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Identificar uma violência sofrida nem sempre é claro para as mulheres

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O Brasil registrou aumento de todos os tipos de violência contra a mulher em 2022, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho e realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública com base em dados das secretarias estaduais de segurança e polícias. Os casos de feminicídio, nome dado ao assassinato de mulheres por causa do gênero, cresceram 6,1%, com um total de 1.437 casos em 2022. Mais da metade dos crimes foi cometida por parceiros e ex-parceiros. Segundo a pesquisa, também houve aumento de 2,9% nos casos de violência doméstica com relação a 2021 - ao todo, 245.713 agressões. 

Foram registradas 613.529 ameaças, um aumento de 7,2%, e 102 chamadas por hora ao 190, número de atendimento da Polícia Militar. Houve ainda o crescimento de casos de stalking, crime de perseguição online ou física, com 147 casos diários, e de violência psicológica, com 24.382 ocorrências no ano. Relatos de assédio sexual e importunação sexual cresceram 49,7% e 37%, respectivamente. Por todos esses dados, o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, em 25 de novembro, se torna ainda mais relevante.

A psicóloga Adriane Garcia, que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, ressalta que a vítima nem sempre identifica a agressão. “As mulheres que sofrem com o processo de violência têm dificuldade não só de identificar, mas também de acreditar que algo esteja acontecendo. Geralmente, o agressor tem um lado sedutor, amigável, compensador que confunde a vítima. Se por um lado ele agride, pelo outro ele pede desculpas ou a faz se sentir culpada, minimizando assim os efeitos deletérios do processo”. 

Comunicação
Dessa forma, a especialista destaca a importância da vítima contar o que houve para os outros. “Ao sofrer uma violência é importante a mulher se comunicar com pessoas próximas e de confiança, para que consiga ter o apoio não só para avaliar o que aconteceu, mas para ter forças e buscar ajuda”, afirma. “A ajuda profissional é de grande valia para auxiliar essa mulher a se reestruturar em torno de si mesma, para que ela repense sua forma de viver e se relacionar, para que ela possa enfim se reorganizar diante do seu próprio cenário de vida de uma forma saudável”, completa.

O lado psicológico das vítimas de violência doméstica fica abalado, incluindo a autoestima dessas mulheres, a qual nem sempre é fácil de se recuperar. “Trabalhar a autoestima perpassa pelo processo de reestruturar a cognição e o emocional no sentido de reestabelecer valores que a faça se sentir feliz consigo mesma, independente de estar com alguém, ou da forma que projeta se ver socialmente, no que tange às expectativas relacionais”, salienta Adriane Garcia.

Em nossa atual sociedade, o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres chama atenção também para a educação das novas gerações, para que não perpetuem esse tipo de comportamento. “Educar os filhos para não reproduzirem esse aspecto violento é um desafio diário de ensinar que o papel de cada um, independente do gênero, é de respeitar, colaborar e compreender que as relações são permeadas de negociações, frustrações e desacordos”, detalha a psicóloga.

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