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Granjas goianas reforçam segurança contra gripe aviária

Wildes Barbosa
Reinara Araújo Motobu, gerente administrativa da Kamatto Distribuidora de Ovos: demanda é crescente

Enquanto vários países já confirmaram surtos de gripe aviária, doença que tem matado milhões de animais e provocado uma grande escassez de ovos nestes mercados, a avicultura brasileira continua forte e protegida contra a doença. Para que o cenário se mantenha assim, as granjas goianas reforçaram suas medidas de biossegurança e a Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), por meio da Gerência de Sanidade Animal, segue um cronograma de controle do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). 

O Brasil é o sexto maior produtor de ovos do mundo e Goiás é o nono maior produtor brasileiro, com 209,1 milhões de dúzias produzidas em 2021. A gerente administrativa da Kamatto Distribuidora de Ovos, Reinara Araújo Motobu, informa que a oferta no Brasil está normalizada e que a demanda tem crescido de um ano para outro. 

A empresa que vendia entre 50 e 60 caixas por semana no ano passado, hoje comercializa cerca de 80 caixas. Com isso, os preços no mercado interno têm subido. A caixa com 360 ovos, que custava entre R$ 160 e R$ 170 no ano passado, hoje está na faixa de R$ 184. Reinara conta que a distribuidora criou até um plano de assinatura de ovos com entrega delivery, onde o cliente paga um preço abaixo do mercado e ainda recebe sugestões de receitas com o produto. “As pessoas estão consumindo mais ovos hoje”, afirma Reinara.

Enquanto isso, os Estados Unidos, Europa e Nova Zelândia vivem hoje a chamada “crise do ovo”, provocada pela gripe aviária e pela proibição de galinhas poedeiras. Com a morte de 44 milhões de galinhas poedeiras e a escassez, o preço do ovo para os americanos subiu 60% no ano passado.
Apesar de ter registrado uma pequena redução no ano passado, provocada pela alta dos custos, a produção brasileira se mantém praticamente estável, com poucas oscilações, segundo o presidente da Associação Goiana de Avicultura (AGA), Marcos Café. Ele conta que a produção nacional é suficiente para atender bem o mercado interno e que o volume de exportações é muito pequeno.

Proteção
 

A preocupação agora é em proteger a avicultura brasileira da gripe aviária, principalmente após o aparecimento de casos da doença em países vizinhos ao Brasil. “A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) emitiu um alerta máximo para que todas as associações estejam vigilantes”, informa Marcos Café. Por isso, as medidas de biossegurança foram reforçadas nas granjas goianas, com a proibição de visitas, reforço na higienização e o cuidado no afastamento de aves silvestres.

“A meta é manter as granjas isoladas ao máximo porque, se a doença chegar, os prejuízos serão enormes”, destaca o presidente da AGA. Na Granja Criativa, localizada em Itaberaí, que envia cerca de 63 mil aves para abate numa grande indústria goiana a cada 60 dias, os cuidados com a segurança das aves também foram redobrados. A veterinária Maria Inês Rodrigues da Cunha lembra que, normalmente, as integradoras já possuem cuidados extremos com os plantéis.

Mas, após os problemas com a gripe aviária em outros países, o rigor aumentou bastante. “A granja é cercada e praticamente só o granjeiro pode entrar. Se algum técnico precisa ir, tem de cumprir um período de vazio sanitário, isolado num hotel e monitorado pela empresa, além de trocar de roupas e tomar banho antes de entrar nas instalações”, conta Maria Inês. Segundo ela, hoje as visitas de pessoal de fora estão proibidas mesmo com vazio sanitário. Nem carros podem chegar perto da área das granjas.

Centenas de profissionais brasileiros, incluindo diretores e veterinários de empresas, que participaram do International Production & Processing Expo (IPPE), maior evento voltado para o setor avícola mundial, realizado em janeiro, foram obrigados a cumprir uma quarentena de 14 dias ao voltarem ao País, sem qualquer contato com outras pessoas. “No Brasil, a segurança e o rigor são muito maiores que em outros países, por isso temos um plantel saudável”, ressalta.

Anderson Luditk, da granja Loyola, informa que, para garantir a segurança, também não são mais permitidas visitas na granja. Além disso, segundo ele, foi instalado um arco de desinfecçao na entrada das instalações e todos os colaboradores precisam passar por ele para evitar qualquer risco.

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