O cantor porto-riquenho Luis Fonsi, um dos autores do hit "Despacito", criticou o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, por usar a música para promover sua Assembleia Constituinte.
A adaptação foi divulgada pelo próprio mandatário, durante seu pronunciamento dominical na televisão, e fala sobre a eleição marcada para o próximo domingo (30). "Temos uma canção feita por um grupo de criadores. Ainda não a vi, mas vamos ver se ela passa no teste para viralizar", disse Maduro, que bate palmas ao som da canção.
Em seu perfil no Twitter, Fonsi escreveu que gosta das versões de "Despacito" feitas ao redor do mundo, mas ressaltou que é preciso "haver um limite". "Em nenhum momento eu foi consultado ou autorizei a mudança da letra de Despacito para fins políticos, muito menos em meio à deplorável situação que vive um país do qual eu gosto muito como a Venezuela", disse.
Em seguida, o cantor acrescentou que seu hit não deve ser usado como propaganda para "manipular a vontade de um povo que está gritando por liberdade e um futuro melhor". A letra da canção, também assinada por Daddy Yankee, é repleta de referências sensuais, substituídas pelo governo venezuelano por palavras em apoio à Assembleia Constituinte
"Tenho uma grande mensagem para você / Convoquei a Constituinte, que só quer unir o país / Despacito / Abra bem os olhos e veja seu povo / Estenda a eles sua mão hoje, amanhã e sempre/ Que são seus irmãos que estão na frente / Despacito / Exerça seu voto ao invés das balas / Venha com suas ideias sempre em paz e calma / E que a esperança brilhe em sua alma", diz a música adaptada pelo regime chavista.
A eleição da Constituinte está marcada para o próximo domingo, mas é criticada pela oposição, que acusa o presidente de querer se perpetuar no poder, e por parte da comunidade internacional, incluindo Brasil, Estados Unidos e União Europeia, que pedem para Maduro desistir da votação.