Goiás teve três homicídios por dia no primeiro trimestre de 2023. Ao todo, foram 270 registros. O número teve uma redução de 8,2% quando comparado com o mesmo período de 2022, quando o estado teve 294 registros. O balanço dos indicadores criminais dos três primeiros meses deste ano foi apresentado pela Secretaria de Estado de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO) nesta quinta-feira (27).O secretário estadual de Segurança Pública, coronel Renato Brum, explica que a pasta tem desenvolvido ações proativas com o intuito de diminuir cada vez mais o número de homicídios. “Estamos identificando, por meio de manchas criminais, onde estão ocorrendo esses homicídios. Amanhã (hoje), por exemplo, estaremos em São Luís de Montes Belos com a Operação Mãos Dadas, que é quando todas as forças de segurança, com as unidades especializadas, vão até um local e passam o final de semana cumprindo mandados e fazendo abordagens.”O número de homicídios em Goiás tem apresentado uma queda sustentada desde 2018, ano que contou com 2,1 mil registros de homicídio. Em 2019, foram 1,6 mil. No ano seguinte, 1,5 mil. Em 2021, 1,2 mil e, no ano passado, 1,1 mil. Quando comparados os anos de 2018 e 2022, o número de homicídios no estado caiu pela metade.O governador Ronaldo Caiado afirma que, nesse sentido, o trabalho das forças de segurança do estado tem sido feito cotidianamente. “É um trabalho artesanal. Todo dia. Toda hora. Esperamos chegar naquele ponto de excelência de 100%. É isso que nossa secretaria tem buscado”, pontua.Caiado diz ainda que o governo estadual tem investido na segurança pública, o que contribui para a redução dos indicadores criminais. “Teremos mais de 1,6 mil policiais que vão acrescer nossas tropas. Tivemos há pouco tempo o chamamento de 500 polícias penais. Além disso, haverá a troca das viaturas. Isso dá aos nossos polícias condições de enfrentamento a aqueles que tentarem desrespeitar a lei”, argumenta.Os indicadores divulgados têm como fonte o Observatório de Segurança Pública do Estado de Goiás e são provenientes do Sistema de Registro de Atendimento Integrado (RAI) utilizado por todas as forças de segurança, de acordo com o andamento das investigações. Foi levado em consideração o Plano Nacional de Segurança Pública (PNSP), que prioriza a atenção aos Crimes Violentos.Além dos homicídios, os latrocínios também apresentaram uma queda quando comparados o primeiro trimestre de 2022 e o de 2023. O número caiu de nove para três. O registro de feminicídios também apresentou queda. Já a quantidade de estupros se manteve praticamente estável. Foram 167 casos no ano passado e 166 neste ano.Em relação aos crimes violentos contra o patrimônio, todos tiveram redução quando comparados os primeiros três meses de 2022 e 2023: roubo a transeunte (-25%), roubo de veículos (-32,3%), roubo em comércio (-16,4%), roubo em residência (-29,2%), roubo de carga (-55,2%) e roubo em propriedade rural (-12,1%). Todos os crimes não violentos contra o patrimônio também apresentaram queda.Neste ano, ainda não foi registrado nenhum caso de roubo a instituições financeiras em Goiás. Desde 2019, o estado não teve nenhum crime da modalidade conhecida como novo cangaço, quando uma quadrilha toma o controle de uma pequena cidade para roubar. Em relação aos crimes patrimoniais, Caiado esclarece que as forças de segurança têm se esforçado para desenvolver uma segurança preventiva. “Nesta quarta-feira (26), desarticularam uma quadrilha no Entorno do Distrito Federal que visava roubar pedágios e instituições financeiras. As polícias de Goiás têm andado na frente. Não estão sendo só reativas”, aponta.Recentemente, a Polícia Civil do Estado de Goiás (PC-GO) apreendeu 55 adolescentes por incitar ou ameaçar ataques em escolas por meio das redes sociais no estado. Reportagem publicada no dia 20 de abril mostrou que 18 deles foram internados provisoriamente. “Temos uma delegacia de crimes cibernéticos que antecipou a situação. Muitos desses jovens foram apreendidos em casa, antes de sair para o colégio”, pontua Caiado.Durante a apresentação dos dados, o secretário estadual de Segurança Pública também destacou que a integração entre as forças de segurança do estado e as Guardas Civis Metropolitanas (GCMs) tem sido essencial nesse sentido. “Trabalhamos de forma conjunta com as guardas municipais, principalmente da região metropolitana de Goiânia, no combate à violência nas escolas e deu certo”, disse Brum.A fim de promover um comparativo com dados de 2022, A reportagem solicitou à SSP-GO os registros relativos ao primeiro trimestre de 2023 dos seguintes crimes: lesões corporais seguidas de morte, tentativas de homicídio e tentativas de latrocínio. Entretanto, não houve retorno até o fechamento desta edição.Feminicídios diminuíram 19%Em Goiás, o número de feminicídios no primeiro trimestre de 2023 foi 19% menor do que no mesmo período de 2023. Foram 13 casos neste ano, contra 16 casos no ano passado. “É uma redução tímida? Sim, mas estamos trabalhando. Já é melhor que o aumento que tivemos ano passado”, explica o coronel Renato Brum, titular da Secretaria de Estado de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO). Em 2022, a quantidade de feminicídios ao longo do ano foi maior do que em 2021. O número saiu de 54 para 57 casos. No dia 12 abril, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) sancionou uma lei que cria a Delegacia Estadual de Atendimento Especializado à Mulher (Deaem). A delegacia recém-criada vai ser a responsável por investigar os casos de feminicídio que ocorrem em Goiás. Até então, esse trabalho era uma atribuição da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH). Também neste mês, uma lei federal determinou que as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams) funcionem de forma ininterrupta. Além disso, recentemente, a PM-GO publicou uma portaria que determina que todo batalhão do estado tenha, no mínimo, uma Patrulha Maria da Penha. Entre 27 de fevereiro e 28 de março deste ano, a Operação Átria, voltada para ações de combate a crimes contra a mulher, atendeu mais de 4 mil vítimas e realizou 16,9 mil ações diversas, como diligências policiais, apuração de denúncias e palestras educativas. A força-tarefa ocorreu em conjunto com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).Brum esclarece que essas iniciativas contribuem para aumentar a segurança das mulheres. “Na próxima terça-feira (2) teremos o lançamento do aplicativo Mulher Segura. É um trabalho em conjunto com todas as forças de segurança para reduzir essa modalidade de crimes (contra a mulher) que é tão complexa”, diz o secretário. O aplicativo terá login autenticado para todas as mulheres, não só as que estão sob medida protetiva de urgência, com acionamento de emergência para casos de violência e sistema de georreferenciamento para localização precisa no momento do acionamento. A reportagem solicitou à SSP-GO os dados referentes às lesões corporais, crimes contra a honra e estupros cometidos contra mulheres dentro do contexto de violência doméstica no primeiro trimestre de 2023 para compará-los com os números do mesmo período de 2022. Entretanto, não houve retorno até o fechamento desta edição.