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Lázaro Barbosa criminoso desafia policiais em Goiás e Distrito Federal; veja perfil

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Lázaro Barbosa foi morto no 20º dia de buscas pelas forças policiais

Primeira pessoa morta por Lázaro Barbosa era amigo dele

O rastro de mortes cometidas pelo lavrador Lázaro Barbosa de Souza, de 32 anos, começou com o assassinato de um homem visto como “amigo” dele e do padrasto deste, na madrugada de 17 de abril de 2008, no povoado de Melancia, a 8 quilômetros de Barra do Mendes (BA), onde o acusado nasceu e cresceu. Na época, Lázaro tinha 18 anos, morava em Goiás e estava no local “a passeio”, segundo o mesmo em depoimento. Ele chegou a ficar um tempo preso, mas conseguiu fugir e, até hoje, corre um mandado de prisão pelo crime.

O POPULAR teve acesso à denúncia feita pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) e aos depoimentos de testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, além da do próprio Lázaro. Ele confessou ter matado José Carlos Benício de Oliveira e Manoel Desidério Silva, mas disse que o primeiro foi de forma acidental e o segundo por medo de vingança. Para a promotoria, Lázaro matou porque o primeiro defendeu uma moça que estava sendo ameaçada pelo acusado.

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Na noite anterior, Lázaro tinha saído com um amigo e passado por bares e uma boate da região, bebendo até por volta de 2h. Ambos estavam em uma moto e o acusado foi deixado em Melancia pelo amigo. Ele então foi até a casa de Adriana Rosa Sales, por quem tinha interesse armado com uma espingarda, de touca e uma capanga carregada de munição. Consta no processo que Lázaro possa ter ido até lá para roubar uma moto, o que ele nega. Assustada, Adriana gritou por socorro e foi acudida por vizinhos. Até então ninguém tinha visto Lázaro, que estava escondido.

Os depoimentos colhidos pela promotoria apontam que Lázaro entrou na casa de José Carlos por volta das 4h pensando que a família deste estava protegendo a jovem e o filho dela de 5 anos. A filha da vítima chegou a dizer que o lavrador poderia levar “DVD, leva a televisão, mas deixa a nossa vida em paz”. Lázaro respondeu que “só queria a Adriana”.

José Carlos, que havia aproveitado que tinha acordado para prender um cachorro no quintal do vizinho, encontrou com Lázaro do lado de fora da casa e perguntou o que estava fazendo ali. Segundo as testemunhas, o rapaz não respondeu nada, apenas efetuando um disparo que atingiu a vítima, fugindo em seguida. A vítima deu “uns quatro passos e caiu”, foi levada para um hospital, mas não resistiu aos ferimentos.

Neste interim, Lázaro foi até a casa de Manoel, padrasto de José Carlos, no povoado Melancia II, bateu na porta, foi recebido pelo filho da segunda vítima, Edejalma Desiderio de Novais, e, segundo este, disse: “Eu quero seu pai.” O dia estava amanhecendo já. Manoel aparece nos fundos em direção aos dois, Lázaro pede para o outro se afastar, o padrasto de Carlito chega mais perto da porta e pergunta: “o quê?”. O acusado, segundo Edejalma, responde secamente: “Adeus”, e dispara um único tirou que acerta a vítima no peito. Manoel morreu a caminho do hospital.

Assim como está fazendo agora, Lázaro se escondeu no matagal da região, mas na época não houve a mobilização policial da mesma proporção. Após oito dias escondido, o lavrador resolveu se entregar, indo até a fazenda de um conhecido. Em audiência na Justiça, disse que estava cansado de fugir. Para a polícia, a decisão se deu por falta de recursos no mato.

Tanto Lázaro como as testemunhas dizem que ele mantinha uma relação de amizade com José Carlos. O acusado disse que ia todos os dias à casa do amigo, o que foi confirmado por um dos filhos da vítima. Na audiência, este filho disse que “o pai era amigo demais da conta do acusado”, “que o acusado vivia na casa” deles “para comer, beber e ouvir música”.

Lázaro Barbosa confessou primeiro crime, mas disse que foi de forma acidental

Lázaro chegou a ser ouvido pela Justiça pelo duplo homicídio e confessou a autoria. Entretanto, disse que matou o amigo de forma acidental, “no susto”, e o segundo por temer que quisesse se vingar do crime, já que com este tinha uma “rixa antiga”. Por causa desta desavença, o acusado disse que chegou a morar por mais de um ano em Goiás, ainda adolescente, tentou voltar para o povoado, sem sucesso, e estava lá visitando os familiares.

O acusado diz que estava bêbado e tinha ido até a casa de Adriana para “fazer medo para ela”, mas não explicou o motivo. Ainda segundo ele, a jovem começou a gritar e então aparece um vulto atrás dele com um cachorro, quando atirou e só neste momento percebeu que se tratava de Carlito. Fugiu para casa, “pensou no que fez” e que foi conversar com Manoel, mas na casa deste ao vê-lo se aproximar, achou que estava armado e atirou primeiro.

Ele também disse que durante o tempo em que ficou escondido na mata não ameaçou ninguém e ficava entrando nas chácaras para se alimentar sem que ninguém percebesse. Numa das casas, ele trocou a espingarda usada no crime por uma cartucheira e tentou escapar com um carro, mas o mesmo quebrou no caminho, por isso ficou sempre a pé.

A forma como Lázaro se escondeu da polícia em Barra de Mendes é semelhante à atual, porém agora de forma mais violenta, já que tem encontrado famílias nas casas invadidas nos distritos de Eudilândia e Girassol e em Ceilândia, onde foi autor de uma chacina no dia 9 de junho.

