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Juarez Barbosa está sem estoque de 5 medicamentos em Goiânia

Wildes Barbosa
Desde outubro, Ednalva não consegue um dos medicamentos usados no tratamento de epilepsia da filha

Cinco medicamentos oferecidos pelo Centro Estadual de Medicação de Alto Custo Juarez Barbosa (Cemac JB) estavam com os estoques zerados no meio da manhã desta terça-feira (23). Eles são usados para tratar diversas doenças, como câncer, epilepsia e mal de Parkinson. A Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) justifica que os medicamentos têm a compra centralizada pelo Ministério da Saúde. Segundo a pasta, apesar de alguns estarem em falta, os pacientes são atendidos com outros.

O levetiracetam 750 mg é um medicamento usado no tratamento de epilepsia. A filha da costureira Ednalva da Silva Alves, de 52 anos, faz uso dele duas vezes ao dia. Entretanto, a última vez que ela foi até o Cemac JB e conseguiu pegar a medicação nessa apresentação foi em outubro de 2023. “Me disseram para ficar de olho porque deve chegar mais em 28 (de janeiro)”, relata.

Ednalva busca medicamentos no Cemac JB desde 2022. “Levei seis meses tentando até que consegui”, conta. Além de duas doses de levetiracetam 750 mg por dia, a filha dela também toma outras duas doses de 250 mg do mesmo medicamento. A segunda apresentação está disponível no Cemac JB. “Esse não faltou até agora”, diz a costureira. Ela afirma que já tentou pegar três caixas de levetiracetam 250 mg para substituir a apresentação de 750 mg, mas não conseguiu. “Falaram que só podiam me passar o que constava na minha receita.”

A costureira compra cada caixa de levetiracetam 750 mg, com 30 comprimidos, por R$ 375. Como a filha dela, Estefany, de 25 anos, toma dois comprimidos por dia, o medicamento sai por R$ 750 por mês. “Quando está de promoção, cada caixa sai por R$ 345 mais ou menos. Meus outros três filhos me ajudam. Passam no cartão de crédito, dão um jeito para ela não ficar sem”, desabafa. A jovem ainda faz o uso de um outro antiepiléptico, a fenitoína. “Esse é mais barato. Pegamos na farmácia mesmo”, pontua.

Desde que passou por uma sucessão de acometimentos na saúde relacionados à epilepsia, Estefany ficou com comprometimentos na fala e na capacidade motora. Ednalva parou de trabalhar fora para cuidar da filha, já que ela não recebe o Benefício de Prestação Continuada (BPC). “O dinheiro que entra vem dos crochês que eu faço”, diz. Além dos medicamentos, a jovem precisa tomar um leite especial. “Custa R$ 97 cada lata. Ela usa seis por mês”, relata. Este é o segundo mês que ela consegue pegar as latas no Cemac JB. “Tive que acionar um advogado para conseguir, mas deu certo. Às vezes penso em fazer o mesmo com a medicação”, pondera.

Além do levetiracetam 750 mg, um dos medicamentos com o estoque zerado no Cemac JB é o ciclofosfamida 50mg, usado por pacientes oncológicos. Outro é o deferasirox 125 mg, utilizado para tratar a sobrecarga de ferro causada por transfusões de sangue repetidas vezes. O fludrocortisona 0,1 mg, indicado para o tratamento de acometimentos relacionados às glândulas adrenais, também está em falta.

A unidade também não conta com rasagilina 1 mg, usada para tratar o mal de Parkinson. Sobre o medicamento, a SES-GO explicou que o Ministério da Saúde informou que está finalizando o contrato de aquisição, mas que existem outros quatro medicamentos que tratam o mal de Parkinson disponíveis na rede de atenção especializada e outros três disponíveis na rede de atenção básica.

Quantidade reduzida

Além daqueles com estoques zerados, na manhã desta terça o Cemac JB tinha outros nove medicamentos com dez unidades ou menos disponíveis. Segundo a SES-GO, um deles, o brometo de tiotrópio foi despadronizado. Antes, ele era fornecido de forma isolada. Agora, é fornecido associado com outro medicamento broncodilatador. A pasta também informou que na grande maioria das vezes os pacientes utilizam a dupla terapia ou tripla terapia, com dois ou três fármacos no mesmo dispositivo.

Em relação aos demais medicamentos, a SES-GO comunicou que as quantidades são restritas por serem doenças específicas, seguindo o programa que trata doença crônica e rara. Em relação ao vedolizumabe, que contava com apenas uma unidade em estoque nesta terça, a pasta esclareceu que a entrega pelo Ministério da Saúde está agendada para esta sexta-feira (26). O medicamento é indicado para tratamento da retocolite ulcerativa, uma doença inflamatória intestinal. A pasta ainda frisou que o Cemac JB possui oito tipos de medicamentos para tratar a doença.

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