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Goiás registrou seis mortes por automedicação em 2023

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Automedicação matou 24 pessoas em 2021 e 21 em 2022 em Goiás, informou a Secretaria de Saúde

O estado de Goiás registrou seis mortes e 973 notificações de intoxicação por automedicação, em 2023. A informação é da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO), que mostrou que Anápolis foi o município com o maior número de notificações de pessoas que se intoxicaram após tomarem medicamentos por conta própria entre 2021 e 2023 – 755 no total -, seguido por Goiânia, com 744.

A lista de medicamentos responsáveis pelos casos de intoxicação, segundo a SES-GO, é composta principalmente por antidepressivos e antipsicóticos.

De acordo com a pasta, Anápolis teve 306 notificações em 2021, 319 em 2022 e 130 em 2023, totalizando 755. Em segundo está Goiânia, que registrou 359 casos em 2021, 279 em 2022 e 106 em 2023, que totalizam 744. Em seguida estão Aparecida de Goiânia, Rio Verde e Formosa com 585, 321 e 311 casos entre 2021 e 2023, respectivamente.

Apesar de preocupantes, os dados da SES-GO apontaram também uma queda nas mortes provocadas pela intoxicação por automedicação. Conforme a Secretaria, foram 24 óbitos em Goiás em 2021, contra 21 em 2022 – queda de 12,5%.

No entanto, o ainda alto número de notificações – 3,1 mil em 2021 e 3 mil em 2022 – chama a atenção. A reportagem entrou em contato com as secretarias de saúde dos municípios citados sobre os dados e aguarda retorno.

Disfarce de sintomas ao óbito: os perigos de se automedicar

A reportagem, a presidente do Conselho Regional de Farmácia de Goiás (CRF-GO), Lorena Baía, explicou que o ato de tomar um medicamento por conta própria, sem a orientação de um profissional de saúde, expõe a pessoa a uma série de riscos e “priva dela” o tratamento de uma doença mais séria.

“Até os de venda livre não são isentos de reações adversas e podem mascarar, ou até agravar, sintomas de uma doença”, alertou a farmacêutica, que explicou que uma pessoa que toma um remédio para dor de estômago, por exemplo, por estar somente dando um alívio momentâneo a um problema que demanda tratamento específico, como uma gastrite.

Mais grave ainda, discorre Lorena, uma pessoa pode tomar um medicamento e desenvolver uma reação que, em casos extremos, pode levar a óbito.

A presidente do Conselho de Farmácia ressalta, porém, que a pessoa que sofre com os chamados ‘Transtornos Menores de Saúde’ – uma dor de cabeça, uma cólica menstrual ou dor de barriga, por exemplo – pode ser orientado por um farmacêutico na própria drogaria para saber qual medicamento tomar.

Saúde mental

Fator que chama a atenção, a Secretaria de Saúde apontou que os principais medicamentos que levaram à intoxicação foram aqueles usados contra depressão e outras doenças mentais.

Para a psicóloga Evelin Rodrigues, o aumento no consumo de medicamentos psicotrópicos sem prescrição médica “pode estar relacionado à busca por soluções rápidas e imediatas para lidar com os problemas cotidianos”.

Segundo a especialista, esse fenômeno ocorre por alguns motivos como falta de acesso a profissionais capacitados em saúde mental; alta pressão social e estresse; ampla divulgação e propagação das medicações e falta de informações, “que pode levar a decisões inadequadas e perigosas.”

Evelin enfatiza a importância de se buscar um profissional capacitado para a preservação não só da saúde mental, mas da vida.

“O trabalho do psicólogo é ajudar as pessoas a lidarem com seus problemas, conflitos internos, traumas e dificuldades de forma saudável e construtiva, buscando uma melhor qualidade de vida. Todos nós podemos enfrentar desafios emocionais e mentais em algum momento da vida, e a terapia pode ser uma ferramenta valiosa para superá-los. Ao contrário do que se pensa, terapia não é ‘coisa de loucos’, mas de pessoas que valorizam sua saúde mental e emocional”, arrematou.

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