A vida do jovem Elizeu Augusto de Freitas Júnior, de 19 anos, está prestes a ter uma reviravolta. O garoto que mora em Candeias do Jamari, no estado de Rondônia, se mudará no meio do ano para a cidade de Jataí, no Sudoeste de Goiás, onde irá cursar medicina na Universidade Federal do município após passar em primeiro lugar. A princípio, a história de Elizeu pode até parecer só mais uma, mas o jovem foi diagnosticado com transtorno do espectro autista quando tinha 12 anos de idade.Em entrevista ao jornal DAQUI, o jovem contou que está bastante contente e realizado com a conquista. Ele também falou sobre o processo de estudos para passar no Sistema de Seleção Unificada (SiSU), as influências, incentivos e até a área de atuação que ele pretende exercer quando formado no curso.E a mudança de região também não vai ser um problema para Elizeu. Ele, que virá acompanhado dos pais, já morou em Goiás, mais precisamente na cidade de Itumbiara, no sul do estado, entre 2017 e 2019. “Estou acostumado com a cultura e jeito do povo goiano”, disse o jovem durante a entrevista.Estudando até 8h por diaElizeu revelou ter estudado bastante para almejar o sonho de passar no curso de medicina. De acordo com o garoto, ele chegava a estudar até 8h por dia, duas horas para cada matéria. Aos fins de semana, o jovem fazia simulados e redações.Além das aulas do ensino médio, Elizeu também fazia cursos online para aprimorar a redação. E o resultado veio no Enem, com uma nota 840.Foi inclusive no ensino médio que Elizeu decidiu cursar medicina. “Foi no ano passado, estudando química e biologia, as duas matérias que mais me aprofundei. Aí pensei em fazer o curso”.Incentivos do irmãoPor conta do autismo, Elizeu disse que teve uma certa dificuldade para aprender a ler e escrever,. Na terceira série do ensino fundamental, ele chegou a fazer cursos particulares, mas sem resultado. A solução do problema foi caseira, feita pelo próprio irmão Pedro Passos, que é dois anos mais velho.“Foi o meu irmão que me ensinou a ler e escrever, em casa”, disse. Para Elizeu, Pedro também é um dos maiores incentivadores, junto com os pais e amigos de escola. Ele conta que nunca recebeu preconceito, pelo contrário, sempre teve apoio de todos. “Sempre me senti acolhido”.DiagnósticoElizeu contou que o processo para o diagnóstico foi demorado. A primeira vez que a família suspeitou que o jovem poderia ter o transtorno foi há 9 anos, após uma queda de bicicleta. Ao realizar um raio-x, o médico sugeriu para que os pais levassem o filho para a realização de mais exames.Após quase dois anos de exames e consultas, o primeiro médico que atendeu Elizeu não deu o laudo de autismo. Foi somente em um outro profissional, que deu uma atenção maior ao garoto, que o diagnóstico de transtorno de espectro autista veio.Para o jovem, a condição autista não quer dizer muita coisa. “Pra mim, é um incentivo para mostrar que eu sou capaz, que eu consigo. Nunca me senti mal por conta disso”.E para quem pergunta, Elizeu tem a resposta na ponta da língua. Inspirado pelo médico que deu o laudo de autismo, o estudante quer se especializar em neurologia. Para ele, essa é uma forma de “ajudar e dar um carinho maior a pessoas com espectro autista a se desenvolver”.