A Justiça mandou a júri popular os três jovens acusados de matar e ocultar o corpo da estudante Ariane Bárbara Laureano de Oliveira, de 18 anos. A jovem foi morta com oito facadas em agosto do ano passado dentro de um carro onde estavam os jovens junto com outra adolescente, que já cumpre medida protetiva pelo crime. O juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 3ª Vara dos Crimes Dolosos contra a Vida e Tribunal de Júri, responsável pela decisão, ainda não marcou a data do julgamento.Ariane foi enganada pelos acusados com um falso convite para uma festa e o caso ganhou repercussão nacional depois que foi revelado pela Polícia Civil que uma das acusadas, Raíssa Nunes Borges, de 20 anos, usou o assassinato para saber se seria ou não psicopata. Além de Raíssa, vão passar pelo júri Jeferson Cavalcante Rodrigues, de 23 anos, e Enzo Jacomini Carneiro Matos, uma transexual de 18 anos que se identifica como Freya.Em sua decisão, o magistrado afirma que há indícios suficientes de que Raíssa, Enzo e uma adolescente que na época tinha 16 anos podem ter matado Ariane e que Jeferson pode ter sido cúmplice do crime “na medida em que teria prestado auxílio material e moral”. Ainda segundo Jesseir, há também indícios suficientes para a materialidade delitiva do crime de homicídio se encontra devidamente comprovada pelos laudos periciais.Os acusados chegaram a passar por um exame de insanidade mental que em julho deste ano apontou a existência de transtornos de personalidade que não provocam alienação mental e não impediriam o trio de ter consciência sobre os atos criminosos. “Apenas não respeita as regras para uma adequada e pacífica convivência social”, informam os documentos, aos quais O POPULAR teve acesso na época.Os três acusados também vão responder pelo crime de corrupção de menores, por terem levado uma adolescente a participar do assassinato de Ariane. Esta menor, hoje com 17 anos, já foi condenada ainda em 2021 pela morte da estudante, uma vez que seu processo tramitou separado.Entenda o casoO inquérito policial mostrou que o crime foi premeditado com três dias de antecedência. Ariane foi convidada pelos quatro jovens para ir a uma festa. Ela encontrou o grupo no Lago das Rosas e entrou no carro dirigido por Jeferson. A estudante sentou no banco de trás, com Raíssa e a adolescente de 16 anos. Na frente, ao lado do motorista, ficou Freya.A vítima achou até então que estava com amigos que conheceu em uma pista de skate no Setor Coimbra. Em depoimento, os acusados confessaram que já chamaram Ariane com a intenção de matá-la. A perícia encontrou oito marcas de golpes de faca no corpo da vítima, que foi abandonado em uma mata no Setor Jaó.Após o crime, os acusados foram até uma galeria ao lado do Parque Vaca Brava, no Setor Bueno, limparam as manchas de sangue em um banheiro e então se dirigiram a uma lanchonete próxima.Nas alegações finais antes da decisão encaminhada ao júri, Raíssa alegou que não seria possível prosseguir com o processo por não ter sido apontada efetivamente qual a participação de cada um na concretização do crime. Já Jeferson afirmou que foi coagido pelos colegas, e Enzo, que não há indícios suficientes para apontar a autoria ou participação no crime.Os três acusados estão presos desde o dia 10 de setembro de 2021 e na decisão sobre o júri o magistrado decidiu mantê-los detidos.