No processo ao qual O POPULAR teve acesso não fica claro como Lázaro conseguiu fugir após a prisão em Barra do Mendes ou mesmo quando isso ocorreu.

Em abril de 2020, Lázaro teria invadido uma chácara próxima a Santo Antônio do Descoberto (GO) e feito quatro idosos reféns. Ele teria acertado a cabeça de um homem com um machado. A vítima sobreviveu.

Já em maio, o suspeito teria invadido outra chácara, próxima à da família assassinada em Ceilândia. Nela, ele amarrou as vítimas e as ameaçou com revólver e faca, obrigou todos a ficarem nus e as moças da família a cozinharem para ele.

2009

Lázaro Barbosa foi preso por suspeita de roubo, estupro e porte ilegal de arma de fogo no Complexo Penintenciário da Papuda (CPP).

2018

Foi recapturado em Águas Lindas (DF), conseguindo fugir do presídio no mesmo ano.

Crimes de Lázaro Barbosa por data e Estado

8 de Abril de 2020

Lázaro invade chácara em Santo Antônio do Descoberto, em Goiás, onde tenta matar idoso com golpes de machado após roubar propriedade.

26 de Abril de 2020

Invade casa em Sol Nascente (DF), onde trancou pai e filho no quarto e teria estuprado mulher após levá-la para um matagal.

8 de junho de 2021

Invade uma chácara em Ceilândia (DF), onde matou um casal e dois filhos. Buscas foram iniciadas após o assassinato em série.

12 de junho de 2021

Foge para Cocalzinho de Goiás, onde atirou em quatro pessoas, invadiu fazendas e colocou fogo em uma casa ao fugir da polícia.

13 de junho de 2021

Foi localizado na BR-070, mas após trocar tiros com a polícia conseguiu fugir pela mata.

14 de junho de 2021

Filmado no curral de uma fazenda entre os distritos de Edilândia e Girassol.

15 de junho de 2021

Dois policiais ficam feridos no sétimo dia de buscas em Edilândia um por tiro de Lázaro e outro por disparo acidental.

Crimes de Lázaro barbosa no Distrito Federal

Na última quarta-feira (9), Lázaro matou quatro pessoas da mesma família em uma chácara no Incra 9, em Ceilândia, no Distrito federal. Ele teria invadido a casa e matado Cláudio Vidal, de 48 anos, os filhos Gustavo Vidal, de 21, e Carlos Eduardo Vidal, de 15. A mãe Cleonice Marques de Andrade, de 43, foi sequestrada pelo autor dos crimes e seu corpo foi achado três dias depois no córrego da Coruja, cerca de 4,5 km da chácara, com um tiro na cabeça e hematomas nas costas e nádegas.

Crimes de Lázaro Barbosa em Goiás

Já em Cocalzinho (GO), Lázaro teria baleado três pessoas, sendo que duas delas estão em estado grave. Uma viatura da Polícia Militar estava próxima ao local, e os policiais ouviram os disparos. No entanto, ele conseguiu fugir, após dar cerca de 15 disparos contra os policiais. No mesmo dia, ele dirigia um veículo que roubou após a chacina e o jogou no acostamento quando avistou uma barreira policial. Em seguida, fugiu pela mata.

Crimes de Lázaro Barbosa na Bahia

Lázaro também é acusado de um duplo homicídio ocorrido no município de Barra do Mendes (BA), em 2007. Na ocasião, ele teria sido preso após se apresentar à polícia, mas conseguiu fugir cerca de dez dias depois.

Lázaro Barbosa tem perfil de spree killer, diz psicólogo forense; entenda o que isso significa

Lázaro Barbosa, o fugitivo que tem mobilizado as forças de segurança em Goiás e Distrito Federal, tem características de personalidade que estão diretamente relacionadas com os crimes cometidos, mas, diferente de como tem sido chamado, ele não pode ser considerado um serial killer. Segundo o psicólogo forense Leonardo Faria, o perfil de Lázaro é semelhante ao de um spree killer, assassino que mata várias pessoas ao mesmo tempo, de forma aleatória, e não busca vítimas com características semelhantes, como faz um assassino em série.

Para o especialista, a forma de agir de Lázaro é diferente da de um assassino em série, que mata pessoas em um determinado intervalo de tempo, que pode ser de dias, meses ou até anos. “Atribuir o termo serial killer a Lázaro não é adequado no momento, até porque ele não faz um planejamento prévio como faz um assassino em série. Além disso, ele apresenta um nível de impulsividade e agressividade que o exclui dessa denominação”.

Laudo criminológico de Lázaro Barbosa

Segundo um laudo criminológico feito em 2013, quando Lázaro foi preso por porte de arma e estupro, em seu histórico de vida foram observados alguns eventos que prejudicaram seu desenvolvimento psicossocial, como agressão familiar, uso abusivo de álcool e outras drogas, falecimento familiar, abandono das atividades escolares, trabalho infantil e situação financeira precária. Para o especialista, essas situações podem servir de gatilho para uma pessoa que já possui alguma predisposição a transtornos de personalidade.

Ainda de acordo com o documento, Lázaro apresentou características como “agressividade, ausência de mecanismos de controle, dependência emocional, impulsividade, instabilidade emocional, possibilidade de ruptura do equilíbrio, preocupações sexuais e sentimentos de angústia”.

Arte/O Popular
Cronologia dos crimes de Lázaro Barbosa
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