O governo federal liberou R$ 4,153 bilhões para pagar um lote extra do auxílio emergencial a pais solteiros que sejam os únicos responsáveis pelo sustendo dos filhos menores de idade. A medida provisória 1.084, publicada em 24 de dezembro, atende à derrubada de veto do presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Congresso.Bolsonaro vetou a possibilidade de, assim como as mães solteiras, os homens chefes de famílias receberem o valor do benefício. Segundo a lei que criou o auxílio emergencial, em 2020, as mães responsáveis pelo sustento do lar tinham direito à cota dupla do benefício. O auxílio era de R$ 600 e as mães recebiam R$ 1.200. O veto foi derrubado pelo Congresso em junho deste ano.Na medida provisória, o presidente cita a emenda constitucional 103, instituída após aprovação de parte da PEC (proposta de emenda à Constituição) dos Precatórios, como uma das justificativas para liberar o valor extra. A emenda abriu caminho para crédito extra que deverá viabilizar o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família.Segundo o Ministério da Cidadania, ainda não há uma data prevista para o pagamento. No entanto, com a verba, a pasta diz que irá atender o que determina a lei 14.171, que é pagar o dobro do valor do auxílio emergencial para famílias monoparentais, independentemente do sexo do chefe da casa.A consulta para saber se terá os valores poder ser feita no aplicativo ou site do auxílio emergencial. É preciso informar CPF, nome completo e nome da mãe. Se não souber, marque a opção "Mãe desconhecida". A data de nascimento também deve ser informada. Para consultar, é só ir em "Enviar".As regras de quem tem direito ao benefício variam conforme as leis que criaram ou ampliaram o auxílio. Em geral, é preciso estar desempregado e ter renda de até meio salário mínimo por pessoa da família ou de até três mínimos para a toda a família.Os valores devem ser pagos em uma única cota, de forma retroativa. As mães solteiras que conseguiram o benefício receberam até cinco parcelas de R$ 1.200, o que dá R$ 6.000. Depois, podem ter tido direito a mais quatro parcelas de R$ 600, somando R$ 2.400.Em 2021, o governo liberou uma nova cota do auxílio emergencial, mas com valores bem inferiores aos de 2020. A mulher chefe de família monoparental recebeu R$ 375. Foram sete parcelas, totalizando R$ 2.625. Já os solteiros (família unipessoal) tiveram auxílio de R$ 150 por mês. A cota para as demais famílias foi de R$ 250.BENEFÍCIO FOI CRIADO PELO CONGRESSO NA PANDEMIAO auxílio emergencial foi criado pelo Congresso em março de 2020 como alternativa de renda a beneficiários do Bolsa Família, informais inscritos no CadÚnico e contribuintes individuais do INSS que tiveram perda de renda devido ao isolamento social imposto pela pandemia de coronavírus.Os valores começaram a ser pagos pelo governo federal em abril de 2020. Inicialmente, seriam três parcelas de R$ 600, que foram ampliadas, totalizando cinco cotas. Depois, medida provisória criou o auxílio extensão, no valor de R$ 600. Foram pagas mais quatro parcelas.Neste ano, o governo não pretendia pagar o benefício, mas, em março, editou medida provisória com a continuação do programa, mas com valor menor e destinado a menos beneficiários. Em 2020, aproximadamente 68 milhões de pessoas receberam os pagamentos. Para este ano, o total caiu para cerca de 40 milhões.O veto ao auxílio em dobro para os pais solteiros foi dado por Jair Bolsonaro sob justificativa de que havia fraudes por parte de pais separados, que recebiam o dinheiro no lugar das mães que tinham a guarda dos filhos. Na ocasião, o presidente afirmou que não tinha como verificar se o pai realmente era o único responsável dos menores.Projeto de lei da deputada Fernanda Melchiona (PSOL-RS), ainda em 2020, determinou a preferência da mulher no recebimento do benefício, mas também incluiu os pais solteiros. Após vaivém no Congresso, neste ano, a lei que foi criada após a MP já previa a medida, vetada novamente por Bolsonaro. Com a derrubada do veto, ele é obrigado a cumprir o que foi determinado.