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Mulheres contam como enfrentaram o câncer de mama

Clodoaldo Marques
Larissa Azzi Silvestre, 41 anos, psicóloga: "Decidi passar por esse deserto de forma diferente e Deus falou comigo: ‘Eu passo com você’”

Não é uma sentença de morte. Esta é, segundo as mulheres diagnosticadas com câncer de mama, a principal certeza que deve existir na cabeça e no coração de quem vai enfrentar esta batalha. Nesta sexta-feira (1º), início do mês de outubro, é também o momento do ano utilizado para conscientização do câncer de mama, doença que em 2020 se tornou a principal entre as mulheres de todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), com mais de 2,3 milhões de novos casos anuais. O diagnostico precoce aumenta as chances de cura e por isso, a prevenção é, com certeza, a maior aliada.

No Brasil, a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), que é vinculado ao Ministério da Saúde (MS), é de 66 mil novos casos no triênio 2020-2022. No estado de Goiás, a taxa deve ficar em torno de 12 casos para 100 mil habitantes, o que significa quase 800 mulheres que receberão o diagnóstico da doença. Diante deste cenário, a Sociedade Brasileira de Mastologia - Regional Goiás (SBM-GO) realiza a exposição fotográfica “Pra Você se Ver”, com participação de 30 pacientes, entre eles um homem, no Shopping Passeio das Águas. A ação tem o apoio da Unimed Goiânia.

Presidente da regional da SBM, Frank Braga ressalta que, diante de mudanças no estilo de vida da população e do aumento na expectativa de vida dos brasileiros, é comum a maior incidência dos casos de câncer de mama, mas ressalta a importância do diagnóstico precoce. “Se pensarmos em um diagnóstico precoce, trabalhamos com cirurgias mais conservadoras e chances superiores a 95% de cura”, alerta o presidente da SBM.

 

Nadhya Christine Louredo, 33 anos, nutricionista

Aos 33 anos, se preparando para a reconstrução da mama, a nutricionista Nadhya Christine Louredo conta que o diagnóstico foi um susto. Jovem, com boa alimentação, atividades físicas regulares, dois anos de amamentação da filha e nenhum histórico na família, ela não se imaginava com um câncer. A força veio do reencontro com Deus, consigo mesma e da sede de viver. Mais valor à família e às vitórias diárias e uma transformação na forma de encarar o mundo. 

“Se eu pudesse dizer algo a outra mulher que recebeu o diagnóstico, diria o que sempre pensava. Tenho duas escolhas: entregar-me à doença ou lutar pela minha vida. Eu decidi lutar. O tratamento não é fácil, mas passa e é preciso pensar que é um processo que vai passar. Seguir as recomendações dos médicos, se alimentar bem, não ter vergonha de estar doente, viver um dia de cada vez e fortalecer a fé. Brinco que deveria ter tido câncer para atender os pacientes que já atendi, porque hoje tenho outra visão, acolho melhor meus pacientes e sou melhor ouvinte também”.

 

Djane Bezerra, 44 anos, advogada 

Djane Bezerra, de 44 anos, é advogada. De acordo com ela, conhecer histórias de outras mulheres que passaram pelo mesmo processo foi muito importante após o diagnóstico. As mudanças vieram, inclusive no olhar para o mundo, para a própria vida, entendendo que todo mundo tem um fim, mas que não valia mais a pena perder tempo com algumas “inutilidades”. A advogada ressalta que validar os sentimentos e aflições que surgem nesse momento é importante, mas também entender que não é uma sentença de morte. 

“É uma travessia no deserto, mas há beleza, crescimento, transformação e ganhos também. Acredite, você é forte e capaz de superar tudo isso. Inevitavelmente, tudo que nos torna vulneráveis profundamente, nos coloca diante da nossa finitude. É importante conversar sobre tudo, sobre morte, inclusive. Nós evitamos a qualquer custo dialogar sobre o fim, mas ele é tão certo como o Sol. Entender essas estações da vida, acolher meus medos e abraçar minhas vulnerabilidades me fortaleceu. Ainda sigo (re) descobrindo sobre mim e o mundo ao meu redor, mas não tenho mais tempo a perder, não gosto de gastá-lo com inutilidades. Acho que é isso, sobre valorizar o que realmente importa nessa vida!”


Larissa Azzi Silvestre, 41 anos, psicóloga

A psicóloga Larissa Azzi Silvestre, de 41 anos, descobriu um nódulo em outubro de 2020 por meio de um autoexame, mas protelou os exames médicos por achar que era algo comum, pois tinha outros nódulos na mama, nenhum com diagnóstico de câncer. O primeiro exame só foi feito em abril de 2021 e a demora permitiu que o tumor crescesse, resultando em pelo menos 16 sessões de quimioterapia. Foi necessário antecipar a menopausa devido ao tipo de tumor. Para outras mulheres, ela afirma que é muito importante o toque e também a busca imediata por um diagnóstico.
 
“Se tivesse feito tudo antes, teria evitado quimioterapias. Poderia fazer apenas uma cirurgia, ou cirurgia e radioterapia. A quimioterapia debilita demais o nosso corpo. Depois do diagnóstico meu sentimento foi de derrota, vulnerabilidade. É como se eu tivesse recebido uma sentença de morte. Perdi a minha mãe para um câncer de intestino, então tinha muitas feridas emocionais, mas o câncer de mama tem chances altíssimas de cura. A falta de conhecimento nos faz acreditar no pior. Medo, solidão, raiva, impotência. Passei 11 dias de luto intenso e decidi lutar por mim, meus filhos e pessoas que me amam. Decidi passar por esse deserto de forma diferente e Deus falou comigo: ‘Eu passo com você’”.

Clodoaldo Marques
Djane Bezerra, 44 anos, advogada: "Acolher meus medos e abraçar minhas ulnerabilidades me fortaleceu”
Clodoaldo Marques
Nadhya Christine Louredo, 33 anos, nutricionista: "Tenho duas escolhas: entregar-me à doença ou lutar pela vida”
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