A família da bebê Rebeca Neves, de apenas 1 ano e 6 meses, está lutando para obrigar o estado a arcar com o tratamento para assimetria craniana, feito com o uso de uma órtese, mais conhecida como “capacetinho”. A bebê foi diagnosticada com plagiocefalia posicional, má formação que pode deixá-la cega e sem andar.Os pais entraram com o pedido no Ministério Público de Goiás (MP-GO) em julho deste ano pedindo ao governo o tratamento urgente à criança. A família acionou a Justiça e obteve causa favorável para que o estado pagasse pelo tratamento, que custa R$ 17,5 mil, no dia 13 de setembro.O documento obrigava o estado a fazer o pagamento em um prazo de 10 dias. Porém, já completa um mês e 14 dias até a publicação desta reportagem. A decisão não cabe recurso.Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) se pronunciou a respeito do caso de Rebeca Neves, informando que o laudo médico da criança não foi feito em Goiás e que o material não é fornecido pelo SUS. Diz ainda que a bebê deve passar por uma consulta no estado para avaliar o tratamento (íntegra abaixo). Rebeca apresenta plagiocefalia posicional em grau bem elevado, com índice de assimetria craniana (CVAI) considerado muito grave para a idade da paciente. O relatório médico aponta que a janela terapêutica possível se finda aos 18 meses de vida, segundo os protocolos mundialmente reconhecidos. Caso a condição médica de Rebeca não seja corrigida, ela poderá ter problemas de oclusão dentária, perda de campo visual, dificuldade no aprendizado escolar, dentre outras complicações de saúde no futuro.A órtese craniana que a bebê necessita para o tratamento é fabricada no exterior, podendo levar até 20 dias para importação e chegada ao Brasil para início da terapia. Segundo a mãe Kethellyn Vitória, sua filha com 1 ano e 6 meses ainda não conversa, não anda, não engatinha, pois a plagiocefalia posicional gera atraso no desenvolvimento da criança.Minha filha sente dores na cabeça, não consegue apoiar o lado de trás da cabeça e tem uma sensibilidade muito grande na região. A Rebeca não consegue ter um equilíbrio total do corpo e tem um atraso no desenvolvimento motor. Ela não consegue engatinhar por não ter total estabilidade no corpo e não fala nada ainda”, disse.“A Rebeca faz fisioterapia três vezes na semana e possui o acompanhamento com neuropediatra. A fisioterapia ajuda no desenvolvimento do corpo da minha filha, mas não resolve o problema da assimetria. É uma forma dela sentir menos dor e todo o corpo", afirma a mãe.Assimetria cranianaAs assimetrias cranianas posicionais podem se manifestar de diversas maneiras: plagiocefalia, braquicefalia e escafocefalia, conforme aponta a fisioterapeuta Carolina Gomes Matarazzo.No caso da plagiocefalia posicional: um lado do crânio é diferente do outro, podendo ocorrer em diversos graus (já existem classificações clínicas e escalas que possibilitam tal análise no próprio consultório). Nos casos mais severos pode ser notável uma diferença no posicionamento das orelhas e da face.A braquicefalia posicional acontece quando a cabeça é evidentemente mais larga e com toda a região posterior achatada, de forma simétrica ou não. Enquanto, a escafocefalia é identificada quando a cabeça é estreita e alongada.O bebê pode nascer com assimetria craniana devido à posição intrauterina. Seja pelo fato da mãe ter um quadril estreito, do bebê ser muito grande ou/e, principalmente, nas gestações múltiplas - gêmeos, trigêmeos - quando o espaço dentro do útero fica “apertado”.Nota da SES“A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) informa sobre o caso da paciente: - A prescrição da órtese para a criança foi feita em consulta no Distrito Federal, e é referente a material (órtese) não fornecida pelo SUS; - Na rede da SES-GO, foi solicitada consulta com neurocirurgião pediátrico para a paciente, para a qual busca-se provimento o mais rápido possível; - Esse médico especialista verificará a conduta prescrita; e caso avalie que o material sobredito é o mais adequado para a paciente, verificar-se-á a forma mais adequada de se atender a demanda.”