O Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) aumentou a pena de dois condenados pela morte de dois advogados, assassinados dentro do próprio escritório, em Goiânia. Com a decisão, o fazendeiro Nei Castelli, denunciado como mandante do duplo homicídio, e Cosme Lompa Tavares, apontado como intermediário da execução, tiveram as penas individuais aumentadas de 21 anos para mais de 35 anos, em regime fechado.O Daqui entrou em contato com as defesas dos condenados para que pudessem se posicionar, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.O julgamento ocorreu nesta terça-feira (9), após a Justiça acolher um recurso do Ministério Público de Goiás (MP-GO). A morte dos advogados Marcus Aprígio Chaves e Frank Alessandro Carvalhães de Assis ocorreu no dia 28 de outubro de 2020, no escritório de advocacia das vítimas, no Setor Aeroporto. Em maio de 2022, o denunciado como o executor, Pedro Henrique Martins, recebeu uma pena de 45 anos e seis meses pelo duplo homicídio e furto de R$ 2 mil do escritório, dinheiro que foi levado na tentativa de simular um assalto, conforme a denúncia. Denunciada por participação nos crimes, a namorada de Pedro Henrique, Hélica Ribeiro Gomes, acabou absolvida pelo júri popular, na sessão de maio do ano passado. Um ano depois, foi a vez do julgamento de Nei Castelli e Cosme Lompa, onde o Tribunal do Júri os condenou a 21 anos, 10 meses e 15 dias de reclusão. Em janeiro deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido de habeas corpus do fazendeiro Nei Castelli.Aumento das penas Durante a sessão que decidiu pelo aumento das penas de dois condenados, o procurador de Justiça Maurício Gonçalves defendeu a necessidade de se aplicar, no caso, o chamado concurso formal impróprio que exige que seja feita a somatória das penas impostas aos réus em cada homicídio. Na época do julgamento, em 2023, o juiz que presidiu a sessão entendeu pela existência de crime continuado e não fez a somatória das penas impostas a cada morte, apontou o promotor. Motivação Conforme a denúncia do MP-GO, a morte dos advogados foi encomendada pelo agricultor Nei Castelli, devido as vítimas terem ganhado uma ação de reintegração de posse proposta contra a família de Castelli.Na época, foi decidido que o fazendeiro deveria pagar os honorários dos advogados no valor de R$ 4,6 milhões. Dessa forma, segundo o MP-GO, Castelli decidiu matar os advogados como forma de retaliação. Antes de morrer, um dos advogados que foram assassinados afirmou que tinha medo de ser morto pelo agricultor.Cosme Lompa foi o responsável por buscar possíveis executores para o crime, de acordo com a denúncia. Um dos indiciados foi Pedro Henrique Soares, com quem planejou a forma como seria executado o crime e o auxiliou antes e depois dos assassinatos. Posteriormente, Pedro Henrique contratou Jaberson Gomes, já falecido, para o ajudou na execução dos crimes, conforme a apuração do MP-GO. Segundo a denúncia, o fazendeiro prometeu pagar a Pedro e a Jaberson o valor de R$ 100 mil caso saíssem impunes, ou R$ 500 mil caso fossem presos. O crime No dia do crime, Pedro Henrique e Jaberson Gomes agendaram uma reunião com o advogado Marcus Chaves, utilizando um nome falso, de acordo com o MP-GO. A denúncia descreve que, ao chegarem no escritório, os dois renderam Marcus Chaves que, sob a mira dos revólveres, foi obrigado a chamar Frank Alessandro para o local. Para simular a motivação do crime, Pedro Henrique perguntou onde estava o dinheiro, ocasião em que Marcus entregou R$ 2 mil. Neste momento, segundo o MP-GO, Pedro Henrique atirou uma vez contra Frank e efetuou três disparos em Marcus. As vítimas morreram na hora. -Imagem (1.2795610)