Caixas de autoatendimento com reconhecimento facial e que mostram erros de compra, inteligência artificial que consegue identificar o comportamento dos clientes, prever a demanda por produtos e enviar ofertas personalizadas, e até códigos de barras que impedem a venda de mercadorias vencidas.Estas e outras ferramentas tecnológicas, que facilitam as operações nos supermercados e a experiência dos consumidores, estão apresentadas até amanhã, dia 26, na 21ª SuperAgos, a maior feira supermercadista do Centro-Oeste, realizada pela Associação Goiana de Supermercados (Agos).O evento, que acontece no Centro de Convenções de Goiânia, com o tema “Multiplique negócios, parcerias e conhecimento na era da inteligência artificial”, tem a expectativa de ultrapassar a casa de R$ 200 milhões em negócios.Um estudo feito pela Grocery Doppio e pelo Food Industry Association (FMI) apontou que o uso de inteligência artificial (IA) em supermercados deve crescer 400% até o fim de 2024, otimizando processos diários nas rotinas de supermercadistas, incluindo o gerenciamento de lojas, estoque e o atendimento ao cliente.Estas ferramentas podem identificar o comportamento do consumidor e tendências de consumo, ajustando as operações através da interpretação de dados. A IA, por exemplo, automatiza e otimiza processos, fazendo previsões de demanda e gestão de estoque, precificação dinâmica e até personalização de ofertas para os consumidores.O especialista em inteligência de mercado e CEO da Bnex Ciência do Consumo, Fernando Gibotti, lembra que a IA já atua em diferentes frentes do varejo, começando pelo abastecimento das lojas.Um dos benefícios é a capacidade de analisar grandes volumes de dados em tempo real, o que seria impraticável manualmente. “Ferramentas que fazem previsão de demanda ajudam no processo de compra de produtos de forma mais assertiva, evitando perdas ou rupturas”, destaca Gibotti.Segundo ele, a IA tem desempenhado um papel fundamental na automatização de processos em supermercados e minimercados, ajudando a transformar tarefas, que antes eram manuais e demoradas, em fluxos de trabalho mais rápidos e precisos, desde a gestão de estoque e reposição automática de produtos, até a análise preditiva de vendas.A IA também pode entender como as pessoas estão consumindo e quais categorias estão sendo adotadas ou abandonadas, inclusive por faixa etária. “Entendendo o comportamento, é possível criar estratégias segmentadas e personalizadas, com promoções individuais, de acordo com a mudança de comportamento desejada”, destaca o CEO da Bnex.O sistema divide os clientes em grupos, de acordo com suas aptidões, e encaminha promoções direcionadas para cada um. “Para isso, os supermercados criam programas de relacionamento com o cliente, que baixa um aplicativo e se cadastra, fornecendo o CPF a cada compra”, completa.AutoatendimentoO self checkout, ou caixa de autoatendimento, tem se tornado cada vez mais comum nos supermercados, possibilitando a redução de filas, autonomia, privacidade e uma experiência mais moderna para o consumidor. Esta ferramenta já está evoluindo para uma nova geração, antes mesmo de chegar a todos os estabelecimentos.A tecnologia de reconhecimento facial, por exemplo, permite que os clientes finalizem suas compras com um simples olhar, eliminando a necessidade de cartões ou uso de smartphones para fazer pix.Maxuel Sousa, proprietário da Easy Tech Automação, empresa de soluções automatizadas, lembra que estes novos equipamentos já conseguem identificar o tipo de produto comprado e se o preço e o peso estão corretos.Ele possui um sistema de identificação visual e auditiva, com luz e alerta sonoro, que ajudam o consumidor a identificar erros de compra e a loja a evitar prejuízos com possíveis fraudes. “Ele pode mostrar se o produto que está sendo comprado é o mesmo que está descrito no código de barras”, explica.Para o empresário, a tendência é que estes caixas se tornem cada vez mais comuns nas lojas. O investimento inicial fica entre R$ 20 mil e R$ 25 mil e o equipamento também pode ser locado. Entre as lojas que ainda resistem, existe o medo de ser roubado nas compras ou de que os clientes não consigam usar o equipamento e ele fique obsoleto. “Mas fazemos todo um trabalho educativo e de consultoria junto a funcionários e aos clientes, que são orientados a evitar filas”, informa.Até os códigos de barras já estão evoluindo. Paulo Crapina, diretor de Relações Institucionais do GS1 Brasil Associação Brasileira de Automação, informa que há um trabalho para evoluir para o código bidimensional, que pode ser lido com uma simples câmera de celular.Este QR Code trará até 10 mil informações, inclusive como preparar alimentos, a data de fabricação, lote e até a data de validade. “O sistema consegue ler se o produto está vencido e ele fica retido no caixa. É a forma mais fácil de controlar os lotes”, destaca.A tecnologia também é inclusiva, pois as informações sobre o produto são acessadas por pessoas com deficiência visual, através de áudio. O código pode ser inserido por indústrias fabricantes ou pelo varejo em marcas próprias ou produtos manipulados nas lojas, como frios fatiados e vendidos por quilo.“O código de barras já tem 51 anos e não deve ser mais usado no futuro. Nosso objetivo é melhorar os processos na cadeia de suprimentos, pois a maioria das lojas já conta com equipamentos que podem usar o QR Code, por meio de algumas atualizações de sistema, que não têm um custo alto”, prevê.Para o presidente da Agos, Sirlei Couto, a utilização de IAs nos supermercados permite analisar grandes volumes de dados em tempo real, otimizando operações e interpretando o comportamento do consumidor, o que aumenta a competitividade, mesmo em um mercado de margens reduzidas, e ajuda a garantir a sustentabilidade a longo prazo.