Geral

Novos serviços do transporte público de Goiânia estão à espera

Fábio Lima
Validação no Terminal Praça A: tarifa cheia do transporte é de R$ 7,26

Há dois meses que os usuários do sistema de transporte coletivo metropolitano de Goiânia esperam novos modelos de tarifação sem que qualquer novidade seja anunciada pela Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC).

Em fevereiro deste ano, com o início da nova Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC), foi prometido um novo serviço para o sistema a cada mês a partir de maio. Ao todo, sete modelos foram anunciados com o planejamento de implantação ao longo deste ano, mas apenas dois saíram do papel até então.

O primeiro deles foi o Bilhete Único, iniciado já no dia 2 de abril, e que permite ao usuário do Cartão Fácil fazer até quatro integrações após o primeiro embarque em um período até 2h30.

Já no mês seguinte, os trabalhadores que utilizam o sistema metropolitano puderam utilizar o Passe Livre do Trabalhador (PLT), implantado como uma alternativa ao vale-transporte pago pelas empresas de forma obrigatória por lei trabalhista. No caso do PLT, ao custo de R$ 180 mensais pagos pela empresa que aderiu ao serviço, o usuário pode realizar até oito viagens diárias por todos os dias do mês.

A previsão era que em junho um novo serviço fosse anunciado para os passageiros. Havia a expectativa de que fosse implantado o Bilhete Meia-Tarifa, que permitiria o pagamento de R$ 2,15 (metade do valor da tarifa atual, de R$ 4,30) para viagens de até 5 quilômetros (km) de distância. No entanto, nada foi implantado no sistema metropolitano desde então.

O DAQUI apurou que a demora tem relação com a necessidade de estudos técnicos e verificação da tecnologia para o funcionamento do serviço. Até então, havia a dúvida de como seria a medição da distância da viagem.

O principal modelo seria a implantação de linhas específicas que se locomoveriam por pontos estratégicos dentro da distância de 5 km e a cobrança de meia-tarifa, o que seria tecnicamente mais fácil de ser realizado, mas demandaria um remanejamento da frota.

Outro modelo seria a fiscalização via aplicativo, com a medição da distância da viagem, e pagamento da tarifa diretamente por esta via. A CMTC ainda não confirma qual modelo será o realizado. No entanto, o presidente da CMTC, Tarcísio Abreu, na segunda-feira (25) confirmou que essa bilhetagem será a próxima a ser lançada, o que deve ocorrer ainda em agosto.

O Bilhete Meia-Tarifa tem a intenção de aumentar o uso do transporte coletivo entre usuários de curtas distâncias. Existe o entendimento de técnicos do setor de que para essas viagens o valor de R$ 4,30 é considerado alto, já que fica próximo ao que se gastaria com um transporte por aplicativo, por exemplo, que daria mais comodidade e confiabilidade. Com a redução do preço, no entanto, faria com que os ônibus ficassem mais competitivos. Para se ter uma ideia, com essa distância na viagem, seria possível se locomover da Praça Cívica até o alto do Setor Bueno pagando R$ 2,15, por exemplo.

O cronograma da CMTC deve seguir ainda com a implantação do cartão de um dia, depois cartão de uma semana, o pós-pago e o cartão família. Os dois primeiros são voltados aos usuários esporádicos, como os turistas da capital. Eles permitiriam utilizar qualquer linha e por inúmeras vezes o sistema metropolitano pelo tempo contratado (24 horas ou uma semana) por um valor fixado que ainda não foi definido pela CMTC.

Já o Cartão Família tem a premissa de que poderá ser usado por cinco pessoas do mesmo núcleo familiar ao custo de uma única passagem e aos finais de semana. O Bilhete Pós-pago também deverá ser implantado via aplicativo específico do sistema e permite que as viagens realizadas ao longo do mês sejam pagas em uma fatura no mês seguinte.

Adesão

Os serviços já implantados neste ano no sistema metropolitano possuem cerca de 20% de adesão dos usuários. No caso do Bilhete Único, o primeiro a ficar à disposição, já representa 21,2% de todo o uso de ônibus na região metropolitana, o que representa 1.166.765 validações. O número absoluto é menor do que nos meses anteriores o que é explicado por ser julho um mês de férias escolares, com a redução geral da demanda do serviço. Em junho, por exemplo, foram 1.988.939, mas que representou 20,6% da demanda total.

Já com relação ao PLT, até então, 1.477 empresas trocaram o sistema de vale-transporte pelo modelo alternativo proposto pela CMTC. Este volume representa 17,7% do total de empresas cadastradas na Rede Metropolitana de Transportes Coletivos (RMTC) e emprega um total de 17.333 trabalhadores que são usuários de ônibus. Esse montante de passageiros é o relativo a 15,7% do total cadastrado na RMTC.

Ainda há 8.354 empresas que continuam a fornecer apenas o vale-transporte, cujo uso se dá pelo Cartão Fácil, o que permite aos 110.629 trabalhadores utilizarem também o benefício do Bilhete Único. Válido lembrar que os novos serviços foram possibilitados pela mudança no modelo de tarifação, com a implantação da tarifa de remuneração de R$ 7,26, custeado por subsídio.

 

Subsídio inicia em agosto

O pagamento do subsídio ao sistema metropolitano de transporte coletivo, aprovado em lei estadual no fim de 2021, só deve começar a chegar ao consórcio das empresas concessionárias em agosto. As prefeituras de Goiânia, Senador Canedo e Aparecida de Goiânia e o Estado de Goiás ainda aguardam o cálculo final sobre qual o valor que deverá ser pago.

A lei determina que Estado e Goiânia devem arcar, cada um, com 41,2% da diferença entre a tarifa de remuneração (R$ 7,26) e a tarifa pública (R$ 4,30), enquanto que Aparecida custeia 9,4% e Canedo 8,2%. Neste mês, estado e Goiânia ainda realizaram o pagamento do Plano Emergencial realizado judicialmente para conter os problemas gerados pela pandemia da Covid-19, mas relativo a abril.

O subsídio, além dos modelos de tarifação, também vai permitir a renovação da frota do sistema. Em junho, seis novos ônibus já foram entregues. Eles estão operando no Eixo Anhanguera e suas extensões para complementar a frota da Metrobus. Ao todo, serão 30 ônibus articulados e 45 convencionais, os quais serão usados na linha interárea Anhanguera e entrarão em operação em até setembro. Em média o investimento será de R$ 600 mil em cada ônibus e todos serão usados no Eixão.

Comentários
Os comentários publicados aqui não representam a opinião do jornal e são de total responsabilidade de seus autores.
ANUNCIE AQUI