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Luto infantil: veja como falar sobre morte com crianças

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Algumas perdas são inevitáveis, e a morte de um ente querido talvez seja a pior delas. Mesmo sendo doloroso para qualquer pessoa, falar sobre esse assunto, sobretudo com as crianças, é um caminho necessário. Mas como conversar com os pequenos sobre a perda? E como ter essa conversa num momento em que os adultos também estão fragilizados?

O luto é uma reação emocional tão natural quanto difícil. É assim para todas as idades, inclusive entre as crianças. Embora guarde semelhanças com o processo de adultos, o luto infantil pode apresentar algumas particularidades.

Antes de qualquer coisa, é preciso entender que não se trata de apenas uma conversa. A assimilação da perda e a experiência do luto requerem uma abertura ao diálogo constante. É preciso falar e ouvir muitas vezes sobre os diferentes sentimentos envolvidos. Acontece da mesma forma com adultos, não é mesmo?

Veja seis maneiras de falar sobre a morte com as crianças.

 

1.   Apresentar o tema antes

A perda de uma pessoa querida faz parte da vida. Apresentar o tema para a criança antes que  ela o vivencie facilita a assimilação gradual da finitude da vida.

Filmes como Rei Leão, Up, ou Viva a Vida ajudam a introduzir o tema. A literatura infantil também permite a abertura do diálogo a partir da ficção. A contadora de histórias Flávia Scherner sugere uma lista de livros infantis sobre perdas e morte no canal Fafá Conta.

2.   Transparência e honestidade com a criança

Apesar de ser tentadora a ideia de poupar as crianças dos sofrimentos da vida, omitir ou mentir sobre o tema talvez não seja uma boa opção. O silenciamento pode atrapalhar na compreensão da criança sobre o que está acontecendo.

Quando alguém morre, além da ausência dessa pessoa, a criança percebe a alteração emocional dos adultos à sua volta. Ela pode sofrer igualmente, mas sem entender o porquê. Não explicar o que está acontecendo ainda cria um tabu sobre o assunto, uma aura de segredo, como se a dor e o sofrimento fossem assuntos proibidos.

Na hora da conversa, é importante ter cuidado com metáforas sobre “viagem”, por exemplo, para não gerar confusão nos conceitos e, talvez, criar uma expectativa que não se concretize. Nesse sentido, a metáfora de “virar uma estrelinha” pode ser mais eficiente para suavizar um pouco o assunto, especialmente entre os mais novinhos.

E não precisa esconder seu sofrimento. Entender que os adultos também têm momentos mais vulneráveis, de tristeza e incerteza, também ajudam no amadurecimento emocional das crianças. Se os pais conseguem falar sobre isso com honestidade, a criança, aos poucos, aprenderá a fazer o mesmo.

3.   Não é preciso saber todas as respostas

Muitas vezes, a vontade de evitar o assunto é causada pela própria dificuldade de entender o que aconteceu. “Como falar do que nem eu mesmo sei?”, se perguntam alguns pais.

É importante lembrar que cada cultura, religião ou família constrói narrativas sobre a morte – não existe apenas uma. Compartilhar a dúvida ou as crenças é uma forma saudável de elaborar e acolher os sentimentos e criar uma interpretação para o que aconteceu.

Porém, independentemente das crenças, recomenda-se deixar claro para as crianças que o corpo não funciona mais depois da morte, e que esse é um processo irreversível.

4.   Entender o sentimento e as manifestações físicas do luto

É fundamental abrir espaço para a criança expressar os sentimentos, seja raiva, tristeza, medo, culpa ou ansiedade. Essas emoções provocam reações no corpo que variam conforme a pessoa: vontade de chorar, fraqueza, náusea, tremor, aperto no peito, embrulho no estômago etc.

Pergunte à criança como ela está percebendo tudo o que está acontecendo. Deixe-a falar livremente. Conversar sobre essas percepções também é importante para elaboração do luto, autoconhecimento e desenvolvimento emocional.

5.   Dar tempo ao luto infantil

O sentimento de perda pode se manifestar em momentos diferentes para adultos e crianças. Para as menores, é comum que, inicialmente, não percebam a gravidade da morte da mesma forma que um adulto.

Não estranhe se a criança agir como se nada tivesse acontecido, especialmente se não for alguém que faça parte das relações diárias. Com o tempo, conforme percebem a irreversibilidade da morte e da ausência, começam a experimentar a dor da perda.

Ao mesmo tempo em que se deve respeitar esse tipo de reação, é importante ficar atento às manifestações não explícitas do luto, como mudanças de comportamento, de apetite ou alterações no sono e no humor.

6.   Estimular boas lembranças

Lembrar de histórias e rever fotografias é uma forma de mostrar à criança que a pessoa que faleceu poderá não estar mais junto presencialmente, mas que continuará fazendo parte da memória de cada um. E que por mais que seja triste pensar que não teremos mais a pessoa por perto, podemos sempre visitar as lembranças.

Desenhar ou escrever uma carta agradecendo os momentos vividos também são formas de assimilar aos poucos a morte.

Fonte: Unimed

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