Morreu, na tarde desta quinta-feira (1º), José Ribeiro da Silva, de 62 anos, o paciente oncológico que havia sido enviado vivo para a funerária após ter o óbito erroneamente constatado pelo Hospital Estadual do Centro-Norte Goiano (HCN). De acordo com sua irmã, Aparecida Ribeiro, o idoso estava internado na UTI de um hospital de Ceres quando teve a morte confirmada. Ele foi sepultado às 10h desta sexta-feira (2), em Rialma. Na manhã da última quarta (30), Aparecida procurou a polícia para denunciar a situação. A mulher relata ter sido comunicada oficialmente da morte de seu irmão na noite de terça (29) pelo HCN, em Uruaçu, onde ele estava internado. No entanto, horas depois Aparecida recebeu a ligação de um agente da funerária que, em desespero, contou que o homem, na verdade, estava vivo.José Ribeiro teria sido dado como morto e ficado mais de cinco horas dentro de um saco plástico usado para cadáveres. Aparecida, que é natural de Rialma, narra que José faz tratamento contra um câncer na garganta desde fevereiro deste ano. Entre quimioterapia e internações, o homem foi internado pela última vez no dia 23 de novembro, no HCN.Ainda segundo ela, o irmão, que passou por traqueostomia e se alimentava por sonda, teria apresentado uma piora na madrugada da última sexta-feira (25), o que a fez desconfiar da medicação que estava sendo usada.“Meu irmão não estava respirando direito. Daí eu pedi pra retirar o medicamento da veia, mas me falaram que não podia, senão ele iria sentir muita dor. Mas meu irmão estava delirando”, recorda. Angustiada com a situação, Aparecida relata que foi para a capelinha do hospital, e quando voltou, José havia sido transferido de quarto.Ela voltou a vê-lo no domingo e na segunda-feira. “Ele estava entubado e sedado, mas a pressão estava normal”, diz. Porém, por volta de 8h30 desta terça-feira (29), veio a notícia do morte do irmão. A mulher conta que foi chamada ao hospital e lá, foi comunicada pelo médico e um assistente social que José Ribeiro havia falecido às 20h12, e já havia sido enviado para a funerária, para os devidos procedimentos.Na declaração de óbito é informado choque séptico como causa da morte. Entretanto, à 1h de hoje, menos de cinco horas depois, Aparecida recebeu a ligação de um agente da funerária de Rialma, que havia recebido o corpo do irmão. O homem, segundo a mulher, tinha desespero na voz.“Ele me ligou e falou ‘Dona Aparecida, a senhora sabe onde é a funerária?’, e eu falei: ‘Sei.’ Ele disse ‘Vem pra cá imediatamente! Seu irmão está vivo, ele não está morto!’”.TransferidoApós a constatação de que José Ribeiro estava vivo, ele foi transferido para o Hospital Municipal de Rialma, onde está internado. Enquanto isso, Aparecida cobra por justiça.“Meu irmão ficou cinco horas dentro de um saco plástico! Ele estava gelado! Eu vou até o fim do mundo! Eles precisam pagar por essa covardia!”, disse à reportagem, com a voz embargada. O caso foi registrado na Delegacia de Rialma, mas deve ser enviado para Uruaçu.Médico foi afastadoEm nota enviada nesta quinta (1º), a Secretaria Estadual de Saúde (SES) disse que o hospital tomou conhecimento dos fatos durante a manhã, e que afastou o médico responsável.Veja abaixo:“NOTA-SESA Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) esclarece que o Hospital Estadual de Uruaçu tomou conhecimento dos fatos hoje pela manhã. O médico foi imediatamente afastado e uma sindicância instaurada para apurar o ocorrido. O diretor técnico do hospital foi para Rialma, cidade do paciente que está em tratamento paliativo oncológico no Hospital, para prestar assistência ao mesmo e aos familiares.A SES-GO lamenta profundamente o ocorrido e informa que a direção do HCN está dando todo o suporte ao paciente e familiares, e tomará todas às medidas cabíveis.Secretaria de Estado da Saúde de Goiás”-Imagem (1.2571013)