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Jantares de luxo ignoram restrições e causam polêmica na França

Reprodução

 A França se viu em meio a uma polêmica neste fim de semana após a veiculação de uma reportagem em uma emissora do país que denunciou jantares de luxo em Paris, realizados a despeito das restrições devido à pandemia de coronavírus.

Com preços que variam de 160 euros a 490 euros (R$ 1.070 a R$ 3.280), os eventos clandestinos provocaram furor político, e a população acusa a elite de ignorar as regras que ela mesma estabeleceu -o país mantém todos os restaurantes e os cafés fechados e endureceu as restrições após os casos seguirem em alta.

A reportagem do canal de TV fechada M6 mostrou imagens captadas por uma câmera escondida em um local identificado como localizado em uma região nobre de Paris. Sem fachada de restaurante, era preciso indicação para frequentá-lo -máscaras, porém, não faziam parte das obrigações. "Após cruzar a porta, não tem mais Covid", disse um funcionário do local.

Uma pessoa entrevistada pelo M6, cuja identidade não foi divulgada, disse ter participado de duas ou três noites nesses restaurantes, na presença inclusive de um certo número de ministros.

A fonte foi depois identificada pela imprensa francesa e por internautas como Pierre-Jean Chalençon, dono do luxuoso Palais Vivienne, no centro de Paris. Em comunicado enviado à agência de notícias AFP por meio de seu advogado, Chalençon reconheceu implicitamente ser a fonte, mas disse que queria apenas mostrar "humor e um senso de absurdo" ao envolver políticos na sua declaração.

Após a reportagem ir ao ar na sexta (2) à noite, a hashtag #OnVeutLesNoms (Queremos os nomes) viralizou no Twitter, enquanto havia especulações sobre quem pode ter participado desses jantares.

O promotor de Paris, Rémy Heitz, afirmou neste domingo (4) que abriu uma investigação criminal, por colocar a vida de outras pessoas em risco. A apuração busca comprovar "se as noites foram organizadas desafiando as normas sanitárias e determinar quem foram os possíveis organizadores e participantes".

Para os anfitriões dos eventos, a pena pode chegar a 1 ano de prisão, com multa de 15 mil euros (R$ 100 mil). Já para quem frequenta os locais, podem ser aplicadas duas multas de 135 euros (R$ 905) cada: uma por desrespeitar o toque de recolher em vigor e outra por não usar máscara, o que é obrigatório no país.

Os jantares luxuosos geraram reação também de membros do gabinete do presidente francês, Emmanuel Macron. A ministra da Cidadania, Marlene Schiappa, defendeu que, se houver ministros ou legisladores envolvidos, eles devem ser penalizados como qualquer cidadão.

O ministro da Economia, Bruno Le Maire, por sua vez, respondeu que todos os ministros respeitam as regras. O titular da pasta do Interior, Gerald Darmanin, alertou que os envolvidos devem ser processados, se as alegações forem confirmadas. "Não existem dois tipos de cidadãos: os que têm direito à festa, e os que não têm", afirmou.

Segundo dados do site Our World in Data, a França somava cerca de 4,8 milhões de casos e 97 mil mortes até este domingo (4), e pouco mais de 13% da população do país já recebeu ao menos uma dose da vacina contra a Covid-19.

Enquanto a imunização, assim como na Europa, caminha a passos lentos, o presidente francês ampliou para todo o país restrições que já estavam vigentes em 19 departamentos. Desde sábado (3), comércios não essenciais devem permanecer fechados e deslocamentos de mais de 10 km estão proibidos por quatro semanas. As escolas do ensino infantil até o ensino médio fecharam nesta segunda (5) por, no mínimo, três semanas.

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