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Falta de filmagens atrapalha apuração de desaparecimento de adolescente no Madre Germana 2

Divulgação / Polícia Civil
Thaís Lara da Silva desapareceu no fim da tarde do dia 28 de agosto de 2019, após ir com uma tia até um ponto de ônibus a menos de 200 metros da casa

A falta de filmagens dos momentos anteriores ao desaparecimento da estudante Thais Lara da Silva, de 13 anos, em 2019, contribuiu para o arquivamento do caso, em 2020. A pouca quantidade de provas testemunhais também dificultou o avanço da investigação.

O caso foi reaberto pela Polícia Civil do Estado de Goiás (PC-GO) no início de dezembro deste ano por conta das semelhanças com o rapto da estudante Luana Marcelo, de 12 anos, encontrada morta em 29 de novembro deste ano.

“No caso da Luana, a polícia conseguiu imagens de câmeras de segurança que mostravam a vítima e depois o autor do crime passando de carro. Isso e as diligências imediatas deram elementos para se chegar à autoria do crime. O caso da Thais é diferente nesse ponto. Em 2019, a PC-GO não conseguiu nenhuma imagem e nem provas testemunhais fortes que pudessem ajudar”, explica a delegada Ana Paula Machado, atual responsável pela investigação do caso de Thais.

A garota desapareceu no fim da tarde do dia 28 de agosto de 2019. Ela tinha ido com uma tia até um ponto de ônibus a menos de 200 metros da casa em que morava, no Madre Germana 2, para esperar a prima que ia chegar da escola. Então, a menina decidiu ir sozinha até uma feira que acontecia a menos de cem metros e desapareceu.

Inicialmente, a família da garota procurou a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Goiânia. Depois, o caso foi encaminhado para a Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) e, posteriormente, para o Grupo de Investigação de Desaparecidos (GID). O caso foi arquivado ainda na Deic, em 2020, por falta de avanços na investigação.

O Daqui conversou com vizinhos de Thais que já moravam na região em 2019 e eles relataram que o caso da garota não recebeu tanta atenção.

O proprietário de um comércio quase em frente à feira onde ela sumiu disse que nunca chegou a ser procurado pela polícia para prestar qualquer tipo de depoimento. Entretanto, Ana Paula diz que, em 2019, as buscas foram exaustivas. “Elas são imediatas, especialmente no caso de vítimas vulneráveis. Na época, foram feitas várias diligências, até em Senador Canedo, mas não tivemos sucesso.”

O caso de Thais se parece muito com o da estudante Luana, que foi raptada na manhã do dia 27 de novembro de 2022, quando saiu de casa para ir comprar salgados em um supermercado a menos de 500 metros da casa em que morava, também no Madre Germana 2.

Imagens de câmeras de segurança ajudaram a identificar o autor do crime. O corpo dela foi encontrado dois dias depois, enterrado na casa do ajudante de pedreiro Reidimar Silva, de 31 anos, que confessou ter cometido o crime. Ele, que está preso, foi indiciado por homicídio qualificado, tentativa de estupro e ocultação de cadáver.

As duas garotas moravam no mesmo bairro - a casa da Thais fica a apenas seis ruas acima da de Luana - e frequentavam a mesma escola. A descrição da personalidade de ambas é parecida: meninas calmas, comportadas, que não tinham o costume de fugir de casa, nem ficar brincando na rua. Foram justamente as semelhanças dos casos que levaram a PC-GO a reabrir o caso de Thais.

Até agora, já foram ouvidas novamente testemunhas do desaparecimento, a mãe de adolescente e amigas da garota. “Estamos buscando agora novos elementos que possam confirmar ou descartar a participação do Reidimar”, conta Ana Paula.

Ele, que é considerado suspeito no caso de Thais, também já foi ouvido e negou o crime. “O Reidimar morava na mesma rua da casa da Thais e confirmou que conhecia a vítima, mas que eles apenas se cumprimentavam. Ele disse que a adolescente às vezes parava para conversar com o filho pequeno dele”, revela a delegada.

Além do caso de Luana e da suspeita de envolvimento no caso de Thais, reportagem do POPULAR publicada no dia 7 de dezembro mostrou que, em 2017, Reidimar foi absolvido de uma acusação de estupro, de 2015, contra uma adolescente de 15 anos após a Justiça não tê-la encontrado a tempo para notificá-la da audiência que resultou na decisão pela inocência dele.

Na sentença, o juiz João Divino Moreira Silvério Sousa, na época da 11ª Vara Criminal de Goiânia, citou mais de uma vez que a ausência da vítima na audiência judicial que antecedeu sua decisão impediu que dúvidas surgidas na apresentação feita pela acusação e defesa fossem esclarecidas. A família da vítima havia mudado para outro bairro na mesma semana que a jovem denunciou Reidimar.

Angústia

A mãe de Thais, Jacione Carneiro, de 39 anos, ainda nutre fortes esperanças de encontrar a filha com vida. “Eu sinto, dentro do meu coração, que ela não morreu. Eu acho que ela ainda está por aí, em algum lugar. Alguém pode estar com ela escondida em algum local que não seja aqui perto de onde moramos”, diz a dona de casa. Quando Thais desapareceu, ela estava grávida da filha mais nova, que atualmente tem 2 anos. “Ela é a única coisa que ainda me dá forças para continuar. Só queria que esse pesadelo acabasse.”

Thais morava com a avó desde que tinha 5 anos. “A gente se sente culpada. Eu não a deixava brincar na rua. Era só aqui dentro de casa com a prima dela”, conta a diarista Maria Rita Carneiro, de 64 anos. A morte de Luana fez o coração da avó se encher de medo. “A gente fica muito mal, pensando que pode ter sido ele (que sequestrou Thais)”, pontua Maria Rita, que nega conhecer Reidimar. Com a reabertura do caso, a diarista tem esperanças de que a neta finalmente seja encontrada. “Estou muito mal. Choro demais. Só quero achar ela, do jeito que ela estiver.”

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