Geral

Lojistas da Região da 44 se queixam de Feira Hippie às sextas-feiras

Zuhair Mohamad
Waldivino da Silva: maioria das vendas no atacado acontece na sexta

Os feirantes da Feira Hippie se preparam para voltar a trabalhar de sexta-feira a domingo, depois que a Prefeitura, por meio da Secretaria de Desenvolvimento e Economia Criativa (Sedec), revogou a portaria que permitia o funcionamento apenas aos sábados e domingos.

Mas os empresários da Região da 44 preveem que a medida poderá provocar um verdadeiro caos no polo confeccionista neste fim de ano, com uma intensa disputa por espaços entre os feirantes, camelôs e lojistas, devido à falta de fiscalização do município.

O clima entre os feirantes é de comemoração pela volta das vendas a partir desta sexta-feira (19), após mais de um ano e meio. Antes da pandemia, a feira funcionava nos três dias da semana. Quando o funcionamento foi liberado, em março deste ano, eles só puderam trabalhar aos sábados e domingos.

“Foi desesperador ficar tanto tempo sem a sexta-feira, quando acontece a maioria das vendas no atacado, pois os ônibus com compradores de fora vão embora neste dia. Eles mesmos pediam o retorno da feira às sextas”, diz o presidente da Associação dos Feirantes da Feira Hippie, Waldivino da Silva. Segundo ele, os feirantes estavam fazendo apenas vendas no varejo aos sábados e domingos, o que não garante renda suficiente para as famílias que vivem da feira.

Para Waldivino, é preocupante o fato de que a volta do funcionamento da Feira Hippie às sextas-feiras tenha se tornado motivo de reclamação por parte dos lojistas da região, que fizeram muita pressão sobre a Prefeitura para evitar a medida, considerada uma importante vitória. “Isso está se tornando uma espécie de rivalidade, que é muito ruim para todos.”

De acordo com ele, a reclamação ocorre porque muitos lojistas estariam deixando as galerias e voltando para a feira por conta do alto custo dos aluguéis. “Isso tudo é muito injusto porque todos os empreendimentos dali começaram por causa da Feira Hippie. Os feirantes estavam muito revoltados sem poderem trabalhar às sextas e não tínhamos mais como segurá-los”, ressalta.

Fiscalização

Em outubro, a Prefeitura lançou a Operação Boas Compras na Região da 44, que foi considerada um fracasso pelos empresários locais. A Associação Empresarial da Região da 44 (AER444) reclama da ausência de fiscalização urbana por parte do município.

O presidente-executivo da AER44, Crhystiano Câmara, ressalta que os lojistas foram os primeiros a terem que fechar as portas e, por muito tempo, trabalharam com restrições de horários e de lotação por causa da pandemia.

“Já os ambulantes nunca pararam e fazem o que querem. Neste fim de ano, com retomada de lojas e dos empregos, eles invadem calçadas e ruas, atrapalham o trânsito de carros e o fluxo dos turistas de compras e a fiscalização municipal nada faz”, diz. Ele lembra que, historicamente, a Feira Hippie sempre funcionou do começo da tarde de sábado até o fim da tarde de domingo, justamente para evitar conflito entre lojistas e feirantes.

Para o presidente da AER44, a volta da feira às sextas é uma decisão imprudente no fim do ano, quando o movimento de carros, pessoas e ônibus é enorme. “A região, que sempre teve graves problemas de trânsito, ficará ainda mais tumultuada com a feira fora da Praça do trabalhador. Vai ficar intransitável e afugentar o nosso turista de compras”, prevê.

Segundo os empreendedores, a feira afeta até o terminal rodoviário, que teve que improvisar um novo acesso dos ônibus à área de embarque e desembarque, e trava o trânsito na região, mesmo após a inauguração do Viaduto da Moda, que liga o setor Nova Vila ao Norte Ferroviário.

“Essa decisão, sem qualquer planejamento, atrapalha o funcionamento de um importante equipamento público, a rodoviária, e deixa fechada por três dias na semana uma infraestrutura de mobilidade importante pra toda a cidade”, afirma Crhystiano Câmara.

Crhystiano lembrou que, num passado não muito distante, a ausência da Prefeitura para o devido cumprimento do ordenamento urbano levou a situações lamentáveis, como brigas e até óbitos causados por desentendimento entre ambulantes. “Essa inoperância e irresponsabilidade geram uma forte tensão, que muitas vezes resulta em vias de fato, quando não mortes”, destaca.

Promessa de campanha

Em nota, a Sedec informou que a Prefeitura de Goiânia liberou a realização da Feira Hippie também às sextas-feiras por causa do avanço da vacinação contra Covid-19, que permite a retomada das atividades econômicas. Segundo a secretaria, a decisão foi tomada após um longo diálogo entre secretarias e feirantes, observando os dados sanitários da Saúde Municipal.

“O funcionamento da feira às sextas-feiras também foi uma promessa de campanha do prefeito Maguito Vilela, que o prefeito Rogério Cruz faz questão de honrar como todas as demais. A Prefeitura de Goiânia acredita que há espaço para todos na Região da 44, feirantes e comerciantes”, diz a nota.

“Eu tenho trabalhado constantemente para que voltemos ao nosso normal em Goiânia. E o funcionamento da Feira Hippie às sextas-feiras foi uma promessa de campanha do prefeito Maguito Vilela e eu vou cumprir essas promessas”, declarou o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, na ocasião do anúncio da decisão.

Na mesma ocasião, o titular da Sedec, Paulo Henrique Rodrigues Silva, lembrou que, por conta da pandemia, os feirantes também foram muito afetados e que o retorno às sextas-feiras trará a esperança de um retorno financeiro positivo para esses trabalhadores.

Comentários
Os comentários publicados aqui não representam a opinião do jornal e são de total responsabilidade de seus autores.
ANUNCIE AQUI