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Goiânia tem 3 pontes em condição crítica

Wesley Costa
Ponte do Córrego Cascavel, na Avenida T-63, apresenta erosão

Um relatório produzido pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea) aponta que Goiânia tem três pontes com situação estrutural crítica e uma em condição ruim. A avaliação de 66 pontes e viadutos da capital identificou, ao todo, 226 anomalias, que vão desde abalo em pilares a deterioração severa de guarda corpo.

A pior situação foi identificada na ponte da Avenida T-63 sobre o Córrego Cascavel. No endereço, técnicos observaram a acentuação do processo erosivo que foi relatado pela primeira vez pelo Crea em 2015. A diretora do Departamento Técnico do Crea, Rosana Brandão, diz que as fundações estão cada vez mais comprometidas em razão da perda de terra ao redor da estrutura.

As avaliações desse tipo são feitas pelo Crea desde 2012. O objetivo é, segundo o Conselho, colaborar com o poder público para identificar quais ações são prioritárias. Dessa forma, o relatório é acompanhado de um ranking, que indica em quais pontes e viadutos foram encontradas as piores situações e, portanto, que devem receber ações prioritárias.

Em segundo lugar no ranking está a ponte da Rua Dr. Constâncio Gomes sobre o Córrego Botafogo. A estrutura registra riscos de abalo às fundações. “Foi o que ocorreu nas pontes das avenidas das Pirâmides e Acary Passos”, diz Rosana ao citar estruturas que precisaram de reparos expressivos nos últimos dois anos. A primeira ficou interditada após parte se desmoronar. A segunda precisou ser reconstruída. “Elas estavam no nosso relatório de 2019”, destaca a representante do Crea.

A inspeção realizada, conforme detalha Rosana, foi visual e por isso tem limitações. “Com o ranqueamento, cabe agora ao poder público contratar um profissional ou empresa especializada para fazer uma avaliação especial. Os profissionais irão analisar projeto, tirar corpo de prova e verificar realmente qual o grau de conservação”, explica.

Sobre a dimensão dos riscos, isso é, probabilidade de erosões ou questões ainda mais graves, Rosana diz que é algo difícil de precisar. “Pelo que tivemos acesso é difícil dizer o que vai acontecer, se vai acontecer e quando. Vai depender de diversas questões, como o próprio ciclo de chuvas. Na ponte da Avenida T-63, por exemplo, um ciclo de chuvas mais intenso pode agravar a situação”, pontua.

Estruturas

Atualmente a capital conta com 77 pontes e viadutos. Dessas, seis são recém-inaugurados e, em teoria, contam com vistorias das empresas que executaram as obras, razão pela qual não foram incluídos na inspeção do Crea. Outras três estão revestidas por placas de ACM, o que impede a realização de vistorias. Assim, 68 estão passíveis de vistorias e 66 estão sob monitoramento.

Os trabalhos de inspeção são realizados por técnicos em uma parceria do Crea com a Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Goiás (Ibape-GO). Para a classificação da condição, conforme norma, os técnicos utilizaram notas de 1 a 5, em que a nota 5 é considerada excelente, boa com nota 4, regular com nota 3, ruim com nota 2, e crítica com nota 1.

Das 66 estruturas avaliadas, 23 tem situação estrutural regular e apenas 12 têm nota 5, considerada excelente. Na média que leva em consideração outros três itens, os técnicos indicam qual deve ser a celeridade das intervenções. A escala mostra que além das quatro em pior situação estrutural, uma quinta demanda reparos em curto prazo: a ponte da Rua José Hermano, sobre o Ribeirão Anicuns.

Entre os 66 endereços avaliados, a manifestação que apresenta maior incidência nas 66 estruturas vistoriadas foi a presença de manchas de umidade, que ocorre em 55 (83%). Em seguida tem-se que em 46 (70%) ocorreram lixiviações no concreto, 41 (62%) apresentam corrosão de armadura e 38 (58%) tiveram elementos funcionais danificados.

Para Rosana, do Crea, falta preocupação do poder público para com as pontes e viadutos. “Os danos em pontes são pouco visíveis. Para você ver o grau é necessário olhar por baixo. Geralmente são estruturas de difícil acesso, com muito mato e lixo. Por isso, por vezes o poder público negligencia as manutenções”, considera.

Seinfra

A Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra) diz que todas as pontes relacionadas são vistoriadas pela gestão municipal. “São objeto de constante manutenção. Caso haja necessidade, são realizadas intervenções”, diz. Em específico sobre o relatório do Crea, a pasta diz que ainda não tem conhecimento do mesmo e aguarda ser acionada para a tomada das medidas cabíveis.

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