Terminais, grupamento da Polícia Militar especializado no patrulhamento ostensivo dos terminais e estações do Eixo Anhanguera. Desde sua criação, a redução das ocorrências nestes locais caiu em mais de 80%, segundo dados da própria Secretaria de Segurança Pública.”O RedeMob Consórcio elucidou ainda que todos os ônibus do transporte público coletivo contam como monitoramento via GPRS e botão de pânico, interligado 24 horas à SSP-GO e que “todos os terminais e estações possuem sistema de CFTV, com câmeras instaladas e monitoradas 24h por dia. Além disso, toda frota do Eixo Anhanguera possui câmeras. Estes aparatos ajudam as forças de segurança pública a elucidar crimes e melhorar a segurança.”Por fim, o consórcio enfatizou que “os mais de 4 mil profissionais da RMTC, incluindo os motoristas, são frequentemente treinados a prestar apoio e informações aos usuários.”Asfalto será entregue nesta quarta (29)A Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) de Goiânia irá entregar, nesta quarta-feira (29), o recapeamento de todo o Eixo Anhanguera. O trecho de 12,6 quilômetros fica entre os terminais Jardim Novo Mundo e Padre Pelágio.O recapeamento custou R$ 7,6 milhões. A obra foi executada com pessoal e maquinários da Seinfra, utilizando recursos próprios da Prefeitura de Goiânia. Foram gastas 10,6 mil toneladas de Concreto Betuminoso Usinado à Quente (CBUQ). A obra foi dividida em três trechos. O primeiro, do Terminal da Praça A ao Terminal da Praça da Bíblia, foi concluído em dezembro de 2022. O segundo, do Terminal do Jardim Novo Mundo ao Terminal da Praça A, foi finalizado em janeiro de 2023. O terceiro, do Terminal da Praça A ao Terminal e Padre Pelágio, será entregue nesta quarta. O serviço, que foi iniciado em junho de 2022, teve o prazo anunciado para conclusão em novembro do mesmo ano. Entretanto, a administração municipal apresentou outro cronograma à Justiça. No termo que atende a uma demanda na qual a Prefeitura foi obrigada a cuidar da manutenção da via, o serviço iniciaria em dezembro último e seria finalizado apenas em junho deste ano.