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Júri condena Maurício Sampaio a 16 anos de prisão por morte de Valério Luiz

Wildes Barbosa/O Popular
Maurício Sampaio: mandante do assassinato de Valério Luiz

Dez anos depois do assassinato do jornalista Valério Luiz de Oliveira, em 2012, quatro dos cinco acusados de planejar e cometer o crime foram condenados pelo tribunal do júri. Um dos acusados de ser articuladores do crime foi absolvido. Depois de três dias tensos de julgamento, a sentença foi proferida no final da noite desta quarta-feira (9). A motivação do crime foram as críticas feitas pelo jornalista contra a direção do Atlético-GO, da qual o empresário Maurício Borges Sampaio fazia parte.

Os condenados por homicídio doloso são: Sampaio, mandante do crime; o 2º sargento da Polícia Militar, Ademá Figueredo Aguiar Silva, autor dos tiros; o empresário Urbano Xavier Malta; e o açougueiro Marcus Vinícius Pereira Xavier. Os três últimos foram os articuladores do crime. A sentença foi de 16 anos de prisão para Sampaio, 16 anos para Ademá, 14 anos para Urbano e 14 anos para Marcus Vinícius. O sargento reformado da Polícia Militar, Djalma Gomes da Silva, também acusado de articular o crime, foi absolvido. Todos os quatro acusados devem cumprir as penas, inicialmente, em regime fechado. No caso de Marcus Vinícius, que mora em Portugal, foi determinado que a Interpol o prenda. 

Valério Luiz foi morto quando saía da emissora de rádio em que trabalhava, em 5 de julho de 2012, no Setor Serrinha, em Goiânia. O julgamento, que durou três dias, foi presidido pelo juiz Lourival Machado. Na segunda-feira (7), primeiro dia de julgamento, as cinco testemunhas de acusação foram ouvidas. Na terça-feira (8), três testemunhas da defesa foram ouvidas e os cinco réus foram interrogados. Nesta quarta, foi feito o debate entre defesa e acusação, a deliberação dos sete jurados e o proferimento da sentença, que aconteceu em torno de 23h30 horas. 

Debate

O debate desta quarta foi acalorado e se desenrolou por noves horas. Ele teve início, às 9h30, pela promotora de Justiça Renata Souza. Durante 2h30, ela fez um resumo de todo o processo e destacou que a estratégia da defesa sempre foi deslegitimar as provas e o inquérito policial. Ela enfatizou que Sampaio tem um histórico violento e tinha problemas pessoais com Valério Luiz. Renata também apresentou os relatórios da quebra do sigilo telefônico dos acusados, que divergem dos depoimentos dos réus. 

Depois, foi a vez da defesa falar. Ao longo de 2h30, os advogados Thales Jayme e Ricardo Naves afirmaram que as provas que constam no inquérito policial não são fortes o suficiente para condenar os acusados e que os relatórios da quebra do sigilo telefônico são manipuláveis. Naves apontou que Valério Luiz era um jornalista “impetuoso”. O advogado de Marcus Vinícius, Rogério de Paula, disse que ele foi compelido a mentir quando prestou depoimento à polícia e ao  Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). 

Na réplica, Valério Luiz Filho, que é assistente de acusação, contou um pouco sobre quando soube que o pai foi assassinado e passou um vídeo do momento em que o avô, o jornalista Mané de Oliveira, que já morreu, chegou ao local e encontrou o corpo de Valério Luiz. “Eu queria que minha vida tivesse sido diferente, mas é meu dever estar aqui pelo meu pai e meu avô. É por eles que eu peço a vocês a condenação dessas pessoas”, afirmou. O promotor Sebastião Martins também teceu comentários reforçando que todos os acusados têm envolvimento com o crime.

Na tréplica, Naves e Jayme voltaram a afirmar que não existem provas consistentes o suficiente para a condenação dos réus. “O Maurício Sampaio não tentou matar o Valério Luiz”, enfatizou Jayme. Posteriormente, o advogado de Marcus Vinícius também voltou a reforçar que o açougueiro foi coagido a confessar o crime. Ele chegou a passar um vídeo com um trecho de um dos interrogatórios de Marcus Vinícius. A réplica e a tréplica duraram duas horas cada uma. O debate foi encerrado às 21h15 horas. 

Expulsão

No meio da tarde desta quarta, o  juiz do caso determinou que todos os presentes, exceto a imprensa e os profissionais que trabalhavam no caso, deixassem o plenário onde o julgamento acontecia. O magistrado tomou a decisão após uma sequência de reações de amigos e familiares dos envolvidos no caso durante o debate entre os advogados de defesa e os promotores do MP-GO. O julgamento aconteceu no plenário do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO), no Setor Oeste, em Goiânia.

Na primeira ocasião, depois da fala de um dos advogados de defesa, houve aplausos das pessoas presentes. Então, o magistrado alertou que caso a cena se repetisse, todas as pessoas que estavam assistindo seriam retiradas do plenário. Logo após, houve uma discussão entre a promotora de Justiça Renata Souza e um dos advogados de defesa. Neste momento, algumas pessoas começaram a vaiar Renata. 

Posto isso, o juiz pediu para que a Polícia Militar do Estado de Goiás (PM-GO) esvaziasse o local. Ele paralisou o julgamento na sequência. A sessão foi retomada pouco depois apenas com os participantes do júri popular e jornalistas permanecendo dentro do plenário. Muitas pessoas protestaram contra o magistrado e um advogado presente chegou a gritar que o  juiz estava abusando do poder e que iria entrar com uma reclamação contra ele na Corregedoria do TJ-GO.

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