Geral

Goiás sofre apagão da primeira dose de vacina contra a Covid-19

Marcelo Camargo / Agência Brasil

A aplicação da primeira dose da vacina contra o coronavírus (Sars-CoV-2) está paralisada nas principais cidades goianas por falta do produto. Goiânia, Aparecida de Goiânia, Rio Verde e Anápolis já anunciaram a interrupção da campanha de imunização até que cheguem novas remessas do Ministério da Saúde e o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado de Goiás (Cosems) aponta que a situação deve se repetir no interior. Segunda dose continua sendo aplicada e, em Goiânia, chegará aos idosos com 75 anos (veja quadro).

A superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), Flúvia Amorim, diz que, apesar de o ministério ter se comprometido a enviar semanalmente o imunizante para os Estados, não é possível dizer quantas e nem a data exata em que novas doses chegaram a Goiás. “Recebemos um documento do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) onde o próprio Butantan (que fabrica a Coronavac) dizia que não tinha garantia sobre a entrega das remessas de abril”, explica Flúvia.

A incerteza ocorre pela dificuldade dos laboratórios, tanto o Butantan quanto a FioCruz, para comprar na China a matéria-prima dos imunizantes. Nesse cenário, a finalização da vacinação dos idosos prospectada por Flúvia para o final da primeira quinzena deste mês fica comprometida.

Segunda dose

A interrupção da primeira dose ocorreu mesmo depois de o Estado ter recebido a 11ª remessa de vacina, com 266,8 mil doses, na última sexta-feira (2), quando os estoques dos municípios estavam no fim. A explicação é que as doses que chegaram são todas destinadas para a aplicação do reforço, que segue ocorrendo normalmente em todos os municípios goianos, seguindo o calendário de vacinação.

A assessoria de imprensa do Cosems explicou que se um lote inteiro foi destinado a determinado público, os municípios não conseguem ter doses para garantir a ampliação da vacinação e, dessa forma, a paralisação é inevitável. Flúvia esclarece que essas doses são suficientes para garantir o reforço de todas as pessoas que tomaram a primeira dose de vacinas que vieram até a nona remessa enviada pelo Ministério da Saúde para o Estado.

Sendo assim, 94 mil idosos que receberam a Coronavac ao longo da semana passada ainda não têm a segunda dose garantida. Para que a eficácia da Coronavac seja garantida, a segunda dose deve ser tomada, idealmente, 28 dias depois da primeira.

“Ainda temos praticamente três semanas para fazer a aplicação da segunda dose nessas pessoas. De qualquer maneira, é preciso deixar claro que quem decide quantas doses serão para a primeira ou para segunda aplicação é o próprio Ministério da Saúde”, esclarece a superintendente.

Mesmo com a definição nas mãos do ministério, Flúvia Amorim conta que, por conta deste cenário, existe uma boa possibilidade de que as próximas remessas sejam para ampliar a faixa etária que ainda deve tomar a primeira dose.

Prejuízos

A superintendente destaca ainda que a paralisação da aplicação da primeira dose é muito prejudicial e representa a perda da vida de idosos que já poderiam estar protegidos. “Já tínhamos que ter terminado a vacinação desse grupo. Eles ainda são os que mais morrem e precisam de internação. São muito frágeis”, explica. Em Goiás, a morte de pessoas com mais de 60 anos representa mais de 70% de todos os óbitos causados pela Covid-19.

Flúvia ressalta ainda que a mobilização e desmobilização das equipes que fazem a vacinação causa um desgaste operacional grande. A coordenadora de imunização da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Aparecida de Goiânia, Renata Cordeiro, reforça o ponto de vista da superintendente da SES-GO. “Temos que fazer um esforço muito grande com profissionais e insumos de uma maneira muito rápida. É complexo e causa um cansaço na nossa equipe. Além disso, é sempre uma pena interromper a vacinação por falta de doses”, lamenta.

Na cidade e em Anápolis, a aplicação da segunda dose segue normalmente durante essa semana. Não é necessário agendamento. Basta conferir a data indicada para a aplicação do reforço no cartão de vacinação e procurar um dos pontos de vacinação. Em Rio Verde, a aplicação do reforço nesta semana ocorrerá nesta quarta-feira (7) em idosos de 69 e 70 anos na modalidade drive-thru.

 

Astrazeneca terá D2 este mês

A aplicação da segunda dose da vacina contra o coronavírus (Sars-CoV-2) da Astrazeneca e BioNTech em Goiás terá início neste mês. O imunizante tem um tempo diferente de intervalo da Coronavac, vacina da chinesa Sinovac, que no Brasil é produzida pelo Butantan. O reforço da vacina deve ser dado cerca de 12 semanas depois da aplicação da primeira dose, enquanto que com a Coronavac o intervalo é de até 28 dias. 

A vacina foi aplicada de forma mais ampla no início da imunização contra a Covid-19 em Goiás, quando o Estado recebeu 65,5 mil doses do imunizante. Elas foram destinadas para a vacinação de profissionais da saúde e idosos institucionalizados.
 
A superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), Flúvia Amorim, esclarece que apesar de o Estado ainda não possuir todas as doses necessárias para fazer o reforço em todas as pessoas que tomaram a vacina da Astrazeneca, eles já possuem o quantitativo necessário para fazer a segunda dose nas pessoas que foram imunizadas no começo da campanha de vacinação. “Será suficiente”, diz. Flúvia aponta ainda que mesmo que a vacina tenha uma eficácia maior com apenas a aplicação da primeira dose, é importante fazer o reforço.

Comentários
Os comentários publicados aqui não representam a opinião do jornal e são de total responsabilidade de seus autores.
ANUNCIE AQUI