O número de imóveis em Goiânia caracterizados como grandes geradores de resíduos, ou seja, que produzem mais de 200 litros diários, teve uma alta de 55% desde janeiro de 2019. Na época, 1,4 mil locais haviam sido notificados pela Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) sobre a situação, que por lei desde 2016, faz com que o órgão não faça mais a coleta do lixo no imóvel. Atualmente, no entanto, já são 2.177 imóveis sem a coleta da Comurg e que necessitam contratar uma empresa cadastrada na Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma) para ter o resíduo coletado.Quando a lei foi implantada, em 2016, a intenção do Poder Executivo acatada pelos legisladores era forçar a redução da produção de resíduos. Ou seja, se os locais tivessem menos lixo, baixando da média de 200 litros diários, voltariam a não ter de pagar pela coleta. No entanto, o que tem ocorrido é justamente o contrário, com o aumento de locais na cidade com maior produção de lixo. O diretor de Operações da Comurg, Alzirio Francisco, ressalta que nestes últimos dois anos houve um reforço na fiscalização.Segundo ele, a Comurg passou a observar melhor a produção de resíduos de cada imóvel na cidade. “Estamos notificando mais e só retorna a coletar no local se pedir reavaliação. Aí é acompanhado por 15 dias para saber se produz menos mesmo”, diz. O diretor conta também que ainda é comum ocorrer burla na lei, quando determinados proprietários colocam sacos de lixo na porta da casa ou na lixeira de vizinhos ou mesmo despejam o resíduo por conta própria em lotes vagos ou áreas públicas, de modo a dificultar a fiscalização da Comurg.Ele afirma ainda que outro problema é que os imóveis não realizam a segregação dos resíduos, o que pode fazer a diminuição da produção ser ainda mais relevante ao conceder papéis, plásticos, alumínios e vidros à reciclagem. “Na verdade os imóveis estão perdendo dinheiro, porque poderiam vender esses materiais e ainda não pagar a coleta por fora.” Para se ter uma ideia, cada contêiner com resíduos coletados por uma empresa particular custa cerca de 50 reais. Atualmente, os agentes da Comurg acompanham mais 97 imóveis identificados como grandes geradores. Estes estão sendo orientados sobre a maneira correta do descarte e a companhia dá 15 dias para eles se adequarem e reduzirem o resíduo ou então a coleta pública deixa de ser realizada. Alzirio Francisco explica ainda que é comum que ocorra o pedido de desenquadramento como grande gerador. “Tem muitos que conseguem, mas ao mesmo tempo tem muito mais que passam a ser enquadrados”, diz.AçõesNo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO), que possui unidades grandes geradoras, a lei intensificou as práticas para menor produção de lixo. A entidade afirma que já antes da lei havia parcerias com associações de catadores de materiais recicláveis e ações no sentido de estimular a separação de lixo reciclável. Após isso, o TJGO utiliza a tecnologia para soluções na redução de resíduos. “Entre elas estão a criação do e-cartas, a digitalização de processos e dossiês. Somente para se ter uma ideia, usa-se hoje apenas 15,7% do papel que se usava em 2016.” A proposta atual é digitalizar 100% dos processos físicos em todo o Estado, serviço que está em andamento. Em todo 2020, o tribunal gastou cerca de R$ 51,5 mil para a coleta de resíduos. Neste ano, nos três primeiros meses, já foram R$ 16,6 mil. Na Universidade Federal de Goiás (UFG), que deixou de ter o resíduo coletado pela Comurg no ano passado, o custo mensal com a coleta fica em torno de R$ 6 mil a R$ 7 mil por mês, sendo coletados entre 110 a 120 contêineres com 1.200 litros cada.Esse número, no entanto, é relativo a este ano e a 2020, quando a maior parte das atividades estão sendo feitas fora da universidade. Em 2019, o número de contêineres era em torno de 400 a 500 por mês. Válido ressaltar que ambas as entidades fazem parcerias com cooperativas de reciclagem, a custo zero. Ou seja, o custo poderia ser ainda maior. Mas mesmo com este aumento de imóveis como grandes geradores, a mudança na lei não fez com que se reduzisse o volume coletado pela Comurg nos demais locais da cidade. A diminuição ocorreu quando a lei foi implantada, entre 2015 e 2017, saindo de 495 mil toneladas anuais para 420 mil toneladas. Isso voltou a ocorrer entre 2018 e 2019, com mudança na regulamentação, com redução de 421 mil para 216 mil toneladas. No entanto, no ano passado, a Comurg coletou um total de 425 mil toneladas de lixo domiciliar. Além disso, o volume coletado pela coleta seletiva da companhia foi menor em 2020 com relação ao ano passado, saindo de 27 mil para 25 mil toneladas.-Imagem (1.2235797)