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Morte de professor no Centro de Goiânia foi acidental, diz Polícia Civil

Arquivo Pessoal
Luiz Pereira acompanhava crianças surdas em salas de aula

A Polícia Civil concluiu que foi acidental a morte do professor de libras Luiz Pereira de França Júnior, de 54 anos, após ser encontrado ferido em uma rua no centro de Goiânia na madrugada de 4 de dezembro. Na época, suspeitou-se de que ele teria sido vítima de um latrocínio por espancamento, pois teria sumido o cartão de débito que ele portava. As investigações apontam, entretanto, que após deixar a pé uma distribuidora de bebidas por volta de 1h45 o professor - que sofria com problemas de locomoção - teve várias quedas no caminho para casa, sendo que a última delas, mais grave, o deixou inconsciente e com um sério ferimento na cabeça.

Luiz Pereira era surdo e tinha dificuldade de fala, de locomoção e de equilíbrio. Por causa de uma agressão há 10 anos em frente ao prédio em que morava, no Setor Vila Nova, passou a ter a coordenação motora bastante reduzida, como sequela da violência. Sua morte causou comoção entre professores e na comunidade surda. Um dia antes de ser encontrado na rua, ele havia saído para um almoço na Associação de Surdos de Goiânia.

O homem que pegou o cartão foi identificado e localizado pela polícia. Em depoimento, Wanderson Marques da Silva, de 32 anos, disse que vive em situação de rua e viu o professor caído no chão, ajudando-o a se levantar próximo a uma banca. Ele confessou o furto, afirmou que já encontrou a vítima com um corte no rosto e sangrando muito, mas negou qualquer ato de violência. Uma funcionária de um hotel próximo confirmou a versão. Isso aconteceu durante a penúltima queda do professor na rua.

Não se sabe o número exato de vezes que o professor caiu ao sair da distribuidora. O delegado Thiago Martimiano, da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), afirma em seu relatório que o perito confirmou que os ferimentos condizem com possíveis quedas na rua. Funcionários de um hotel na rua 8, contam que viram Luiz Pereira caindo pelo menos três vezes, uma delas batendo o rosto em uma motocicleta, e ficando 15 minutos deitado na calçada.

Após ser deixado ao lado da banca por Wanderson, o professor tentou voltar a andar, mas não percebeu um declive e caiu, segundo testemunha, batendo diretamente a cabeça no asfalto. Os bombeiros teriam chegado cerca de 40 minutos depois. Luiz Pereira foi encaminhado para o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), com grave trauma cranioencefálico e ficou 14 dias na unidade de terapia intensiva (UTI), onde morreu por parada cardíaca.

Segundo a polícia, Wanderson usou o cartão do professor para comprar chinelos, cigarros, bebida e roupas. Isso entre o momento em que abordou o professor, por volta de 3h e 5h40. A dona de uma distribuidora contou que ele comprou diversas carteiras de cigarro e cervejas, além de lâmina de barbear e doces.

Wanderson deixou o cartão na distribuidora e ao voltar no local para pegá-lo foi detido por policiais civis. O delegado descarta relação dele com a morte. “Não existe qualquer indício de que a vítima tenha sido vítima de qualquer tipo de violência”, afirmou em seu relatório.

O professor era funcionário havia mais de 10 anos da rede municipal de ensino de Aparecida de Goiânia e trabalhava acompanhando crianças surdas em uma escola municipal. Também já atuou como docente no Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS) e no Instituto Federal de Goiás (IFG).

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