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Hugo aplica tratamento que melhora recuperação pós AVC

Fábio Lima
Inovação: equipe médica do Hugo em atendimento a paciente

O Hospital de Urgências de Goiás (Hugo) tem um novo protocolo para tratar casos de acidente vascular cerebral (AVC). O “Projeto Angels” está em desenvolvimento na unidade como projeto-piloto desde o mês de março e já socorreu 18 pacientes em situação de risco. A partir desta terça-feira (19), o protocolo será instalado em definitivo.

O projeto une o atendimento especializado e o uso de um medicamento para minimizar sequelas e prevenir a morte dos pacientes vítimas de AVC.

No início de março, o Hugo passou a ter um neurologista 24 horas por dia, todos os dias da semana, na emergência do hospital. Desde o início do atendimento, foram 92 protocolos de AVC abertos. Destes, 18 estavam em tempo para uso do medicamento que reduz o número de sequelas. O procedimento é chamado de trombólise, processo pelo qual se dissolve um trombo formado na corrente sanguínea.

Deste grupo de 18 pacientes, apenas um evoluiu para óbito por complicações infecciosas. Os outros tiveram uma recuperação com bons resultados na avaliação pós-alta hospitalar. “A presença do neurologista na emergência é fundamental, já que a janela para o procedimento ser feito é muito estreita. Temos apenas 4h30 desde o início dos sintomas para administrar o medicamento”, diz Marco Túlio Pedatela, neurologista que é coordenador do projeto. Para se ter ideia, em 2020 e 2021 foram realizadas apenas cinco trombólises na unidade.

Dados da SES-GO revelam que o AVC é considerado a segunda causa de mortalidade cardiovascular. Em 2021, mil pessoas foram internadas para o tratamento de AVC na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) em Goiás. Em 2022, até abril, foram 234. Na rede estadual, o Hugo e o Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) são as referências para o tratamento de AVCs agudos.

Existem dois tipos de AVC. O AVC hemorrágico, que é quando um vaso sanguíneo cerebral se rompe, e o AVC isquêmico, que é quando ocorre o entupimento de um vaso no cérebro por um coágulo de sangue ou uma placa de gordura. O primeiro costuma ter um prognóstico pior. “Entretanto, dependendo do local e do tamanho da lesão, o risco de morte pelo AVC isquêmico é alto”, alerta Pedatela.

O protocolo trata especificamente os AVCs isquêmicos, que representam entre 80% e 85% dos casos. Ele usa o medicamento alteplase, que dissolve os trombos. Inicialmente, o remédio é administrado com uma dose de ataque e depois é ministrado junto com um soro e é acompanhado o tempo todo por um neurologista, que monitora qualquer mudança de quadro.

“O tempo é o mais importante. A cada minuto que passa, mais e mais neurônios estão morrendo. Desse modo, o fluxo de atendimento é rápido. O paciente chega com sintomas e o mais rápido possível levamos ele para a tomografia para ver se não tem nenhum sangramento no cérebro. Caso esteja tudo certo, já começamos a administração do remédio lá mesmo. Por isso, a presença do especialista é imprescindível”, esclarece o médico.

Pedatela aponta que além de evitar a morte dos pacientes, o intuito do protocolo é devolver o máximo possível de qualidade de vida para as pessoas que sofreram um AVC. “Sabemos que não são todos os casos que vão ter uma recuperação completa, mas conseguimos ter resultados muito positivos como, por exemplo, pacientes que chegam sem mexer o braço e saem daqui conseguindo colocar um garfo na boca. Isso traz muitos benefícios a longo prazo para as vítimas de um AVC”, finaliza.

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