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Lutador acusado de agressões tem processo parado há 10 anos

Reprodução/TV Anhanguera
Vítimas denunciam Tiago Gomes de Oliveira por agressões físicas, violência psicológica e material, além de ameaças de morte e injúrias

Enquanto novas vítimas procuram a polícia para denunciar o lutador de jiu-jítsu e programador Tiago Gomes de Oliveira, de 41 anos, um processo contra ele por violência doméstica tramita na Justiça desde 2014 sem previsão para que haja uma decisão definitiva sobre a acusação. Além deste caso, houve outro, dois anos depois, no qual Tiago chegou a ser preso em flagrante por estupro, porém, por causa da legislação da época, com a decisão da vítima em não representar mais contra o lutador, o processo foi arquivado. Assim como as vítimas que estão denunciando ele agora, as anteriores também são ex-namoradas.

Tiago chegou a ser preso em 6 de abril durante um campeonato de jiu-jítsu no Ginásio Rio Vermelho ao ameaçar matar uma ex-namorada e o noivo dela. Ele foi solto dois dias depois. Mas a partir de então pelo menos outras sete mulheres estiveram na Polícia Civil para denunciá-lo. Em entrevista à TV Anhanguera, porém, vítimas relatam estarem com medo agora que ele foi solto. “Algumas vítimas estão com medo de denunciar e acontecer alguma coisa com elas, né? Até mesmo pela vida delas, dos seus”, contou uma, cuja identidade foi preservada pela emissora.

No dia anterior à prisão, a ex ameaçada procurou a polícia pela quinta vez pedindo uma medida protetiva contra o lutador por estar cansada e com medo das constantes ofensas e ameaças feitas por ele desde o término do namoro e intensificadas depois que ela iniciou um novo relacionamento. O namoro durou quatro anos, mas há dois eles já não estavam mais juntos. A nova relação havia começado em junho do ano passado. No ginásio, Tiago teria ofendido não apenas ela e o noivo como também duas outras ex-namoradas presentes.

Há exatos 10 anos, uma outra ex-namorada de Tiago procurou a polícia afirmando ter sido agredida por ele quando levou a filha deles para visitar a ex-sogra. Eles tiveram uma relação de três anos e estavam separados há cerca de um, porém, segundo a vítima, o lutador que já era agressivo durante o namoro, seguiu com ofensas e ameaças após o término. Duas amigas da ex prestaram depoimento na época confirmando terem ouvido e lido as mensagens dele com as agressões verbais e ameaças.

A agressão que motivou a ida da ex à delegacia se deu no dia 12 de abril de 2014. Ao visitar a mãe de Tiago, ele apareceu no local e pegou a criança, uma recém-nascida, para levá-la a um amigo, porém ela pediu para que isso não ocorresse. Segundo a vítima, nesta hora ele teria fechado a porta do imóvel onde estavam contra o braço dela, apertando-a e causando uma lesão. No depoimento, ela também citou uma frase que ele dizia a ela: “fica esperta comigo, estou te avisando, você está caçando jeito de te acontecer alguma coisa”.

Tiago foi indiciado por ameaça e lesão corporal, denunciado pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) e tornado réu pela Justiça em julho daquele ano. Porém, como não foi localizado para ser citado, o processo travou. Em 2020, o Judiciário decidiu tirar a acusação de ameaça porque a previsão de punibilidade havia prescrito. Os autos continuam suspensos até o momento, sem movimentação significativa desde 2022.

Preso por horas

Dois anos depois, o lutador chegou a ser preso em flagrante por tentativa de estupro, lesão corporal e injúria contra uma ex-namorada, com quem teve uma relação de um ano e meio. A prisão se deu três semanas após o término, quando ela foi até a casa do lutador buscar o filho de ambos, momento em que, segundo depoimento inicial dela, ele forçou uma relação sexual mediante agressões físicas e verbais. Um irmão do acusado apareceu na hora, e ela escapou.

A ex conta que na ocasião chegou a ligar diversas vezes, sem sucesso, para a Polícia Militar e foi orientada pela família a procurar uma delegacia especializada, momento em que os policiais foram até a casa de Tiago e o prenderam. No mesmo dia, a mulher voltou à delegacia para retirar a queixa por tentativa de estupro, alegando que estava muito abalada anteriormente.

O lutador foi solto após audiência de custódia no mesmo dia da prisão sob alegação de que não estava dentro do prazo de flagrante. Posteriormente, ele foi denunciado pelos crimes de injúria e lesão. Entretanto, após se tornar réu, em setembro de 2016, o processo seguiu um caminho semelhante ao de 2014, com a Justiça tendo dificuldade em localizá-lo para citação e os autos travando até novembro de 2020. Foi nesta época que a defesa do lutador recorreu informando sobre a retirada da queixa pela ex. Como os outros crimes prescreveram a punibilidade, o processo foi arquivado no mesmo mês.

Novos casos

Além da ex que foi ameaçada com o noivo durante o campeonato, as outras duas ex presentes que também foram ofendidas por Tiago procuraram a polícia para registrar queixa e também pedir medidas protetivas. Em um dos casos, a vítima contou que havia terminado a relação na qual era vítima de ofensas em outubro do ano passado e mesmo assim continuou sofrendo agressões verbais. A outra mulher contou que em um treino de jiu-jítsu com Tiago ele a deixou inconsciente por meio de uma agressão, visto que o golpe não era permitido.

Essa denúncia de agressão durante o treino foi repetida por outra ex nesta segunda-feira em entrevista à TV Anhanguera. Neste caso, a vítima contou que foi agredida na boca e ameaçada por ele quando estavam em um movimento no treino no qual ele conseguiu ficar por trás dela e sussurrando a ameaçou.

Uma das denúncias investigadas pela Polícia Civil é de que Tiago seria portador de sífilis e mesmo consciente da doença teria contaminado ex-namoradas durante relações sexuais desprotegidas. Ele também é suspeito de gravar relações sexuais sem consentimento das mulheres e guardar as imagens. A Polícia Civil diz que as investigações contra o lutador começaram no dia 1º de abril, antes mesmo da prisão, e que desde então oito mulheres procuraram a delegacia para relatar agressões, ofensas e ameaças, incluindo a que estava com o noivo.

A defesa de Tiago alega que as denúncias envolvem uma situação de insatisfação das mulheres pelo término dos relacionamentos e que no decorrer do processo será provada a inocência do lutador. Em relação aos processos de 2014 e 2016, diz que a situação é similar, envolvendo ex-namoradas frustradas com o fim da relação e que as mesmas retiraram as queixas posteriormente.

Ainda segundo a defesa, não foi coincidência três ex-namoradas estarem presentes no campeonato no dia da prisão e que isso teria sido combinado entre elas. Assim como Tiago, entretanto, as três praticam jiu-jítsu e o noivo de uma delas estava lá como atleta em disputa de lutas. Por fim, a defesa alega que há testemunhas que corroboram a versão de Tiago e que ele está tranquilo quanto à sua inocência, colaborando com a Justiça.

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