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Medicamento de menos de R$ 20 combate Alzheimer em estudo clínico feito com ratos

Pixabay

Um novo aliado no tratamento do Alzheimer parece ter sido encontrado. Os problemas de memória característicos da doença foram totalmente controlados, em um estudo com ratos, com a administração de medicamentos já conhecidos na prática clínica.

Os cientistas, liderados por David Brough, da Universidade de Manchester, conseguiram os resultados positivos ao utilizarem ácido mefenâmico, um anti-inflamatório não-esteroide, no tratamento terapêutico. O medicamento custa menos de R$ 20 no Brasil e só pode ser comprado com receita.

Ele costuma ser prescrito para casos de artrite reumatoide e dores menstruais. Os possíveis efeitos colaterais ao remédio incluem: infarto do miocárdio, derrame, hipertensão, reações cutâneas graves, insuficiência renal, choque anafilático e problemas psiquiátricos, respiratórios, auditivos, oculares, de fertilidade e gastrointestinais.

O alvo era a inflassoma NLRP3, um complexo proteico (várias proteínas juntas com múltiplas funções) ativo durante quadros inflamatórios.

Esse amontoado de proteínas tem um papel central no desenvolvimento da inflamação, da patologia e para os defeitos de memória encontrados em ratos com Alzheimer. Atualmente não são conhecidos inibidores eficientes da NLRP3.

Os ratinhos começaram a ser tratados em idades em que já apresentavam déficit de memória. Após 28 dias recebendo ácido fenâmico, todos os problemas relacionados a esquecimento haviam sido completamente controlados.

Os anti-inflamatórios em questão, segundo o estudo, são candidatos atraentes para uma abordagem polivalente no tratamento de doenças inflamatórias. Isso porque, quando administrados, seus alvos são múltiplos, tornando-o mais ativo mesmo com doses menores.

Segundo o estudo, há chance real de a medicação utilizada ser uma terapia inovadora para doenças relacionadas a inflamações.
Os resultados animadores, porém, não podem ser estendidos para casos humanos. Há evidências robustas em ratos da ligação entre a NLRP3 e as doenças inflamatórias, mas o mesmo não ocorre para pessoas. Por conta disso, os especialistas afirmam que há necessidade de mais estudos para uma avaliação segura.

Os pesquisadores acreditam que o sucesso da experiência em ratos pode acelerar testes de eficácia clínica em humanos. Além disso, a medicação utilizada no experimento não é uma novidade. Ela é conhecida e rotineiramente utilizada na prática clínica e, desse modo, poderia rapidamente ser redirecionada para outras condições de saúde.

Contudo, os cientistas alertam que o ácido fenâmico produz efeitos colaterais e, portanto, não deve ser tomado para o combate ao Alzheimer.

O estudo foi publicado na "Nature Communications".

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