Geral

Famílias retornam para área de invasão em Aparecida

Diomício Gomes
Área alvo de ação coordenada pela prefeitura de Aparecida de Goiânia

Atualizada às 19h40

Após a tentativa frustrada de retirar cerca de 50 famílias que estão em uma invasão no Setor Independência Mansões, em Aparecida de Goiânia, o grupo continua no local. Integrantes da mobilização afirmam que houve violência contra mulheres, crianças e idosos na ação realizada pela Prefeitura de Aparecida de Goiânia com apoio da Polícia Militar de Goiás (PM-GO) nesta segunda-feira (27).

Famílias relatam que Policiais Militares, Guardas Civis Metropolitanos (GCMs) e agentes da prefeitura chegaram por volta das 6 horas desta segunda-feira sem mandado judicial. As famílias que ocupam o local há três meses relatam que não têm para onde ir. “Tem barraca com cinco, seis crianças dormindo. Foi um despejo irresponsável e com muita truculência. Os policias estavam com muita violência. Eles tiraram a identificação com o nome deles, tamparam o rosto e bateram em mulheres, crianças e idosos”, afirma Linduina  Alves de Sousa, de 33 anos, que está no local. Antes da pandemia, a mulher buscava o sustento com a venda de sapatilhas, como autônoma.

Parte das famílias já tinha saído para trabalhar. As que estavam no local dormiam quando foram surpreendidas com o despejo pelos policiais. Moradores relatam que os policiais destruíram não só as barracas, como as cestas básicas, retiram pertences dos barracos  e colocaram as madeiras, lonas e ferramentas no caminhão da prefeitura.  “Nem cachorro merece esta violência. Eles bateram em muita gente. A gente pedia pelo amor de Deus para não baterem. Nunca fomos tão humilhados”, pontua Linduina.

Um homem de 60 anos que foi agredido durante o despejo, estava sendo atendido na UPA Buriti Sereno, em Aparecida de Goiânia, na tarde desta segunda-feira (27). Quem acompanhou o senhor Luiz Machado, foi  Ângela Cristina Ferreira que é integrante da Coordenação do Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduíno. Ela relata que o homem foi agredido, e por isso decidiu leva-lo até a UPA para ver se havia alguma fratura. Ângela ainda relata que a prefeitura não tinha nenhuma ordem judicial para realizar o despejo.

Em nota, a prefeitura de Aparecida informou que a Secretaria Municipal de Segurança Pública agiu pacificamente na ação, sem agressões ou truculência. Conforme a administração municipal, tanto os GCMs quanto os demais agentes que participaram da ação, não praticaram violência contra os ocupantes. A nota ressalta ainda que a corregedoria irá averiguar a denúncia dos invasores.

Ainda conforme a prefeitura, parte da área pública compõe o zoneamento da Área de Preservação Ambiental Serra das Areias, o que veta edificações no local. De acordo com a Secretaria de Planejamento, durante a ação, havia  apenas estacas determinando a divisão das áreas e algumas barracas de lona.
 
Até o fechamento desta matéria, a PM-GO não havia respondido aos questionamentos do POPULAR sobre as queixas de violência. (Joyce Vilela Merhi é estagiária do GJC em convênio com a PUC Goiás).

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