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Moradores improvisam barreiras para tentar conter água da chuva em bairros de Goiânia

Diomício Gomes
Capa asfáltica arrancada na Rua Urbano Berquó, na Vila Mauá: à tarde, reparo já havia sido feito no local

GABRIELLA BRAGA

Moradores e comerciantes dos setores mais atingidos pelas fortes chuvas deste fim de semana, em Goiânia, relatam preocupação com a força d’água que desce pelos córregos que cortam a capital. Para alguns, a solução encontrada foi instalar barreiras de contenção aos alagamentos. Mesmo assim, a quantidade de água que caiu neste domingo (7) causou transtorno aos goianienses.

No Setor Castelo Branco, na região Oeste, uma igreja evangélica ficou alagada após o Córrego Cascavel transbordar na altura da ponte da Rua Jaraguá com a Marginal Cascavel. A água descia rapidamente pelo curso d’água canalizado e, na ponte entre as vias, extravasou e inundou ruas. No local, o estagiário Américo Emanuel Silva, de 18 anos, filho do pastor Adailton, relata que no fim do ano passado foi colocada uma mureta para evitar entrada de água.

A medida foi tomada após instrumentos musicais serem perdidos em um alagamento. “A gente chegou o violão estava boiando”, conta o jovem. À época, uma caixa de som também estragou pela água. Desta vez, conta ele, o estrago só não foi maior por conta de duas muretas instaladas em frente às portas de aço. Ao menos um teclado musical ficou danificado neste domingo.

O jovem acredita que esta foi uma das chuvas mais fortes dos últimos anos, ao menos na região onde a igreja está instalada há cerca de 10 anos. “Iria no joelho tranquilamente se não tivesse a mureta”. Mas, destaca, é comum que ocorra alagamentos mesmo quando a chuva é mais fraca. “Praticamente todo ano tem (enchente). Se não tem em um, tem no outro”, diz.

Américo também faz estágio em uma academia próxima à igreja. O local, que conforme ele já sofreu prejuízos em outros alagamentos, não teve muitos problemas desta vez por conta de uma barreira física. Entretanto, em um cômodo do estabelecimento, onde fica a recepção, parte da água entrou por baixo das portas e alagou o chão. Segundo o jovem, muita areia também foi levada aos locais.

Ao lado da academia, a casa de João Ferreira Cortes Junior, de 63 anos, só não ficou alagada porque um segundo portão barra a água que chega da rua. O idoso, que mora há 50 anos no local, conta que tomou a iniciativa uns 15 anos atrás, quando um portão caiu pela força da enxurrada. E acrescenta que não é a primeira vez que vê situação semelhante a deste fim de semana.

“Sempre alaga com chuva forte. Se chover pouco também, às vezes. Porque se o córrego tiver cheio, não escoa a água da rua”, explica, ao mostrar os tubos que escoam a água das vias urbanas para o Córrego Cascavel. “Eles são baixos”, aponta. João relata ainda que, quando tomou conhecimento de que o curso d’água corria fortemente, retomou para casa rapidamente. Ao chegar às proximidades, entretanto, teve de deixar o carro num ponto mais acima. Enquanto tentava descer a pé, quase foi levado pela enxurrada. “Água estava batendo acima do joelho. Eles (Prefeitura) falam que é chuva atípica, mas eu já vi várias vezes.”

Na altura do Viaduto Jornalista Joaquim Câmara Filho, no Setor Vila Canaã, também na região Oeste, o vendedor Ítalo Guilherme Alves, de 24 anos, comenta que a loja de radiadores onde trabalha teve o chão alagado pela água que desce a Avenida Pedro Ludovico. Localizado nas proximidades do Córrego Macambira, o estabelecimento recebeu parte da água que extravasou. Lama levada pela enxurrada também entrou no imóvel. Mas sem grandes prejuízos.

Há mais de seis anos trabalhando no local, ele conta que a situação não é incomum. Mas, a chuva de domingo (7), “foi fora do normal”. Para ele, o problema é a água que desce pelo córrego rapidamente. “Porque bueiro o pessoal da Prefeitura limpa, pelo menos aqui na frente, a cada dois ou três meses”, conta.

Recorrente

A inundação no local, que deixou a parte inferior do viaduto sem tráfego durante horas, também afetou o torneiro mecânico Diogo Erick Caetano, de 42. Ele aponta que sempre alaga no local quando chove muito. Desta vez, a água entrou parcialmente no estabelecimento, mas também sem causar prejuízos.

Próximo ao local, na Rua Urbano Berquó, na Vila Mauá, a malha asfáltica da via foi levada pela força da água. A reportagem esteve no local na tarde desta segunda-feira (8) e o reparo na pista já havia sido feito. Uma moradora relata que a enxurrada descia rapidamente pela via e foi levando asfalto, caçambas de entulho e sacolas de lixo que estavam no local.

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