Atualizada às 20h32Há mais de dois anos, passageiros que utilizavam o Terminal Isidória, no Setor Pedro Ludovico, passaram a usufruir de uma estrutura provisória. A última promessa era de que a entrega da estrutura em reforma fosse realizada no dia 24 de outubro deste ano, na comemoração do aniversário de Goiânia.Depois de quase duas semanas, entretanto, ainda não há uma data definida para a liberação do novo terminal. A previsão inicial da Prefeitura de Goiânia era entregar em 12 meses com custo estimado de R$ 12 milhões. Hoje, já alcança R$ 15 milhões, segundo a Seinfra.Nesta quinta-feira (4), a Secretaria Municipal de Infraestrutura de Goiânia (Seinfra) afirmou que só faltam mobiliários e equipamentos, cuja responsabilidade seria da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC).As obras do terminal começaram no fim de setembro de 2019 e, com isso os passageiros passaram a utilizar a estrutura improvisada na Alameda João Elias Caldas, no Setor Pedro Ludovico. No ano passado, durante o período de chuva, uma das maiores reclamações era de que o local sofria alagamento e que os passageiros à espera do transporte público acabavam se molhando durante os temporais. Um ano depois, ainda sem finalização da obra, os problemas se repetem com o recomeço das chuvas na capital goianiense. E este não é o único motivo de reclamação. Passageiros afirmam que houve redução na frota e que agora os ônibus demoram mais. No total são 21 linhas do transporte coletivo no terminal sendo que 12 integram ou passam por lá e outras nove têm o local como origem de operação. A média diária é de 36 mil passageiros por dia.Ledir Silva dos Reis, de 69 anos, é zeladora de um condomínio no Setor Marista. Diariamente ela passa pelo Terminal Isidória para ir ao trabalho e as reclamações atuais envolvem lotação, demora na espera e as consequências da chuva. Primeiro ela utiliza a linha 203, que passa pelo bairro onde mora, o Santa Luzia. Em seguida, o 009 ou 014. A parada é no primeiro ponto da Avenida 85, no Setor Marista. Ledir sai de casa 9h30 para chegar ao trabalho 12h. Um percurso de 9 km em 2h30. “Era pra inaugurar o terminal novo no aniversário de Goiânia, mas pelo que estou vendo, está atrasado. Aqui quando chove, molha tudo, mas entendemos que é provisório. O que precisa é entregar logo a obra nova. O terminal antigo era ruim, aqui é ruim, tá tudo ruim. Pra piorar, os ônibus estão demorando mais. Se saio do trabalho 18h30, chego em casa quase 22 horas. No começo da pandemia, ia todo mundo sentado, agora parece uma lata de sardinha, ônibus cheio, sem fila, sem respeito, sem ordem. Outro dia quase quebrei meu braço. Não tem um guarda para organizar uma fila”, reclama. As reclamações não são exclusivas da Ledir. Rosana Cristina Alves, de 46 anos, é recepcionista e passa pelo local durante seis dias da semana. “Este terminal é péssimo e eu aguardo em torno de 1h20 pelo meu ônibus, o 014. O terminal nunca fica pronto, uma eternidade pra terminar e aqui quando chove, alaga tudo, vira um rio. E na volta pra casa, se eu perder o ônibus das 21h05, só passa outro 22h20. Se perder, ou espera ou vai de Uber e uma pessoa assalariada não consegue pagar Uber”, finaliza. BRT O Terminal Isidória está localizado em uma área de 16.500 m², e será três vezes maior do que o antigo, passando de 2.167 m² de área construída para 7.947 m². A proposta é ter quiosques de alimentação e utilidades para os usuários do transporte público. O local funcionará como ponto de chegada e partida do BRT Norte-Sul pela Rua 90 para embarque e desembarque dos passageiros. AcréscimosContratada no valor de R$ 220 milhões, as obras do BRT Norte-Sul tiveram início em março de 2015, com previsão inicial de entrega no fim de 2016. A obra tem extensão de 21,7 km e é dividida em dois trechos: o trecho 1, do Terminal Isidória até o Terminal Cruzeiro do Sul, em Aparecida de Goiânia, e o trecho 2, do Terminal Recanto do Bosque, na região Norte da cidade, passando pela Praça do Trabalhador, Praça Cívica, Praça do Cruzeiro e chegando até o Terminal Isidória, na região Sul. Após paralisações e retomadas, a expectativa da Seinfra era de entregar o trecho 2 em outubro deste ano. A faixa, porém, teve a conclusão adiada em razão de um rebaixamento da cabeceira do viaduto da Perimetral Norte. De acordo com a Prefeitura, o problema do rebaixamento já foi solucionado. O trecho 1 tem previsão de entrega em 2022. Em reportagem publicada em agosto deste ano, o DAQUI mostrou que os atrasos causaram aumento milionário no valor da obra. No trecho 2, houve aumento de R$ 24 milhões em um total de 12 aditivos. No trecho 1 ocorreu uma redução de R$ 15 milhões. Esta diferença ocorre porque uma fiscalização feita em 2017 verificou um sobrepreço no processo de licitação.A CMTC foi procurada nesta quinta-feira (4), mas até o fechamento desta matéria, não houve resposta.