A troca da frota de ônibus da Metrobus, concessionária que opera Eixo Anhanguera e suas extensões, por veículos elétricos, vai ocorrer a partir de uma parceria do governo estadual com as demais empresas que atuam no sistema metropolitano de Goiânia. O Estado desistiu da ideia inicial de realizar uma licitação para alugar 114 ônibus por um período de 16 anos.Agora os ônibus novos serão comprados pelo consórcio das empresas concessionárias (Redemob) e há a previsão de que eles comecem a chegar em Goiânia em janeiro de 2024. A princípio, apenas a linha do Eixão vai ter os novos ônibus, ou seja, as extensões para Trindade, Senador Canedo e Goianira vão continuar com os veículos convencionais, que são a diesel.A previsão é que todos os ônibus do Eixo sejam elétricos, incluindo as extensões, até 2025. Secretário Geral de Governadoria (SGG) e presidente da Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC), Adriano da Rocha Lima afirma que o convênio a ser assinado vai gerar um custo mais baixo do que a previsão do aluguel dos veículos.De acordo com o edital que foi publicado anteriormente, o orçamento era de cerca de R$ 1,5 bilhão por 114 veículos elétricos por 16 anos, incluindo a manutenção. Rocha Lima afirma que ainda não tem o valor exato, mas garante que o valor fica abaixo disso, visto que agora os ônibus serão adquiridos e a manutenção será contratada junto às fabricantes.O pagamento dos ônibus novos será feito a partir do subsídio que o governo e as prefeituras de Goiânia, Aparecida de Goiânia e Senador Canedo pagam para o sistema. Atualmente, a tarifa técnica é R$ 7,58 por passagem e o usuário paga R$ 4,30, ou seja, a diferença entre os valores é paga pelo poder público, sendo 82,8% divididos entre Estado e Goiânia e o restante pelos outros dois municípios.Rocha Lima esclarece que essas decisões pelo convênio com as empresas para os investimentos em frota e em obras já estão aprovadas em deliberações da CDTC, com isso, tem o acordo dos entes participantes. A obra a que se refere é a revitalização dos terminais e estações do Eixo Anhanguera.“A gente está fazendo uma parceria público-privada, mas não juridicamente falando aqui no Brasil. Hoje nós temos a concessão do sistema e ela nos permite fazer investimentos em frota ou em obras. Vamos criar um convênio com o consórcio e elas vão fazer a renovação da frota do Eixo e também a reforma dos terminais e das estações”, conta Rocha Lima.Em março deste ano, o processo licitatório para o aluguel dos veículos elétricos foi aberto depois de cerca de um ano do edital pronto. A demora se deu depois de questionamentos do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) e do Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO), que suspendeu o certame.DesertoApós as adequações acordadas com o TCE-GO, o processo foi aberto, mas não apareceu qualquer empresa interessada. Na época, o governo estadual informou que a intenção era reavaliar o edital para ser mais atrativo e realizar uma nova publicação. Havia a previsão de republicação dele em junho, mas a decisão foi mudar o modelo de contratação.Segundo o secretário da SGG, já desde esta época houve estudos para firmar a parceria com o consórcio Redemob. Atualmente, as empresas concessionárias privadas do sistema já possuem acordo para empréstimo de veículos para a Metrobus, de modo que a estatal paga uma compensação pelo uso.“É uma derivação do contrato de concessão. A Metrobus também faz parte do consórcio e vai entrar nisso também, mas ainda vai pagar a compensação por ser a beneficiária dos veículos, o que vai ocorrer ao longo do tempo”, explica o secretário.Rocha Lima esclarece que o Estado ainda está concluindo a modelagem jurídica, escrevendo a minuta do convênio para depois falar com os tribunais de conta e o MP-GO afim de dirimir quaisquer dúvidas e esclarecer como vai funcionar o acordo. “Acredito que vamos terminar isso em até duas semanas e a assinatura do convênio deve ocorrer até meados de agosto.”Após a assinatura, o consórcio realizará um financiamento para adquirir os cerca de 60 ônibus, o que deve ocorrer até meados de setembro. Normalmente, as fabricantes pedem 120 dias para a entrega do primeiro lote dos veículos e, por isso, a previsão de que os ônibus cheguem a Goiânia até janeiro do próximo ano, com a estimativa de que toda a frota adquirida esteja na capital até maio de 2024.Para Rocha Lima, o novo modelo de contratação pensado é mais vantajoso em todos os sentidos. Havia uma defesa do contrato de aluguel em razão de que a empresa ficaria responsável pela manutenção dos veículos, o que é, atualmente, um gargalo para a Metrobus. Mas o secretário entende que com a contratação da manutenção junto aos fabricantes a situação é resolvida.A decisão por buscar o novo modelo se deu com o entendimento de que o processo anterior seria difícil de conseguir interessados, devido a falta de empresas financiadoras para ter os veículos e fazer a manutenção desejada.Secretário defende redução de ônibus a dieselO secretário Geral de Governadoria de Goiás (SGG) e presidente da Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC), Adriano da Rocha Lima, afirma que atualmente o sistema metropolitano discute a implantação de mais veículos elétricos, para além do Eixo Anhanguera. “Eu, pessoalmente, defendo que pelo menos o BRT Norte-Sul, que tem as mesmas características do Eixo Anhanguera, seja 100% elétrico, mas cabe também fora dos corredores”, diz.Ele lembra que o custo do veículo elétrico é pouco mais que o dobro dos convencionais abastecidos a diesel, mas que é um investimento que se paga ao longo de cerca de 5 anos, devido um menor custo de manutenção e também para o abastecimento. A CDTC estabeleceu como regra que toda a frota do sistema, que atualmente é de cerca de 1 mil ônibus, seja trocada até 2025, mas sem definir o tipo de combustível. Rocha Lima entende que saber qual será o ônibus depende de outros fatores.O principal deles, segundo esclarece, é o surgimento de uma linha de crédito federal para a aquisição de ônibus elétricos, que possuem um ganho ambiental por não ter a combustão de substâncias para o seu funcionamento. Rocha Lima conta que já existe esta discussão no governo federal, junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o que pode ocorrer ainda neste ano. “Se vai ser elétrico vai depender muito de ter esse subsídio”, diz.