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Morte de vigilante repete drama com acidente e bebida na família

Wildes Barbosa
Antônia, viúva de Clenilton, havia sofrido com ele por outro acidente envolvendo motorista alcoolizado

Vítima de atropelamento por um carro de luxo na GO-020, o vigilante Clenilton Lemes Correia deixou viúva Antônia Evandra, de 40 anos, e dois filhos, um de 17 anos e outro de 5. No velório, nesta segunda-feira (10), a mulher disse estar passando pelo mesmo sofrimento de outro acidente que acometeu a família quando voltavam do trabalho, há 13 anos. Agora, no entanto, há algo definitivo: “Eu fiquei e ele se foi”, conta.

À época daquele acidente, Clenilton era lavador de carros e sempre passava com sua moto pelo Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Vila João Braz para buscar Antônia, que trabalhava na unidade. De acordo com a cunhada do vigilante, Weslianne Alves, em uma das idas e vindas para casa, um caminhão dirigido por um motorista alcoolizado atingiu o casal, o que deixou sequelas que seguem com Antônia.

O incidente, em 2011, a fez ficar hospitalizada por dois meses no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). Sem assistência do infrator, a família teria recebido somente o ressarcimento pelo bem material do casal e único meio de locomoção, uma moto. Com auxílio do marido, Antônia se recuperou, mas ficou impossibilitada de trabalhar. Até o domingo (9), era Clenilton quem “sustentava a casa”.

Segundo a família, o homem, de 38 anos, era vigilante em um condomínio de chácaras em Senador Canedo e saía às 4h30, “de um em um dia”, do Setor Maysa 2, em Trindade, para o trabalho. “Ele estava lá havia cerca de 2 anos, trabalhava na portaria e fazia a ronda do condomínio, era da casa para igreja e o trabalho”, contam sobre a rotina de Clenilton. Antes de seguir para mais um dia de trabalho, no sábado (8) eles contam que o vigilante estava feliz, pois tinha ido ao casamento de uma sobrinha da família.

O anúncio da morte foi dado pela empresa onde Clenilton era empregado horas após o acidente, às 8h30. De acordo com a família, os filhos do casal eram muitos apegados ao pai, fazendo com que o filho menor chegasse a questionar a família sobre a volta do pai para a casa, mesmo com o anúncio da morte. “Desde ontem os filhos não têm nem forças para chorar, ficam chamando pelo pai”, conta Weslianne.

A convivência entre os familiares e amigos se refletiu durante o sepultamento que ocorreu na tarde da segunda. Mãe e pai, que vieram do Pará, juntamente com amigos e outros familiares, clamaram por justiça no Cemitério Municipal Jardim da Saudade, no Setor Maysa 2. “Esperamos que a justiça seja feita, que (o motorista) pague pelo crime que cometeu contra ele e indenizem a família. Quem vai manter essa família agora?”, questionava a família.

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