O Censo Demográfico 2022, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), constatou que o número de pessoas que se declaram indígenas em Goiás mais do que dobrou nos últimos 12 anos. A população, que era de 8,5 mil pessoas indígenas em 2010, saltou para 19.522 no ano passado. Se comparado com outros estados e o Distrito Federal, Goiás tem a oitava menor população indígena do Brasil. Apesar disso, chamou a atenção dos pesquisadores o fato de que o território goiano apresentou um aumento de 127% na comparação com 2010. O crescimento foi o sexto maior do país. De acordo com o IBGE, os municípios goianos que mais apresentaram aumento da população indígena foram: Aragarças (617,6%), Cidade Ocidental (363,1%), Trindade (333,3%) e Águas Lindas de Goiás (262,7%).A análise da presença de população indígena por município revelou ainda que, das 246 cidades existentes em Goiás, há pelo menos uma pessoa que se declarou indígena em 222. Lideram o ranking das maiores populações indígenas do estado: Goiânia, Aparecida e Águas Linda de Goiás. Confira abaixo o ranking completo:1 - Goiânia (4.028 pessoas indígenas);2 - Aparecida de Goiânia (1.082 pessoas indígenas);3 - Águas Lindas de Goiás (943 pessoas indígenas);4 - Luziânia (908 pessoas indígenas);5 - Cidade Ocidental (778 pessoas indígenas);6 - Anápolis (752 pessoas indígenas);7 - Valparaíso de Goiás (583 pessoas indígenas);8 - Formosa (537 pessoas indígenas);9 - Trindade (520 pessoas indígenas);10 - Aragarças (488 pessoas indígenas;Por quê cresceu?Uma das explicações desse aumento é a ampliação dos critérios de análise realizados no último Censo. Segundo o IBGE, são usados dois critérios principais para identificar as pessoas indígenas: o quesito de "cor ou raça", e a pergunta “você se considera índigena?”. Em 2010, o critério "se considera indígena" era usado apenas para os domicílios dentro das Terras Indígenas. Já em 2022, esse critério foi aplicado dentro e fora das Terras Indígenas. O objetivo foi corrigir possíveis erros de contagem de pessoas indígenas, que eram apontados por especialistas e representantes indígenas em reuniões técnicas e processos de consulta.Em Goiás, o quesito de "cor ou raça" identificou 53,46% da população indígena. Enquanto o critério "se considera indígena" foi responsável por identificar 46,54% desta população. O gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas, Fernando Damasco, afirma que a investigação do Censo dentro e fora das Terras Indígenas foi um desafio, já que era a primeira vez que a pergunta de cobertura (“você se considera indígena?”) era aplicada fora dos territórios delimitados. “Para que isso fosse possível, tivemos que mapear essas localidades. Toda a estrutura do IBGE foi mobilizada para fazer o mapeamento que representasse a diversidade territorial indígena. Os povos indígenas estão presentes nas cidades, em áreas urbanas, em áreas rurais, em áreas remotas, em favelas e todos precisam ser recenseados”, conta o pesquisador. Ele também reforça a importância da análise da população indígena dentro e fora dos territórios delimitados. “Esse é um recorte importante não só para os órgãos indigenistas planejarem e executarem as políticas públicas direcionadas às terras indígenas, mas também porque revela uma demografia específica da população residente nessas áreas. Por isso ela precisa ser investigada e analisada em separado”.