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Goiás está em alerta após aumento de casos da febre do oropouche

Fábio Lima
Flúvia Amorim: “Existe um risco potencial de um grande número de casos”

O avanço da febre do oropouche no Brasil colocou Goiás em alerta para a doença. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), é apenas uma questão de tempo até a febre do oropouche, que circula de forma intensa na região Amazônica, chegar ao estado. A preocupação gira em torno da possibilidade do registro de uma grande quantidade de casos, a exemplo do que acontece no Amazonas.

A febre do oropouche é transmitida pelo mosquito conhecido popularmente como borrachudo ou pólvora. Ela tem sintomas similares aos da dengue e da chicungunha: dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, náusea e diarreia. Nesse sentido, os profissionais de saúde precisam saber diferenciar essas doenças por meio de aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais. Assim, é possível orientar ações de prevenção e controle.

Por isso, o Laboratório de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Lacen-GO) passará a fazer o teste para a doença. Na prática, se a pessoa tiver sintomas de dengue, mas o exame para a doença já tiver dado negativo, ela será testada para chicungunha e zika. “Caso também não dê positivo e a pessoa se enquadre nos critérios epidemiológicos, ela será testada para febre do oropouche”, explica Flúvia Amorim, superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO.

De acordo com o Ministério da Saúde, o vírus da febre do oropouche foi isolado pela primeira vez no Brasil em 1960, a partir de amostra de sangue de uma bicho-preguiça capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília. Desde então, casos isolados e surtos foram relatados no Brasil, principalmente nos estados da região Amazônica. Em Goiás, segundo Flúvia, foram registrados casos da doença na década de 1980, na região do estado onde atualmente fica o Tocantins.

Atualmente, a doença se concentra nos estados da região Norte, com destaque para o Amazonas, que declarou um surto da doença em março, com mais de 1,6 mil casos confirmados. Roraima, Acre e Pará também possuem registros. Na região Sudeste, o Rio de Janeiro confirmou um caso importado da febre do oropouche. Estado vizinho de Goiás, a Bahia também já registrou casos. O Mato Grosso do Sul, que faz divisa com Goiás ao Sudoeste, já emitiu um alerta epidemiológico sobre a vigilância da febre do oropouche.

Nesse contexto, Flúvia acredita que é apenas uma questão de tempo até a doença alcançar Goiás, mesmo que historicamente ela se concentre na região Amazônica. “A preocupação é porque já tivemos casos confirmados em outros locais (fora da região Norte do País). Considerando a influência das mudanças climáticas, a chance existe”, aponta. De acordo com o Ministério da Saúde, a febre do oropouche é classificada entre as doenças de notificação imediata, em função do potencial epidêmico e da alta capacidade de mutação.

Como ainda não foi registrada a circulação da doença em Goiás, toda a população está suscetível ao vírus. “Vimos alastrar de uma forma muito rápida na região Norte. Existe um risco potencial de um grande número de casos”, frisa Flúvia. Apesar de, até agora, a maioria dos casos da doença não ter evoluído com gravidade, com tratamento voltado para os sintomas, a superintendente reforça que é preciso ficar alerta para evitar cenários de pressão no sistema de saúde.

A febre do oropouche costuma se concentrar nas áreas periurbanas, na transição entre espaços rurais e urbanos, e tem o controle vetorial considerado mais difícil que do Aedes aegypti, que transmite a dengue e a chicungunha. “São mosquitos silvestres, comuns dessa área (periurbana)”, enfatiza Flúvia. Por isso, a recomendação é de que as pessoas que vão para esses locais se protejam fazendo o uso de repelente e de roupas que cubram os braços e as pernas. “Se for para uma região com muitos mosquitos, usar mosquiteiros, se for possível”, destaca Flúvia. O manejo ambiental, por meio da manutenção da limpeza dos ambientes, também é recomendado.

Redação
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