Um Novo Plano Operacional (NOP) no sistema de transporte coletivo da região metropolitana vai começar a ser implantado neste semestre. Um estudo, feito pela empresa paulista Oficina Consultores, especializada em mobilidade urbana e transportes, deve ser entregue em março para a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC). A intenção é que o novo modelo possa melhorar o tempo de viagem dos ônibus, a frequência das viagens e reduzir a lotação nos veículos. A implantação vai ser gradual e deve começar pelas linhas mais reclamadas pelos usuários.A mudança ocorre junto com uma série de investimentos que foram anunciados pelo governador Ronaldo Caiado, no valor de R$ 1,6 bilhão de reais. Entre eles está a reforma de todas as plataformas e os terminais do Eixo Anhanguera e suas extensões, cujas primeiras já estão em obras desde a última semana. Os trabalhos começaram pela plataforma do Hemocentro, no Setor Oeste, e no Terminal Novo Mundo. Junto a isso, a Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC) definiu também pela troca de toda a frota até 2026, com uso de ônibus com ar-condicionado. Nos BRTs, Eixo Anhanguera (Leste-Oeste) e Norte-Sul haverá o uso de ônibus elétricos e ainda uma operação exclusiva para esse sistema. Com isso, será criado o Sistema Metropolitano BRT, com um centro de controle operacional próprio e modelos específicos para esse tipo de transporte, que possuem corredores exclusivos e uma frequência mais alta de viagens, que chega a ser de 3 ou 5 minutos, a depender do horário, e no máximo de 10 minutos. O presidente da CMTC, Tarcísio Abreu, entende que o novo modelo operacional será a mudança mais importante para o usuário.Para ele, nas linhas em que o modelo já for sendo implantado, que será aquelas mais problemáticas em um primeiro momento, o usuário já vai sentir a melhoria no mesmo dia. O trabalho feito pela Oficina Consultores vai utilizar matrizes de origem e destino, análise da demanda, pontos geradores de viagem e condição do tráfego para entender qual a situação melhor beneficia o usuário. A CDTC realizou uma pesquisa qualitativa no sistema para entender quais as principais demandas dos usuários e o tempo de viagem e a lotação foram as reclamações mais citadas. É com base em resolver esses pontos que o novo modelo vai procurar resolver.“A gente passou diversas premissas para eles e depois vamos sentar e ver como vai ser. Claro que tudo isso tem um custo e temos de ver como podemos resolver”, explica Abreu. Ele conta, por exemplo, que atualmente a lotação estimada é de seis pessoas por metro quadrado (m²) e se for calculado que o ideal para a capital é a redução para quatro pessoas por m² haverá a necessidade de um maior número de viagens ou mudança no tipo de ônibus, o que demandaria maiores investimentos. “Tudo isso a gente vai ver, mas com certeza vai ser melhor para o usuário, com estudo técnico de como deve ser cada linha”, diz.O último Plano Operacional para a região metropolitana foi feito em 2017. Na época, foi diagnosticada a necessidade de aumentar a fluidez dos ônibus, que tinham tempo de viagem média de 80 minutos na região metropolitana. Existiu a demanda, então, pela priorização dos veículos do transporte coletivo, seja na construção de corredores ou medidas mais simples, como a sincronização de semáforos e fiscalização para impedir o uso das faixas de ônibus e estacionamento em pontos de parada, por exemplo. Foi calculado, à época, que uma redução de 10% no tempo de viagem seria possível melhorar a lotação em 12,5% e aumentar o número de viagens em 300 mil por ano.Este estudo de 2017 também foi feito pela Oficina Consultores, mas na época pago pelo consórcio das empresas concessionárias do sistema (Redemob). Desta vez, o pagamento das empresas é indireto, via subsídio. A empresa também foi a responsável pela remodelação do Terminal Bandeiras, em 2008, e em 2020 chegou a ganhar a licitação para realizar os projetos dos corredores preferenciais das avenidas 85, T-63, Independência e 24 de Outubro, mas não houve continuidade na execução por decisão da administração municipal à época. Melhorias serão graduais e em conjunto com obras e ônibusO conjunto de investimentos preparado pelo sistema de transporte coletivo metropolitano inclui ações de obras estruturantes no Eixo Anhanguera, a entrega das obras do corredor BRT Norte-Sul e ainda a renovação da frota de ônibus. Até julho deste ano, serão 200 novos ônibus, sendo seis elétricos de 23 metros para o Eixo Anhanguera, outros seis elétricos para o BRT Norte-Sul e o restante para as linhas estruturantes, como 122 veículos convencionais, 60 super padron de 15 m e seis padron elétricos de 12,7 m. A ideia é que os usuários recebam as melhorias de modo gradual, assim como a implantação do Novo Plano Operacional a começar pelas linhas mais problemáticas. Isso ocorrerá também com as obras. Por exemplo, a reforma do Eixo Anhanguera deverá ser finalizada em dezembro de 2025, com a última etapa sendo as reformas dos terminais Praça A e Padre Pelágio. “É um processo gradual e quando for sendo aplicado o usuário vai perceber a diferença”, explica o presidente da CMTC, Tarcísio Abreu. Ele lembra ainda que todo o projeto de melhoria do sistema foi dessa maneira, começando ainda em 2022 com os novos serviços de bilhetagem, como o início do Bilhete Único, do Passe Livre do Trabalhador, do Cartão Família e do Meia-Tarifa nas cidades do interior. Após isso, há o investimento em infraestrutura, neste primeiro momento focado na Avenida Anhanguera e nos abrigos dos pontos de ônibus, que serão todos reformados e receberão manutenção contínua. As trocas dos abrigos iniciam em fevereiro.