Após a gestão municipal da cidade de Goiás decidir pela retomada da obrigatoriedade do uso de máscara em locais fechados, o município de Pirenópolis também estuda a necessidade da medida. O recuo se dá em um cenário de alta dos casos da Covid-19, que estão em tendência de aumento há três semanas quando são observados os dados estaduais.Há a indicação, porém, de que a decisão da antiga capital e análise que está em curso em Pirenópolis são questões até o momento pontuais. Em nota encaminhada nesta segunda-feira (23), a Secretaria de Estado da Saúde (SES) afirma que mantém as orientações de documento que indica a necessidade do item de proteção apenas entre a população vulnerável e aqueles com sintomas ou com casos confirmados da Covid-19.Os números da doença estão em crescimento constante há três semanas. Na comparação entre a penúltima semana de abril com a segunda semana deste mês, período mais próximo com dados mais consolidados, os registros de infecções triplicaram. Enquanto entre os dias 17 e 23 de abril foram 1,2 mil casos, entre os dias 8 e 14 deste mês o montante subiu para 3,8 mil.A decisão da prefeitura da cidade de Goiás levou em consideração tanto o aumento de casos como a expectativa pelo maior fluxo de turistas, já que o município recebe o Festival Internacional de Cinema (Fica) a partir desta terça-feira (24). Segundo o prefeito Aderson Gouvea, as notificações estavam praticamente zeradas, mas ao notar um crescimento, a testagem foi ampliada com o intuito de identificar os casos e tomar as medidas necessárias.“Não há nada alarmante. Felizmente nossa vacinação tem sido muito eficaz. As atividades econômicas funcionam normalmente”, diz Aderson em vídeo publicado nas redes sociais dele. O decreto sobre o uso de máscaras em locais fechados segue em vigor até pelo menos o dia 7 do próximo mês.Procurada pela reportagem nesta segunda, a prefeitura de Pirenópolis informou que a possibilidade da retomada do uso de máscara está sendo analisada, mas sem decisão. A reportagem também consultou a gestão de Caldas Novas, que por sua vez informou que se reúne semanalmente para avaliar o quadro da pandemia, mas que por hora o uso de máscaras não voltou a ser analisado.AvaliaçãoA avaliação da SES é de que o período mais frio associado ao número de pessoas não vacinadas ou com esquema vacinal incompleto resultou no aumento de casos de Covid-19 e de influenza, além de síndromes respiratórias agudas graves por outros agentes. Por isso, a pasta diz que “avalia o cenário epidemiológico e o monitora sistematicamente para a tomada de decisões”.Nas maiores cidades o aumento de casos é percebido. Em Goiânia a testagem ampliada realizou 2.915 testes entre os dias 17 e 24 de abril, encontrando 239 casos positivos, ficando em 8% de positividade. Já na última semana com dados consolidados, entre os dias 9 e 15 deste mês, foram feitos 7.865 testes e 1.538 deles deram positivo, uma taxa de quase 20% de positividade.Os dados de Aparecida de Goiânia são similares. A Secretaria Municipal de Saúde da cidade informa que segue observando aumento dos casos. Na semana de 17 a 23 de abril o índice de positividade era de 5,43%, passando para 11% na semana dos dias 1º a 7 deste mês e alcançando os 21% entre os testes aplicados entre os dias 15 e 21 deste mês, dias esses que compreendem a semana passada.EstabilidadeAs análises menos preocupadas estão amparadas, até o momento, na estabilidade dos números de internações e óbitos, que até o momento não foram impactados pelo aumento de infecções. Nos números gerais de ocupação de leitos exclusivos para a Covid-19, dados que incluem as redes pública e privada, os números estão na mesma margem há dois meses.Na atualização da tarde desta segunda-feira, dos 170 leitos de UTI para o tratamento de pacientes com a doença, 34 estavam ocupados, uma taxa de 20%, igual a da semana anterior. Numericamente, porém, os internados são menos. Na terça-feira (17) o balanço indicava 52 internados. O número segue a média observada nas últimas semanas.Os dados de óbitos também estão estáveis. Na última semana, entre os dias 15 e 21 deste mês, os municípios goianos registraram, ao todo, oito óbitos pela doença, mesmo número observado na semana anterior. A semana próxima com registro maior que este foi entre os dias 17 e 23 de abril. Ainda assim, distante da alta de casos observada entre janeiro e fevereiro deste ano, com pico de 200 mortes em uma semana.Cidade de Goiás reforça medidas Além da exigência de máscaras em locais fechados, a prefeitura da cidade de Goiás implantou uma tenda com testes para Covid-19 disponíveis, além de orientações e aplicações de vacinas a partir desta semana. À reportagem, Aderson contou que atualmente o município registra 291 casos ativos, sendo que um nesta sexta precisou de um leito de UTI. O morador foi encaminhado para a regulação estadual e o leito liberado. Os demais casos seguem com acompanhamento domiciliar e com sintomas leves.O decreto que versa sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras traz orientações específicas para a 23ª edição do Fica. “Todos os eventos vinculados ao 23º Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental – Fica 2022, deverão observar rigorosamente as disposições contidas neste decreto, sem prejuízo de outras medidas a serem disciplinadas por meio de Nota Técnica específica da autoridade sanitária local”, descreve o artigo 3º do documento.Discussão Na semana passada o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado de Goiás (Cosems) havia informado que gestores municipais estavam indicando o aumento. Na ocasião, a entidade informou que o tema deveria ser discutido em reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), que inclui os secretários municipais e a SES. O encontro entre gestores, realizado na quinta-feira (19), porém, não abordou o tema.“O Cosems Goiás tem reiterado a importância de testar a população, seja em unidades de saúde, seja em eventos e feiras, por exemplo. Assim o monitoramento de casos é feito de forma mais assertiva”, afirmou a entidade em nota encaminhada na última semana. Sobre os testes, a SES diz que os municípios estão abastecidos. “Neste momento é recomendada a vacinação e a testagem, com o afastamento dos indivíduos sintomáticos das atividades rotineiras, a imunização e os cuidados sanitários”, informa a gestão da Saúde estadual.